"A morte pertence à vida, como pertence o nascimento. O caminhar tanto está em levantar o pé como em pousá-lo ao chão."Rabindranath Tagore - Isso é tão Solange!
Eu me senti triste muitas vezes. E irritada também. Muitas vezes.
Nunca tive muita paciência para nada, apenas para meu pai. Eu pensei em esperá-lo. Sempre recebi pedras e dei flores. Mas acabou. Estava farta.
Tudo mudaria. Naquele mesmo dia.
Eu estava determinada para que isso acontecesse.Eu li pela notificação a mensagem de um número desconhecido.
Estou em sua cozinha.
Sorrio. Eu peguei em minha mochila de roupa, em minha mochila de materiais escolares, que inclusive continha o ukulele e meu caderno, e corri para a cozinha.
Quando vi Jake parado, de costas para mim, eu sorri. E a vontade de chorar desapareceu. Eu corri até ele e o abracei. Respirei fundo e suspirei no fim.
Só consigo explicar visualizando uma pluma passando por um campo verde. Era assim que me sentia agora, abraçando Jake. Até o seu cheiro me fazia querer sorrir pela paz que ele estava me proporcionando naquele momento.
Eu só sabia que precisava do abraço dele, e como precisava!
"Você vai viajar?" Ele pergunta. Eu o solto e olho para as mochilas que joguei no chão antes de o abraçar.
"Não. Estou fugindo daqui." Afirmo e ele assente, pegando a maior.
"Radical, huh?" Ele pergunta e levanta um dos cantos do lábios. "Gostei."
"Vamos logo!" Digo.
"Onde você vai Sol?" Ouço a voz do Ryan. Fecho os olhos com força e viro-me de frente para ele. "Quem é esse cara? Que malas são essas?" Ele pergunta se aproximando.
"Ryan, fica aí!" Eu peço. Ele para de andar. "Esse é o Jacob. Meu amigo. E ele vai me levar pra ver minha mãe-"
"Ela não voltará para cá." Jake diz, me interrompendo. Eu olho para ele. "E nem que você quisesse... seria capaz de nos impedir agora." Olho para Ryan. Consigo ver que está incomodado com Jake e sua resposta rebelde.
"Se você fosse amigo dela saberia que ela não deveria desobedecer o pai dela." Ele diz.
"Cara quantos anos você tem?" Jake pergunta irônico. "Se você gostasse dela realmente, não a proibiria de ver a própria mãe." Ele diz sério. Seu rosto não transmitia nada. Não havia sombras de sorrisos ou provocações. Ele estava totalmente neutro. E foi essa expressão intimidante, que me fez me aproximar dele. Ironicamente.
"Sol, você sabe que isso não está certo." Ryan diz. Eu olho para ele.
"Vamos Sol, o nosso carro está nos esperando." Jake diz estendendo a mão dele. Eu olho para Ryan e depois para Jake. Eu assinto e seguro a mão dele para sair daquele lugar com ele. Mas antes, eu olho para Ryan novamente.
"Me entenda... Pelo menos hoje Ryan. Não me procure, nem alerte os seguranças. Eu preciso ver minha mãe." Pedi. "Se ela realmente tiver partido, eu tenho o direito de saber." Falei, olhando para os olhos dele. Ele olha para baixo.
"Se você não estiver de volta em quatro horas, eu alerto os seguranças." Ele diz e sai da cozinha.
"Ótimo. O high school musical já foi." Ouço Jake dizer. "Você convive com aquele cara? É irritante." Ele diz. Eu assinto e o sigo, saindo da cozinha pela porta dos fundos.
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Isso é tão Solange! [NA AMAZON]
Teen Fiction[+16] * LIVRO CONCLUÍDO * Eu vou contar uma história que há muitos viveu uma adolescente: Solange. Em 1994, Solange estava se mudando de Texas para Nova Iorque, a cidade grande, com seu pai. A menina sempre viveu na fazenda de sua mãe com os seus...