Forty Eight

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Acordei com um barulho de despertador tocando, Clarke estava em cima de mim, senti ela se mexer e desligar o despertador, a abracei para que ela não saísse e pude sentir ela se aconchegar ainda mais em mim.

- Temos que levantar, daqui a pouco o pessoal está aqui e temos que ir na sua consulta. - Ela falou arrastado.

- Só mais um pouquinho. - Eu disse, estávamos invertendo os papeis, antes eu era a responsável e ela era a dorminhoca.

- Vou tomar banho e me vestir, e antes de descer para tomar café eu passo aqui para te chamar. - Ela tentou levantar, mas eu não deixei.

- Não, eu quero que você fiquei aqui comigo. - Eu choraminguei.

- Baby, o FBI chega daqui a pouco. - Ela subiu um pouco e nossos rostos estavam frente a frente, suas mãos faziam carinho no meu rosto e meus braços envolviam sua cintura.

- Eu vou te beijar. - Eu avisei sorrindo e roubei um selinho. Ela apenas sorriu. - Senti saudades de ficar assim com você. - Eu sorri, devo ter dado um sorriso tão idiota, que ela acabou rindo.

- Ficamos assim ontem. - Ela disse sorrindo.

- Queria ficar assim para sempre, só você e eu, sem preocupações. - Eu fiz carinho em seu rosto. Ficamos naquele silêncio gostoso, eu não iria tentar nada, da última vez que tentei mais do que um selinho, eu ganhei uma mordida que ficou roxa por um bom tempo.

- Preciso ir. - Ela saiu dos meus braços e ficou de pé, eu me virei para ela ainda deitada e segurei sua mão.

- Não me deixa. - Falei manhosa e ela abriu o sorriso mais lindo do mundo.

- Para de ser dramática. - Ela largou minha mão e foi em direção a porta. - Vai tomar banho, senão vamos nos atrasar. - E saiu.

Fiquei mais um pouco na cama, mas depois fui tomar meu banho, não demorei muito tempo, quando sai olhei meu corpo no espelho, eu estava recuperando meu corpo de antes, malhar para tentar queimar as energias acumuladas estava me ajudando, minha barriga estava com pequenas definições e aquilo me fez sorrir, Clarke iria morrer com aquilo, ela adorava a minha barriga daquela forma. Fui escolher uma roupa para vestir e logo depois desci, a sala estava vazia, o pessoal deveria ter ido para a agencia, Clarke e eu deveríamos ir também, mas avisamos que íamos depois da consulta. Caminhei até a cozinha e ouvi vozes, eu sei que não deveria ouvir, mas foi mais forte do que eu.

- Você acha mesmo que ela te ama? - Uma voz masculina falou. - Quando ela estava boa, ficava pelos cômodos da casa comendo putas, se afundando em drogas e álcool e agora que não tem ninguém, ela fica toda doce com você. O pior cego é o que não quer ver.

- Bellamy... - Só podia ser esse filho da puta. - O que você entende de amor? - Ela falou para ele.

- Entendo que te amo, todo aquele tempo, aceitando apenas transar com você e sair, sem você nem uma vez se quer aceitar sair comigo. - Ele aumentou um pouco a voz. Então eles tiverem algo. - Pra você jogar seu futuro fora por aquela drogada.

- Eu a amo e nada do que você disser vai mudar isso. - Clarke dizia firme. Isso amor, jogue na cara dele o seu amor por mim.

- Não quero mudar o que você sente, só quero abrir seus olhos. O amor que você diz que ela sente por você não passa de uma necessidade, ela está com você porque precisa de você. - Aquela palavras pesaram em mim. É assim que as pessoas veem meu relacionamento com a Clarke? - Quando ela não precisava, te tratava como lixo, pisava em você, te humilhava e agora que está doida da cabeça, fica correndo atrás de você.

- Você não sabe metade da história e fica querendo dar pitaco, então fica quieto. - Realmente parecia que eu estava com ela apenas porque eu precisava dela? Eu sabia que ela me amava, mas será que ela sabia que eu a amava também, independente de estar doente? Respirei fundo e entrei na cozinha, eles pararam de falar e Clarke se virou para a pia e Bellamy apenas saiu, eu não falei nada e fui até o armário, peguei uma tigela e a caixa de cereais e despejei um pouco na tigela, fui até a geladeira e peguei o leite, depois peguei uma colher e me sentei de frente para ela, que ainda estava de costas para mim, ficamos naquele silêncio por um tempo.

- Baby. - Eu falei e ela continuou virada para a pia. - Você acha que eu estou com você apenas por que eu estou doente? - Eu fui direta, não queria ficar adiando o inevitável. O silêncio permaneceu, talvez ele seja a minha resposta. - Você sabe que eu te amo independente de qualquer coisa, né? - Eu disse sincera.

- Eu sei. - Sua voz estava embargada, ela estava insegura e eu sei que a culpa não era dela, talvez a minha necessidade de ter ela por perto para me sentir bem tenha feito isso, talvez a minha insegurança tenha criado inseguranças nela. Caminhei até a pia e coloquei a tigela lá, não comi nem duas colheres, mas já tinha perdido o apetite, quando cheguei perto dela, percebi ela virar o rosto para eu não notar que ela estava chorando.

- Acho melhor você ir direto para a agencia. - Eu falei ainda apoiada na pia e ela se virou para mim, vi seus olhos vermelhos.

- Mas... - Ela tentou argumentar, mas eu simplesmente levantei a mão impedindo ela de continuar.

- Você precisa colocar seus pensamentos no lugar e eu posso pegar um táxi. - Dei um leve sorriso. - Eu sinto muito, não sabia que era assim que você se sentia. - Eu disse e fui em direção a porta.

- Lexa. - Eu me virei com as mãos no bolso. - Me deixe te levar até lá?

- Como eu já disse, é melhor você ir direto para a agencia. - Eu me virei e sai pela porta, peguei meus fones de ouvido, mas não coloquei nada para tocar, eu simplesmente não queria ser incomodada, antes de sair pelo portão ouvi ela me chamar, mas continuei andando, ela precisava pensar e eu também. Eu precisava entender onde eu tinha errado. Resolvi ligar para a Doutora Jully, no segundo toque ela atendeu.

- Lexa, tudo bem? - Ela perguntou meio alarmada.

- Sim. - Eu me limitei a responder. - Eu só liguei para avisar que vou me atrasar um pouco, acho que uma hora mais ou menos, mas não se preocupe, não é nada demais. É só que eu resolvi parar para respirar um pouco de ar fresco. - Olhei ao redor do parque em que eu estava, da última vez que eu fui ali estava com Banguela, foi no mesmo dia que aconteceu o incidente.

- Aonde você está? - Ela perguntou, com certeza ela estava com medo deu tentar me matar novamente.

- Naquele parque perto da minha casa. - Suspirei. - Não se preocupe, não vou tentar me matar dessa vez. - Dei uma risada nasal e ela bufou do outro lado da linha. - Estou brincando, Jully. - Eu a chamei pelo nome, eram anos de tratamento, talvez eu fosse a paciente mais antiga dela, eu já a via mais como uma amiga do que como minha médica.

- Aconteceu alguma coisa? - Ela perguntou e eu fiquei em silêncio por um tempo.

- As pessoas entendem meu amor como uma necessidade de atenção e cuidados. - Eu tentei explicar.

- No sentido grego da palavra; amor é a falta de algo. - Ela disse.

- Então no caso, o meu amor seria a falta de sanidade. - Eu dei uma breve risada da ironia das minhas palavras.

- Penso que devemos conversar sobre isso pessoalmente. - Ela disse. - Bom, te vejo em quinze minutos, não saía dai. - Ela desligou o telefone, com certeza sabia que eu iria negar sua companhia. Fiquei ali sentada a sombra de uma enorme árvore, olhava as pessoas correndo felizes, crianças se divertindo com seus pais e aquilo me fez sorrir, lembrei das vezes que me imaginei ter uma família com a Clarke, talvez eu tenha precipitado as coisas, demos um passo maior que nossas pernas, eu fiz dela a minha âncora e a fiz afundar em incertezas e inseguranças, acho que forcei tanto tentando mostrar para ela que a amava e que a queria de volta que acabou aparentando outra coisa.

The Mission - Clexa (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora