Enfim se passaram 18 dias, foram dias e noites insones. Dias sem conseguir me alimentar direito, sem conseguir raciocinar. Eu liguei o botão do piloto automático e assim consegui levar esses dias. Foram dias difíceis, dolorosos, os momentos em que eu estava na UTI com meu pequeno no colo era um bálsamo nos meus dias difíceis.
E então chegou o dia da alta hospitalar, eu sorria e chorava ao mesmo tempo, cheguei no hospital suando frio, mãos geladas, entreguei a roupinha que ele ia sair da UTI e fiquei na ansiedade esperando no corredor. Quando a enfermeira veio com aquele pacotinho de amor embrulhado e resmungando meu peito se encheu de amor.
Minha mente era um turbilhão de pensamentos onde eu ficava pensando... Será que vou conseguir cuidar direitinho dele?! Será que vai dar tudo certo?!
Eu orava baixinho pedindo a Deus sabedoria, paciência e discernimento para passar por todas as etapas sem surtar. Não tinha minha mãe ao meu lado, nunca me imaginei sendo mãe de UTI, na verdade eu nunca imaginei que eu fosse passar por uma situação assim na vida.
A enfermeira me entregou meu bebê sorrindo, e eu sorria e chorava de alegria, de nervoso e de medo. Mas, eu disse a mim mesma que eu conseguiria. Coloquei a bolsa no ombro com todos os nossos pertences e peguei meu pacotinho de amor. Ele se aconchegou e fomos para o quarto, pois tínhamos que passar mais uma noite no hospital para saber como seria nossa interação.
Uma noite muito longa, mãe de primeira viagem, várias crianças no quarto chorando, mães dormindo em colchonete no chão, mães exaustas que não podiam dormir pois tinham que monitorar seus bebês. O meu passou a noite calminho, deitei com ele na cama, acordei com ele chorando com a fraldinha suja, o troquei, arrumei a mamadeira pois meu leite tinha secado devido a todo o estresse que passei, e passamos a noite bem. E consegui cuidar dele sem precisar pedir ajuda.
Pela manhã a médica o reavaliou e disse que ele tinha um pequeno sopro no coração, mas, que era para eu ficar tranquila que esse sopro se fecharia até os dois anos de idade. Passou as vitaminas, me deu as receitas e a alta hospitalar. Meu coração parecia um tambor de escola de samba de tão acelerado. A felicidade não cabia em mim. Ali em meus braços estava o motivo para eu não desmoronar, o motivo de eu não derramar lágrimas por quem não merecia. Ali em meus braços estava o motivo de eu recomeçar a viver e voltar a ser feliz.
Em meus braços estava o meu bem mais precioso, a pessoinha que eu daria o meu melhor.
Fomos para casa, o pai não deu muito moral, mas naquela altura do campeonato eu nem me importava mais. O quartinho dele todo arrumado, a casa limpa e só faltava aquele serzinho que traria alegrias.
Tirei o dia para descansar, não quis receber visitas, fui taxada de chata. Mas, era meu bebê prematuro e recém saído da uti. Eu estava radiante, tivemos uma noite tranquila, pois ele era muito calminho. Pela manhã o levei para fazer o teste do pezinho e foi quando eu descobri que eu teria que ser forte de uma maneira que eu nunca imaginei que seria.
Naquele momento eu percebi que minha vida mais uma vez tinha virado de cabeça para baixo e eu só perguntava para Deus baixinho. — Porque eu Senhor, eu não mereço ser feliz?! E as lágrimas banhavam meu rosto e o mundo se abria parecendo que ia me engolir. Eu achava que a uti neonatal tinha sido difícil, quando na verdade a batalha de verdade começava naquele momento. O momento que meu filho estava roxo e desmaiado nos meus braços.
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Com o coração nas mãos.
LosoweO sonho de quase todas as mulheres é de serem mãe. Eu sempre quis ser mãe, e sempre pedi a Deus que meu primeiro filho fosse um menininho. Deus me abençoou e me atendeu, foi um dos momentos mais felizes da minha vida. A gestação foi um tanto contur...