✦✧✧ мγ ℓονєℓγ αѕѕιѕταиτ ✧✧✦

2 • cσɳѵเƭε

Marinette bufou contrariada. Estava tão tensa naquela semana... e só ia piorar no fim dela. Afinal ainda era dona da principal empresa de moda do país, e isso a obrigava a participar de eventos chatos e exaustivos. Pra piorar, Cloud Bourgeois provavelmente estaria no evento, com a sua namoradinha aspirante à atriz famosa. E ele não era só um dos colunistas de uma das principiais revistas de Paris.

Também era seu enteado.

— Argh! — ela empurrou a mesa com as mãos, movimentando a cadeira giratória para trás. Puxou o cabelo curto pra nuca e o prendeu em um rabinho de cavalo, ao mesmo tempo em que batiam na sua porta. — Entra, Adrien!

O rapaz entrou, parecia animado como sempre. Trazia uma bandeja com café, um potinho com salada de fruta e dois pãezinhos integrais.
A carranca dela se desfez na hora. Como...?

— A senhora disse que não havia tomado café antes de sair de casa, e o almoço está longe — ele explicou, coçando a nuca de forma adorável.

— Não precisava ter trazido isso tudo... — ela riu, mas parou ao vê-lo morder os lábios, endireitando os óculos. — Obrigada, Adrien. Tenho certeza que está tudo muito bom.

— De nada — ele sorriu, mostrando suas covinhas nas bochechas, e se sentou, depois de pegar o tablet de dentro do bolso do paletó. — Posso ditar sua agenda enquanto come, assim não perdemos tempo.

A mulher assentiu, depois de colocar um pedaço de pão na boca, fazendo sinal para que prosseguisse.

[...]

Aquele dia em particular tinha sido exaustivo. Era uma sorte que não tenha tido aulas na faculdade de Adrien, porque havia precisado dele até tarde.
Haviam revistas recortadas no chão, um painel montado com partes tiradas delas, pos-it's coloridos etiquetando tudo e anotações. E no sofá, Marinette ressonava, basicamente deitada sobre o corpo grande e quente de Adrien, que tinha colocado seu paletó sobre ela em algum momento.
Nunca tinha sentido tanta afinidade e cumplicidade com um assistente antes. Adrien a ajudava muito mais do que como funcionário, estava se tornando um amigo.

Os dois acordaram no meio da noite, e Marinette sentiu uma pontada de decepção quando precisou sair dos braços dele. Era tão quente e aconchegante.
A última vez em que havia se sentido tão acolhida fora com... seu marido, falecido cinco anos antes. Nunca havia amado alguém como o amou, mesmo que André Bourgeois fosse da mesma idade que o seu pai, tivesse dois filhos pouca coisa mais novos do que ela, e fosse viúvo. Ele também a amou, e muito. O casamento deles fora bonito durante seus três anos. E só acabou porque André tinha problemas cardíacos e morreu em uma reunião, depois de um infarte fulminante.

— Adrien, posso te perguntar uma coisa um pouco... pessoal?

Ele a olhou por cima dos óculos e assentiu. Estavam no carro dela, em frente ao prédio modesto onde ele morava. O rapaz já ia sair do automóvel, quando ela o impediu.

— Você... já amou alguém? — Marinette sentiu a pele do rosto esquentar, mas já tinha perguntado mesmo.

Adrien refletiu por um instante, ajeitou os óculos e suspirou pesado.

— Sim. Foi um namoro bonito que durou quatro anos. Eu tinha muitos planos pra nós. — ele sorriu um pouco triste e olhou pela janela. — Um dia ela terminou comigo. Disse que queria um futuro brilhante, que eu não poderia dar. E saiu da minha vida.

A mestiça olhou pro volante, e os dois ficaram em silêncio.

— A senhora ama o seu marido? — perguntou de volta, tímido.

Ela sorriu, sentindo um bolo se formar na garganta, observando a aliança retorcida com ouro e pequenas safiras que ainda jazia no seu anelar esquerdo.

— Eu o amava muito — murmurou. — Foram os melhores momentos da minha vida. Mas ele morreu. Tinha problemas cardíacos.

— Sinto muito — Adrien disse baixo, depois de alguns minutos.

— Obrigada — Marinette suspirou. — Adrien?

— Hum?

— Você quer me acompanhar à festa da Vogue no fim de semana? — ela sorriu, apoiando o rosto na mão esquerda.

— E-eu? — ele piscou, sentindo as bochechas arderem. Viu ela confirmar com um aceno. — Tem certeza? Nunca estive em um evento assim, nem tenho o que vestir...

— Bobagem, eu posso arranjar tudo — a mais velha sorriu animada. — Roupa, sapato, podemos te dar um banho de loja e te deixar nos trinques.

— Bom, se a senhora tem certeza disso, eu vou ficar feliz em acompanhá-la.

— Fechado — ela bateu palminhas como uma adolescente, o que fez Adrien rir. — Então, eu passo aqui amanhã cedo. Vamos pro shopping.

Se despediram e ele acenou, enquanto via o carro se distanciar. Estava feliz por animar alguém tão incrível quanto Marinette. Já admirava muito aquela mulher.