Lágrimas sabem bem.
No momento, quando você chora, não percebe. Mas quando a cabeça explode, quando seus lábios aquecem, e seu paladar desaparece, única coisa que você consegue sentir é o sabor das lágrimas.Parece que você esquece como é dar risada de alguma coisa, ou pior, você esquece como é se sentir completamente leve.
Eu sinto falta disso: me sentir leve.
É tanta coisa acontecendo, que me esqueço de quando foi o último dia que tive completamente paz. Sem angústia e medo. Medo do que aconteceu, do que acontece é do que vai acontecer.
Não é estranho você se perguntar quando foi que a sua vida se tornou tão difícil?
Para mim é. É estranho me perguntar todo dia.
É mais estranho ainda, me sentir alheia à situação. Me sentir alheia a um mundo, em que no qual eu respiro, me alimento e habito. É tão estranho.É estranho que agora, eu pense de maneira diferente. Agora eu não chorava, mesmo que devia. Não me sentia tão assustada. Eu sentia raiva, pairando dentro de mim, como uma pedra afundando em algum lago, eu só sentia minha raiva e frustração aumentando.
Ontem, assim que cheguei em casa, após a saída com Jacob, Aléxia tinha começado uma discussão comigo. Segundo ela, eu teria feito bullying com ela no sábado, por não deixá-la participar mais na família. Então, eu disse que ela não passa de uma prima que eu detesto e quero longe. Eu só não imaginei o que vinha a seguir.
"Seu pai está saindo com minha mãe." Ela disse alto. "Você não entende? A sua mãe está dando os últimos suspiros no hospital. Está morrendo. O seu pai está seguindo em frente, entendeu? Está na hora de você aceitar isso." Meu coração errou uma batida e senti a sala ficar mais apertada. Minha pulsação acelerou. Tudo em meu corpo estava em alerta, inclusive as minhas mãos, que tremiam por medo de que as palavras enraivadas da loira falsa fossem reais.
Mas eu também sabia que ela fazia de tudo para me provocar.
Era apenas disso que se tratava: uma provocação descabida de uma criança invejosa. Não se preocupe Sol. - Disse para mim mesma.
"É isso mesmo priminha, seremos irmãs." Ela sorri.
"Aléxia!" Ryan gritou, fazendo ela olhar para ele irritada. "Já chega! O que está fazendo? Porque está se comportando assim?!"
"O que foi?! Ela iria saber de qualquer maneira." Ela disse à Ryan e depois olhou para mim e disse: "Eu só acelerei o processo para a minha irmãzinha se acostumar."
"Você não deveria ter feito isso!" Ryan disse alto.
Você só está notando o verdadeiro jeito da Alexia agora, Ryan? - Penso.
"Sol..." Ele começa, sendo interrompido por Lexi.
"Ela deve deixar o passado para trás. Porque a mãe dela ficou para trás também." Ela disse. "Se você não fizer isso, além do seu pai deixar a sua mãe para trás, ele deixará você também."
"Agora já chega." Ryan disse segurando o braço dela. Eu respiro o ar com calma e com o coração acelerado.
"Porque você é tão má, Aléxia?" Perguntei calma. Ela continuou sorrindo. Consegui ver sua raiva através de seu olhar e sua maldade através de seu sorriso triunfante.
"O que foi que eu disse de errado Solzinha?" Ela pergunta se aproximando, sendo impedida por Ryan. "Não gostou? Seremos irmãs! Vamos partilhar roupa, partilhar segredos e até partilharemos o papai!" Falou. "Eu vou ser dona da casa também, como você."
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Isso é tão Solange! [NA AMAZON]
Teen Fiction[+16] * LIVRO CONCLUÍDO * Eu vou contar uma história que há muitos viveu uma adolescente: Solange. Em 1994, Solange estava se mudando de Texas para Nova Iorque, a cidade grande, com seu pai. A menina sempre viveu na fazenda de sua mãe com os seus...