O dia de Adora foi péssimo em todos os sentidos presentes na palavra. Um esgotante dia de inverno repleto de assuntos acadêmicos e surpresas desagradáveis, tudo isso com todos aqueles pensamentos recorrentes de uma garota idiota por quem ela tem uma...
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Eu odeio acidentes, exceto quando fomos de amigos para isto Uh huh, isso mesmo Querido, você é o que eu quero e Anéis de papel e molduras e sonhos sujos Oh, você é o único que eu quero
(Papel Rings, Taylor Swift)
{...}
A lua estava alta naquela noite e a garota com um grosso casaco e luvas suspirou profundamente. O dia tinha sido horrível em todos os sentidos da palavra. Estressante e esgotante. Ainda ressoava em sua cabeça no volume máximo a voz do professor gritando com ela enquanto a loira tentava em vão segurar a prova que nem sequer teve tempo de passar a limpo. Murmurou, irritada, enquanto balançava as chaves nas mãos, tentando achar a fechadura enquanto se distraia pelo menos motivo de sempre. Era sempre o mesmo motivo.
Tremeu em partes pelo frio e em outros pela paixão que a acometia. Ela só queria desaparecer em meio as cobertas grossas do quarto e esquecer que aquele dia foi real. Odiava janeiros. Odiava inverno e odiava ainda mais a garota por quem nutria uma paixão secreta.
Tudo seria tão mais fácil se ela não tivesse procurado sua cara linda na internet e ficado por meses naquele jogo de gato e rato, até que finalmente a outra menina notou seu interesse e se aproximou. Agora eram amigas porque Adora não conseguia nem ao menos ter uma atitude que não fosse tão ridiculamente simples e casual, que nem ao menos fazia com que a garota notasse o mínimo de interesse da sua parte.
—Droga—praguejou, enquanto as chaves caiam. Sentiu seu corpo doer loucamente ao agachar. Estava dolorida também, só para variar! E mais uma vez, sua mente viajou para a droga daquele dia idiota onde tinha pintado uma parede do cômodo único para onde aquela garota tinha se mudado. Em meio as pesadas latas de tinta, seu corpo também tinha ficado dolorido. Lembrou do sorriso bobo dela ao pintar sua cara de azul e constatar algo óbvio: Que a tinta se parecia com os olhos dela—Por que você tem que estar 24h nos meus pensamentos?—perguntou a si mesma, mas não obteve resposta—Eu sou algum tipo de stalker assustadora? Essa paixão está passando dos limites? Se você descobrir... —Pegou as chaves e as encaixou na porta, apenas observando a maçaneta virar—Catra, se você descobrir, acabou tudo! Só falta isso pra eu estragar...
Nem conseguiu completar o raciocínio. Quando abriu a porta de madeira, arregalou os olhos ao observar a tal figura que tinha habitado seus pensamentos durante todo o dia. Estava jogada no sofá sem nem ao menos tirar as botas, com uma língua de sogra e chapeuzinhos de festa. O coração da loira parou. Simplesmente observou a amiga com os olhos arregalados e a porta ainda completamente aberta.
—Surpresa!—Gritou, sem nem ao menos tentar mostrar animação. Catra estava literateralmente prestes a cair no sono ali—Estou há quatro horas sentada nesse sofá. Deveria ter feito como os outros e enchido a cara. Espero que não se importe se eles tiverem acabado com as bebidas.
