TREVOR4 anos antes...
O relógio em meu painel me ridiculariza, atrasado deveria ser a porra do meu sobrenome.
Punindo o acelerador rezo em silencio para que os pneus permaneçam na estrada molhada enquanto a tempestade sacode o céu em cima de mim, meus limpadores lutam para me dar uma boa visão quando passo pela placa me dizendo que faltava oitocentos quilômetros para virar. Amo morar em New Orleans, mas o clima daqui era mais bipolar que qualquer uma das garotas que eu já conheci, e olha que conheci muitas.
Essa noite virou uma porcaria, e vai piorar quando minha mãe descobrir o quão atrasado estou para buscar minha irmã mais nova, sou um grande irmão egoísta o ruido que vem do radio atrapalhava a musica do Drake que passava na estação, maldita hora que emprestei meu carro para a porra do irresponsável do Matt, minha unica opção foi pegar a porcaria do Jeep dele emprestado.
Cones laranjados bloqueiam a estrada me fazendo parar o carro, as luzes vermelhas e azuis piscam através do painel molhado.
Perfeito...
Bato minhas mãos no volante depositanto toda minha raiva, olhando para o relógio pela decima vez, quatro horas e meia de atraso, só consigo imaginar a cara de raiva da Lizzie me esperando sozinha em frente a sua escola de ballet, encharcada e sem duvidas morrendo de fome, estava preso e completamente fodido.
Ignoro os bipes do celular com as mensagens da minha mãe sentindo a culpa pulsar em meu coração, como eu iria imaginar que a porcaria do clima iria mudar tão rápidamente?
Abro uma das mensagens de Matt que perguntava se iria correr hoje, ele tem um desejo de morte, só algum louco teria coragem de correr hoje com essa chuva... Correr era o que eu deveria fazer agora, a pista estava fechada, havia alguns carros de bombeiros e de policiais na area, parece que alguem estava mais fodido do que eu.
Tento acenar para um dos policiais mas sem sucesso, aperto a buzina algumas vezes na tentativa de chamar atenção e não demora muito para um dos caras aparecer na minha janela, um trovão reçoa acima, seja lá com quem Thor está lutando hoje, o cara está muito puto... Essa tempestade não vai parar até amanha.
Assim que abro a janela a chuva imediatamente começa a entrar pela janela do carro, me seguro para não xingar na frente do policial, ele estava com uma capa de plastico amarela, mas ainda estava encharcado, pobre coitado!
— Senhor eu realmente preciso passar por aqui. — digo tentando manter a calma, geralmente sou o tipo de cara que manda sair da frente sem nenhuma educação, mas se o policial me reconheçesse ele iria me mandar pra cadeia dali mesmo.
— Você precisa retornar senhor! — Ele diz tranquilamente pensei em retornar e passar pelo outro lado da cidade o que demoraria mais ainda, esse caminho era o mais perto da escola de Lizzie.
— Eu só preciso passar para pegar minha irmã na escola senhor, ela tem onze anos, está sozinha me esperando...
O policial fica em silencio, olha atraves das arvores para o local do incidente, e volta a olhar para mim, ele fez isso tantas vezes que perdi a conta.
— Isso está bem feio não é? — Estava tão confuso e desesperado para encontrar minha irmã, a culpa corroendo por toda extensão do corpo.
— Qual o nome da sua irmã senhor? — De imediato não entendo o motivo da pergunta, abro a porta do carro levantando, já que ele não iria deixar eu passar, teria que ir de a pé.
— Lizzie...
— Ela por acaso estava na escola de balé? — Como ele sabia? Me pergunto confuso com todas aquelas perguntas.
— Olha eu realmente preciso passar... Se não for de carro me deixa pelo menos ir até...
— Só responda se a garota estava na aula de balé! É importante senhor.
A chuva dificulta a fala, minhas roupas estavam encharcadas, minha camisa se torna uma segunda pele, o policial fica em silêncio enquanto o barulho das sirenes soam pela noite gelada tirando minha concentração.
— A garota estava na aula de balé senhor? — Ele volta a perguntar me impedindo de olhar para o acidente atrás dele.
— Sim, ela está com sapatilha e tudo mais... — Ele vira a cabeça pra me ouvir melhor, sinto uma angústia no peito ao ver a cena na minha frente.
— Ok, preciso que seja forte e se prepare para o que eu vou dizer... — Ele coloca a mão em meu ombro como se estivesse tentando me consolar, não entendo o que ele quis dizer...
Minha cabeça flutua, sinto um enjôo uma dor na barriga, olho para trás do policial negando com a cabeça, e de repente só consigo pensar em uma pessoa.
Lizzie.
— Espere, espere, não... É um engano... — Balanço a minha cabeça me sentindo tonto, não estava preparado para o que ele iria dizer não queria acreditar.
— O acidente... Uma caminhonete saiu da estrada e atingiu uma garota...
Pare
Não diga isso, não quero ouvir por favor pare.
— Acreditamos que ela tenha por volta de onze anos, ela é loira tem olhos azuis e estava vestida com uma roupa de balé rosa...
Estava, ele disse estava, meu estômago se revira e sinto vontade de vomitar, tento dizer a minha mente que não é real, que isso é só um pesadelo, mas sinto a verdade atingir meu coração.
— Ela não sobreviveu... — O policial disse colocando a mão no meu ombro. — Sinto muito filho...
O ignoro, correndo até o local do acidente, antes mesmo de eu perceber já estou ao lado da camionete.
— Afaste-se agora! — Alguém grita mas meus joelhos perdem a força, caindo sobre a lama.
— Lizzie... — Tento gritar seu nome na intenção que ela acordasse e tudo isso não passasse de um susto, peço aos céus que isso seja apenas alguma brincadeira, faço promessas para todos os santos que conheço.
Mas ela estava ali, com sua mochila que sempre usava, seus olhinhos fechados, a roupa de balé estava encharcada pela chuva.
— Tire-o daqui... — As vozes atrás de mim gritam, mas tudo está ameaçando desaparecer...
Meus braços se esticam, e aquela era a última vez que iria vê-la...
Me perdoe... Lizzie me perdoe...
Tento dizer mas nada sai.É a minha culpa.
É a porra da minha culpa.
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Devil Insane
RomanceEu nasci com riqueza, capacidade eclética e aparência de derreter a calcinha de uma freira, sempre tive tudo, dinheiro, sucesso e mulheres, até que o destino me atacou com um golpe cruel, deixando-me vazio e precisando de propósito. A fúria viveu em...