50 Tons De Voz [Yoonkook] [CONCLUÍDA]

Doença Maldita

-- Isso está certo? - perguntou Yoongi. Jungkook estava segurando o choro com todas as poucas forças que tinha. Não podia passar essa insegurança para Yoongi.
-- Você tem certeza...? - perguntou Jeon com a voz trêmula.
-- Os sintomas batem, e foram feitos outros exames para confirmar... Eu sinto muito - foi a última coisa que o médico disse.
Yoongi tinha câncer no pulmão

...

O trajeto para casa foi feito em silêncio. Jungkook não sabia o que dizer, e Yoongi não havia demonstrado um sentimento se quer, sua expressão estava totalmente vazia, observando a janela. Chegando em casa, Yoongi sentou-se no sofá, encarou o nada, e, simplesmente, começou a chorar.
-- Estou com a mesma doença de merda que levou o meu tio-avô - disse soluçando e tampando os olhos - Por que, Jungkook? Por que?
Jungkook não via solução a não ser abraça-lo, poderia fazer de tudo para que o câncer fosse para o pulmão dele. Todas as forças que reunira até ali foram embora quando Yoongi disse aos prantos - Por favor, Jungkook, não me abandona!
-- Ah, Suguinha... - ele abraçou o mais baixo, e começou a chorar junto - Eu nunca vou abandonar você!
Aquele seria um bom momento para dizer "eu te amo", mas Jungkook simplesmente não teve coragem.

...

Yoongi se recusou a não ir para o trabalho, mesmo fazendo o tratamento. Quando chegou a sala de editorial, deu a notícia para Yuju.
-- Meu Deus... - disse tampando o rosto - Câncer? Câncer aonde?
-- Pulmão... Acho que foi todo esse tempo em um lugar movimentado... A poluição e a genética foram... Ah... - ele suspirou e abaixou a cabeça.
-- Tenha calma, Yoongi - ela pegou a mão do amigo, falando com aquela voz amigável de sempre, agora mais delicada ainda - Veja pelo lado bom, não é um câncer maligno ainda, tem chances de você se recuperar.
Yoongi parou pra pensar, e no final convordou. Tinha feito uma promessa: Seria gentil, positivo e bem humorado igual o tio-avô era, e agora, mais que nunca, era a hora de comprir essa promessa.
-- Sim! Você tem razão! - disse assentindo - Nossa, muito obrigado, Yuju - ele deu um abraço na amiga.
-- Ah! De nada - Yuju não entendia o porquê daquilo, mas revidou mesmo assim.

...

-- Você está bem? - perguntou Jungkook no carro a caminho de casa.
-- Melhor do que quando eu saí de casa - respondeu rindo e olhando o caminho pelo vidro da frente.
-- Tem certeza?
-- Nunca tive tanta.
Yoongi estava quase sempre fazendo exames de vários tipos. A quimioterapia começou, e junto com ela venho a queda de cabelo.
-- Espero que careca eu fique igual o Vin diesel.
Jungkook não pode conter a ridasa, e riu juntamentel a Yoongi.
Yoongi recusava-se a deixar a doença abala-lo, e sempre fazia comentários engraçados. Quando Yoongi resolvou raspar o cabelo, disse ao cabelereiro:
-- Me da o cabelo de novo que eu vou fazer peruca.
E foi o que fez, uma peruca com o próprio cabelo.
Todos os dias Yoongi tinha crise de tosse, falta de ar, chiava; e nunca mais conseguiram subir para admirar as estrelas. Jeon descediu que não iria limita-lo de nada, e mandou construir uma escada da qual ele subiria com facilidade.
Eles observavam as estrelas, quando de repente houve um apagão.
-- Bom momento! - disse Yoongi animado - Agora elas estão mais visíveis!
-- Suga... Eu... - gaguejou, e Yoongi olhou para ele - Eu to feliz por você estar feliz...
Novamente não conseguiu dizer "eu te amo", estava começando a sentir raiva de si mesmo.
-- Eu gosto muito de você, Jeon - Yoongi sorriu calmo. Jungkook sentiu todos os pelos de seu corpo arrepiarem, um calor imenso percorreu todo seu corpo, conseguia sentir as batidas de seu coração fazerem "Tum-Tum".
-- Eu também... Suguinha - disse sorrindo.
Ja estavam há um tempo la, e Jungkook pensava como dizer que ama Yoongi. Até que foi tirado de seus pensamentos com mais uma crise de tosse de Yoongi. Jungkook o colocou sentado.
-- Tudo bem - disse acalmando-o - Ja vai passar.
-- Jeon... Eu... - ele respirava com dificuldade. Jungkoon levou-o pra baixo, achando que já passaria, mas não passou.
Yoongi respirava à intervalos longos, e começou a ficar roxo. Jungkook pegou o telefone e chamou a ambulância, desesperado. Pegou na mão de Yoongi e começou a chorar.
-- Seja forte, Suguinha, seja forte! Não morra, por favor! - chorava compulsivamente, e Yoongi tentava respirar.
A ajuda chegou rápido, e foram até o hospital.
Foram 5 horas, 5 torturantes horas de espera. Ja dava 4h da manhã e Jungkook não dormiu. A médica chegou e o chamou.
-- Como está Yoongi? - perguntou sem rodeios a duvida que lhe importunara a noite toda.
-- O tratamento aqui não está fazendo efeito - disse suspirando - Ele terá que ir para um hospital nos Estados Unidos.
Jungkook sentiu como se o chão do qual pisava fosse destruído. No início, acho que fosse um pesadelo, e mesmo depois de ver que não era, ainda queria acreditar que era. A médica continuou:
-- Infelizmente o tratamento é inclausurado - a médica mantinha sua expressão nula, por mais que fizesse muito esforço para tal ato, ainda a mantinha - E ele terá que ir sozinho... Não sabemos se ele poderá madar-lhe mensagens, mas vamos cuidar disso, ok? Não se preocupe se ele não der notícias.
Jungkook teve vontade apenas de pular pela janela, acordar em sua cama, e perceber que todos aqueles últimos dias eram apenas um enorme pesadelo, e que Yoongi estaria ao seu lado no sofá, dizendo-lhe "bom dia" com um selinho; mas isso não aconteceu, na verdade, o que aconteceu foi a mão da médica tocar seu ombro e dizer:
-- Um dia você chegará em casa, e ele estará sentado em sua cama a te esperar.
-- E se isso não acontecer? E se ele nunca voltar? - perguntou com lágrimas nos olhos, a voz fraca de tanto sono que tinha, mas nem se importava.
-- Ninguém sabe, Sr. Jeon - disse sincera - Mas se ele for, tem 30% de chance de voltar vivo, já se ficar...
Jungkook respirou fundo, tão fundo que sentiu uma leve tontura, e assentiu.

No dia seguinte, era o dia de Yoongi ir. Sua família foi visita-lo. O pai dele não escondeu de ninguém o desgosto de ele estar morando com o superior e não ter contado nada, mas não iria brigar com o filho naquele momento. Sua mãe chorava compulsivamente.
-- Me perdoa, meu filhinho! Me perdoa - disse aos prantos enquanto abraçava o filho - Perdoa a mamãe por não poder te ajudar! Perdoa!
-- Você não tem culpa de nada, mamãe - repetia Yoongi, que falava com dificuldade por causa do ar que faltava-lhe - Foi a poluição, e não foi da minha mente.
Ela deu uma leve risada triste, as lágrimas ainda escorriam.
Quando o carro estava levando Yoongi, Jungkook aproximou-se da maca.
-- É isso, Suguinha - disse tentando conter o choro - Não se esqueça de olhar para as estrelas, ok? Eu vou estar olhando também, até depois das duas.
-- Esse tom de voz... - disse sorrindo fraco, a vozinha cansada e fina - Eu não conheço...
-- É o tom que diz que... - Jungkook não conseguiu conter o choro agora, e rompeu em lágrimas - Que diz que vou sentir saudades! - ele apertou a mão de Yoongi - Muita saudade! Você não imagina...
-- Eu também, Kookie... - com dificuldade, o mais baixo colocou a mão no rosto do moreno, e secou algumas lágrimas - Mas eu só conheço 49 tons de voz seus... Ainda falta 1... E eu ainda quero ouvi-lo - ele sorriu, fraquinho e um pouco sem ar - Eu vou voltar, Kookie.
Os médicos colocaram Yoongi no veículo, o mesmo acenou, projetando algumas palavras mudas com os lábios: "Eu te amo".
Jungkook arregalou os olhos. Yoongi disse que o amava! O carro foi ligado, e Jungkook gritou:
-- EU TAMBÉM TE AMO!
O carro partiu.