Capítulo 3

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Camila estava sentada em seu escritório no dia seguinte ao casamento de Dinah e estudava apequena caixa que continha a joia que Lauren tinha penhorado. Examinou cuidadosamente apeça antes de devolvê-la ao tecido de maneira que não fosse danificada.Era de qualidade. Ela não era nenhum especialista, mas parecia antiga e verdadeira.Definitivamente não era falsa. Valia muito mais do que Lauren conseguira ao penhorar, e oagiota sabia disso, baseado no custo que Camila teve para obter as joias de volta.Ela não gostava do desespero daquele ato. Penhorar joias por trocados, por muito menos doque valia a peça, porque ela não tinha outra escolha. Ela ia devolver essa escolha para ela.Mas dar outras escolhas? Aí, nem tanto. Não se fosse ela a decidir.Isso fazia Camila parecer arrogante e exigente, mas ela sabia ser ambos, por isso não seincomodava.

 Era quem era. Sabia o que queria, e queria Lauren. Agora, só tinha que tocar abola para a frente.Seu interfone tocou e ela levantou a cabeça, irritada.– Sra. McIntyre, sua irmã está aqui para vê-la – disse Eleanor, sua recepcionista, em uma vozque soava nitidamente irritada.Não era segredo como Camila – e Dinah e Shawn – se sentia sobre a sua família. Eleanor jáestava com eles há anos e provavelmente não ficava feliz em incomodá-la com este tipo deinformação.Que merda a Sophia estaria fazendo aqui? Teria sua mãe incumbido a irmã de fazer otrabalho sujo por ela? Ela podia sentir a sua pressão sanguínea subir, mesmo sabendo queprecisava parar de dar esse tipo de poder a eles.– Deixe-a entrar – Camila disse infeliz.De jeito nenhum que deixaria o fedor de sua família invadir a privacidade de seu escritório.Independentemente do que Sophia quisesse, Camila lhe daria alguns minutos e, em seguida, adeixaria saber que não era bem-vinda em seu escritório. Ninguém de sua família era e nenhumdeles jamais havia entrado nos escritórios da HCM.

Eles guardavam o veneno para as festasde fim de ano e outros encontros familiares.Se alguma vez pusessem os pés nos escritórios da HCM, seriam obrigados a reconhecer osucesso de Camila em vez de tratá-la como um segredo sujo que ninguém discutia. Seriamobrigados a ver em primeira mão que ela não precisava deles e que tinha conseguido tudo issosem a sua ajuda ou influência. De jeito nenhum deixariam isso acontecer.Uma batida suave em sua porta e Camila disse um "entre".A porta se abriu lentamente e sua irmã entrou, com apreensão declarada em suas feições.Ela parecia mais do que nervosa. Parecia apavorada.– Camila? – perguntou em voz baixa. – Posso falar com você por um minuto? Sophia era uma réplica de sua mãe. Não que sua mãe não fosse uma mulher bonita. Ela era.E Sophia era tão bonita quanto, se não mais que, a sua mãe.

 O único problema era que suamãe era feia por dentro e isso sempre alterara sua percepção da aparência dela. Porque ela sabia o que habitava por trás daquele rosto bonito. Era uma mente fria e calculista. Acreditavaveementemente que ela era incapaz de amar alguém além de si mesma. Era um mistério paraela por que ela tivera filhos. E não apenas um, mas quatro.Além de Sophia, Camila tinha dois irmãos mais velhos. Ambos homens e firmemente sob odomínio de sua mãe e de seu pai. Apesar de jovem, Sophia estava se aproximando dos trinta.Ou talvez já tivesse completado trinta anos? Ela não conseguia se lembrar e não se permitiuum pingo de tristeza sobre esse fato. Ela era tão arraigada à família quanto seus irmãos.Talvez até mais.Sua mãe havia escolhido a dedo o marido de Sophia. Um cara mais velho com quem casaraa filha quando esta mal tinha saído da faculdade. Rico. Influente. Todas as conexões certas. Ocasamento durou pouco mais de dois anos e a mãe de Camila colocou a culpa diretamente em Sophia.

 Não importava que, segundo as investigações de Camila, ela tivesse encontrado um semnúmero de esqueletos no armário de Robert Hanover.Não era um homem com quem ela gostaria que sua irmã – ou qualquer mulher – se casasse.Mas Sophia havia se submetido humildemente aos desejos da mãe apesar das advertências de Camila de que Robert não era o homem que parecia ser. Pelo menos ela tivera a coragem de sairdo casamento. Isso a surpreendera.– O que houve? – Camila perguntou em um tom uniforme.Fez um gesto para que ela se sentasse na cadeira em frente à sua mesa. Ela sentou devagar,pousando cuidadosamente na borda, nervosismo e incerteza evidentes em sua linguagemcorporal.– Eu preciso de sua ajuda – suspirou. Camila levantou uma sobrancelha. 

FuegoWhere stories live. Discover now