Louis Tomlinson tinha 16 anos quando ele entrou no mar pela terceira vez.
O que, se parassem pra pensar, poderia soar estranho considerando que ele morava em uma bela casa com vista para o mar, tudo que ele tinha de fazer era abrir a porta da cozinha e lá ele estava, com os pés na areia e o mar a sua frente. Mas ele nunca antes sentiu necessidade de entrar no mar, não quando suas irmãs davam uma festa na praia, quando seu pai o chamava para dar um mergulho ou muito menos quando sua mãe pedia para ele, por favor, entrar um pouco no mar. Louis sempre declinava qualquer oferta, até como se tivesse medo.
Mas aquela noite fazia muito calor e o ar estava mais úmido do que o normal e Louis mal conseguia dormir. Até o vento que entrava por sua janela entreaberta parecia estar quente. Alguns fios de cabelo grudavam ao suor de sua testa, na verdade, quase todo seu corpo parecia estar encharcado em suor, o que era terrível já que toda vez que ele suava suas pernas ficavam recheadas de vários pontos vermelho, quase rosa que pareciam com pequenas escamas querendo escapar por sua pele, era como se seu organismo estivesse confuso, travando uma batalha pra entender em que forma ele deveria ficar. E, céus, como aquilo era insuportável. O suor era insuportável, o calor era insuportável e seu corpo querendo mudar para a outra forma era ainda mais insuportável.
Deus sabe que Louis fez de tudo para pegar no sono, rolando inquieto na cama, tacando o cobertor para o chão, retirando sua camiseta e shorts de pijama e em algum ponto de desespero ele havia até tacado um copo de água com sal sobre seu braço, sentindo um alívio que não durou por mais do que mero meio minuto. Ele só queria dormir, ele queria tanto, mas tanto só poder dormir que ele podia até mesmo sentir lágrimas de frustrações se formando. Só que estava muito calor, muito úmido e o barulho das ondas se quebrando contra a praia era tão irritante, tão chamativo, se ele pudesse apenas...
Louis andou até a cozinha na ponta dos pés, não querendo fazer nenhum barulho – sua mãe não brigaria com ele por ele querer entrar no mar há essas horas, na verdade, ele só não queria ver aquela expressão de eu te disse no rosto dela – e, também com precaução, ele abriu a porta da cozinha, xingando-o mentalmente quando ela fez um pequeno click. Louis ficou por meio minuto ali, esperando que alguém acordasse ou que ele simplesmente mudasse de idéia, mas agora que ele estava com a porta aberta não havia nenhuma barreira que deixasse o som das ondas se quebrando abafadas, não, agora ele podia ouvir elas perfeitamente. E, merda, porque tinha que ser tão convidativo para ele?
Ele suspirou fundo, finalmente saindo completamente de sua cozinha e fechando a porta atrás de si. O vento estava mais fresco do lado de fora o que lhe causava certo alívio, mas não o suficiente para fazer com que as várias partes avermelhadas que apareciam em sua perna fossem embora. Louis correu os olhos pela extensão da praia que ele conseguia enxergar no escuro e sentiu-se aliviado por não ter ninguém louco o suficiente para também querer dar um mergulho em plena madrugada.
A maré estava mais alta do que o normal, mas não havia muitas ondas. Louis ponderou sobre sua idéia por alguns segundos, mas sem encontrar nenhum motivo grande o suficiente pra voltar – nada além de que talvez, bem talvez, ele seja puxado pela maré – ele deu um passo à frente, finalmente sentindo a água gelada tocar seu pé. Era tão bom que ele poderia ficar ali por horas, mas no momento em que sua pele entra em contato com a água salgada as pequenas cicatrizes em sua perna começam a se transformar para sua outra forma. Louis, sabendo disso, correu em direção á água, a vendoela preencher mais e mais parte do seu corpo e quando ele estava com água até a cintura ele já não podia sentir suas pernas.
Louis tinha um motivo para odiar ter de tomar banho ou entrar no mar e esse motivo era aquela enorme calda avermelhada que aparecia toda vez que ele entrava em contato com a água. Além disso, tinha as barbatanas em seu braço, não, sem chances, Louis não gostava delas de jeito nenhum. Ele não é um dos puros com sua mãe, já que seu pai era apenas humano, então ele conseguia agüentar ficar semanas, meses e até mesmo anos sem entrar em contato com o mar, substituindo isso por banhos que ele adicionava um pouco de sal marinho na água, (já que seu corpo era incapaz de suportar grandes quantidades de água doce) mas ás vezes ele tinha essas necessidade, esse desespero que ele simplesmente não podia dizer não.
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He Without Sin
Romantik"Se eu ouvir a palavra Aquaman saindo da sua boca, você é um homem morto para mim!" Ou a história onde Louis odeia a palavra sereias, mas Harry ama dizer ela.