depois de umas quantas voltas rápidas ao colégio para tentar lembrar-me do caminho certo para o quarto finalmente chego lá.
lilith- finalmente princesa, quase não chegava a tempo da sua real refeição. - ela levanta-se ao dizer isto assumindo uma postura de um mordomo qualquer.
eu- okay tu vais parar de fazer isso! - eu rio e ela logo me acompanha.
lilith- certo, mas vá já só temos cinco minutos para chegar. - ela caminha até à porta.
eu- é assim tão mau chegar uns minutos atrasada?
lilith- disciplina é uma coisa muito apreciada por estes corredores, não vais ser expulsa por isso mas chegar a horas poupa-te um sermão sobre ser pontual.
eu- eu acho que despenso.
lilith- então não chegues atrasada. - ela sai do quarto, assumindo que eu iria atrás dela, estava certa.
fazemos o caminho até ao refeitório, já cheio de alunos de diferentes idades e aspetos. caminhamos até uma mesa que ainda se encontrava praticamente vazia, à exceção de um rapaz de cabelos loiros e olhos cor de mel que sorriu assim que nos viu a aproximar.
??- novo projeto desta escola? - ele questiona olhando para mim.
eu- não tenho a certeza da direção dessa pergunta mas acho que a resposta é afirmativa. - ele solta um riso abafado.
kyle- boa resposta.
lilith- kyle esta é a angel.
kyle- ah, a tal angeline que ficou na minha turma. só uma pergunta, como é que a conheceste antes de mim? - ele encara lilith nos olhos e os dois riem.
noto que o tom de seriedade é uma coisa comum nas conversas destes dois, mas que no fundo nada é a sério e não passa de sarcasmo e cinismo, o que eu me identifico.
lilith- desce do teu mundinho kyle, ela é minha colega de quarto. - ela senta-se à sua frente e eu sigo o movimento sentando-me ao lado de lilith.
kyle- oh que pena, deixaste de ser a privilegiada que tinha um quarto só para ela.
lilith- pelo menos a minha nova colega de quarto e minimamente interessante, o que me faz continuar a ser privilegiada, pelo menos comparando contigo. - ela goza e ele revira os olhos.
kyle- cala à boca e não me fales desse atrasado. angel, já foste ao parque?
eu- já, ela levou-me lá.
kyle- okay, se aceitaste sair do colégio já é um começo, qual é a tua opinião sobre a palavra "regras"?
eu- acredito que não devam ser seguidas simplesmente porque são regras, se não as achar justas, não acho que as deva cumprir.
kyle- touché.
lilith- pensas em alguma coisa? - ela questiona com uma curiosidade disfarçada de indiferença.
kyle- eu fui a casa no fim de semana, trouxe umas ervinhas de nada, ir ao bosque hoje à noite, uns mergulhos no lago sob o céu estrelado, parece-vos?
lilith olha para mim e eu encolho os ombros.
eu- por mim.
lilith- temos um plano.
os três sorrimos entre nós.
levantamo-nos para ir buscar a comida, e logo regressamos, voltando a conversar, mas desta vez foi apenas daquelas conversas entediantes de começar a conhecer uma pessoa, apesar de kyle as tornar minimamente menos entediantes.
não demorou muito até a refeição ser terminada e decidimos que antes de irmos para os quartos íamos lá fora fumar o necessário cigarro após qualquer refeição.
a rua estava escura e o caminho por entre as árvores para chegar ao parque era pouco ou nada iluminado pelas luzes do colégio, o que nos safou foi eu ainda ter bateria suficiente para usar o flash para dar luz ao caminho.
chegando lá kyle imediatamente apodera-se de um dos baloiços.
eu- que cavalheiro kyle. - aponto e ele solta o seu riso abafado que eu já reconheceria onde quer que fosse.
kyle- antigamente éramos só dois, chegava, agora somos três, temos de nos adaptar. - ele afirma fazendo-me revirar os olhos.
eu- senta-te lilith eu sento-me no chão. - faço o que disse deixando o baloiço livre.
lilith- porquê tu? eu posso ficar no chão.
eu- já me sentei em sítios bem piores, quando estava com o julian podre de bêbada eu não queria propriamente saber onde me sentava. - admito e um sorriso forma-se na minha cara ao lembrar-me do julian.
lilith- quem é esse julian, pareces gostar muito dele. - os dois observavam-me depois dese comentário.
eu- porque dizes isso?
kyle- dá para ver no teu sorriso, quando sorrimos a pensar em alguém essa pessoa não pode ser indiferente.
eu- porque é que todas estas conversas parecem vindas de psiquiatras a falar?
lilith- chama-se entender a mente humana.
kyle- a partir do momento em que a percebes, percebes tudo. - eu encaro-os alternando o meu olhar entre os deles que também se encontravam em mim.
eu- vocês conhecem-se à anos. - afirmo.
kyle- porque dizes isso? - ele questiona com um tom levemente intrigado.
eu- pela forma como falam, quase parece que as vossas frases se completam, vocês pensam da mesma maneira, são iguais, para isso acontecer teriam de ter crescido juntos, aprendido juntos, terem passado pelas vossas merdas juntos.
eles entreolham-se e um sorriso sincero vem dos dois.
lilith- parabéns, acho que encontraste o teu grupo, encontraste amigos.
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- you too
Teen Fiction"don't choose, if you love it then you cut the thing loose." eu só estou a tentar viver.