Cap. 13 - Perto do fim do início

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"Vamos ter uma aventura"
Isso é tão Solange!












O processo de aprendizagem é crucial para todo mundo. Cada um tem sua forma e velocidade de aprender.

Suspirar vinte vezes ao dia nem sempre pode ser para pessoas ocupadas, tristes ou deveras frustradas.

Eu sou jovem e saudável. O que justificaria tal coisa então?

Respirar é inócuo. Nem tudo precisa ser explicado. Eu acho que o único defeito do ser humano é questionar tudo.

Nem sempre isso é bom. E por isso, meu processo de aprendizagem é mais rápido. Eu não questiono o que não preciso questionar.

Quase sempre.

"Como era sua casa?" Jake pergunta. Eu olho para ele confusa.

"O que você quer dizer?" Pergunto. Limpando minhas lágrimas.

"Antes de Nova Iorque. Como era?" Ele repete. Eu olho para frente.

"Era linda." Eu começo. "Tinha um cheiro específico. Minha mãe amava as flores, então sempre as plantava ao seu redor." Derramo mais lágrimas. "Eu amava correr e sentir o vento batendo em minha cara. Amava trepar em árvores e fotografar tudo que lá havia." Digo. "Quando me mudei... eu deixei lá tudo que eu usava. Eu só trouxe metade de minhas roupas, sapatos e um caderninho. Não trouxe minha câmera... o objeto que eu mais amava."

"Porquê?" Ele pergunta. Olho para o Sol. "Porque você não trouxe com você sua câmera?"

"Porque magoava." Digo. "Magoava segurar na câmera e lembrar que minha mãe estava em todas as fotografias. Ela amava modelar pra mim. E para mim, ela era a melhor modelo do mundo." Choro mais. "Agora só doerá mais. Porque não posso mais vê-la." Disse e suspirei olhando para frente. "Porque ele fez isso? Eu tinha a certeza que minha mãe estava nesse hospital Jake. Eu tinha certeza. Se ele tivesse me deixado... se ele tivesse permitido que eu tomasse minhas próprias decisões... Pelo menos a teria despedido. E agora... não tenho nada."

"Sinto muito Sol." Grace diz, segurando em minha mão. "Seu pai não pode te afastar dela pra sempre. Mesmo que fisicamente ela não esteja com você, ela nunca irá embora. A sua alma está te acompanhando. Todos os dias. Não se entregue assim para a tristeza." Com a sua outra mão, ela faz carinho em meu rosto. Eu fecho os olhos, tentando fazer com que a dor se dissipe. "Veja isso como um novo começo. Agora sua mãe está correndo contra a correnteza. Está livre e em paz."

"Ele tirou ela de lá Grace. Ele sabia que eu acharia uma maneira de a ver." Digo chorando mais. "E mesmo que eu quisesse pensar como você, o facto dela ter partido sem que eu a despedisse... dói. Machuca tanto Grace. Eu quero que essa dor pare!" Digo alto e choro mais. Desesperadamente.

Eu sentia meu peito se apertar, com cada respiração que dava. Eu não pararia tão cedo.

Me acalmei depois de algumas horas, sentada no terraço da escola, com Jake e Grace. O dia estava acabando e eu me perguntava o que eu faria. Voltaria para casa?

Meu pai havia tirado minha mãe do hospital, não havia mais nenhum registo dela no hospital. Mas o doutor calvo com óculos no nariz, disse que ela não havia resistido. Que ela morrera.

"Eu preciso ir. Minha mãe deve estar preocupada." Grace diz. Eu não assinto, nem nego. Estava olhando o Sol, apoiada em Jake.

"Eu cuido dela." Jake diz. Grace assente, beija meu rosto e vai. Fiquei algum tempo em silêncio com ele. Ele esfregava sua mão em meu braço esquerdo, enquanto minha cabeça descansava em seu peito. Ele sabia exatamente o que eu queria, e não era conversar.

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