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Trevor Coleman
Los Angeles, California


O calor úmido da Califórnia atingiu meu corpo como uma estufa assim que pus os pés para fora do carro, o sol estava radiante e sem nuvens com ventos quentes que não estava tão acostumado na minha antiga cidade, essa talvez seja a parte ruim de mudar para outro lugar, não estava acostumado com nada, mas teria que aprender a me acostumar.

Desde a morte de Lizzie minha vida virou uma grande porcaria, perder alguém que você ama é como viver sua própria morte. A dor é tão brutal, a tristeza rasga a alma todos os dias quando abro os olhos.

O remorso me persegue, e não posso fugir disso, não importa quão imprudente eu me torne, sempre vou acreditar que minha irmã morreu por minha causa, não pude ver o seu enterro, não pude me despedir, minha mãe não permitiu, não tiro sua razão, faria o mesmo se fosse ao contrário, soa estúpido, superficial, mas é a verdade.

Não sabia qual seria a reação do meu pai quando chegasse em casa e não visse o carro, e seu precioso dinheiro, sinto vontade de rir quando imagino a cena, a essa hora ele já estava me xingando de todos os nomes possíveis, ou simplesmente esteja comemorando meu sumiço com sua vadia fixa, ele é o homem mais despropriável que já vi em toda minha vida, ele foi pego com as bolas no fundo da sua secretária e ainda tentou culpar seu divórcio pela morte da Lizzie, ele me enjoa!

A porra da secretária?

Dez anos mais nova e burra como uma merda, clichê pra caralho, deveria ter roubado mais, deveria ter deixá-lo na porra de miséria mas só roubei o carro, ele deveria me agradecer. Minha mãe é uma das mais populares moradoras e donas de empresas nesta cidade, herdou propriedades do seu pai e agora não suportava ficar aqui, não suportava olhar na minha cara e muito menos a do marido, não a culpo, eu também não suporto olhar para minha cara.

Música, álcool e mulheres.

É assim que a maioria das noites acaba para mim e a noite passada não foi diferente, mesmo na estrada. Eu preciso do barulho para acalmar a voz gritando para mim
de trás do meu subconsciente.

Olho para meu reflexo pelo retrovisor do carro, eu estava uma merda, minhas íris escuras estão acompanhadas de manchas vermelhas, colorindo o branco dos meus olhos. Meus lábios carnudos estão secos e meu cabelo castanho está em todas as direções imagináveis, apenas coloco o óculos escuros e arrumo os fios rebeldes com a mão seguindo para uma espécie de bar, que havia na estrada, minha garganta estava seca, eu preciso de álcool.

Quando estou próximo a entrada do bar uma cena completamente estranha me chamou atenção, o cheiro de óleo queimado surgiu e se intensificou assim que me aproximo do lado esquerdo do bar, a fumaça subia para o céu enquanto um Porsche branco que estava parado com o capô aberto.

A garota loira estava com os punhos cerrados dando alguns chutes no pneu do carro, ela estava vestindo uma camiseta cinza despojada e com um short jeans que me fazia ter a visão perfeita da sua bunda, tudo nela parecia gritar uma cena de pornô com uma mulher indomável, apesar dos seus traços delicados, ela estava longe de ser uma mulher delicada, ela não notou minha presença, estava inquieta de costas para mim falando alto no telefone.

- " Se você rir mais uma vez eu juro por Deus que quando eu te ver você será uma pessoa morta... Qual a parte que eu preciso dessa merda agora você não entendeu?... O Porsche está fumando no meio da estrada!" - Ela grita no telefone me pego confuso sem saber se sinto mais pena da pessoa ou do carro. - Não fode Dom, eu não quero saber com quem você está fodendo agora, enfia o seu traseiro na porra do seu carro e vem resolver isso aqui e eu não estou pedindo.

Ela desliga o celular e vira de uma vez em minha direção, desse novo ângulo posso ver seu rosto, e acabei gostando ainda mais do que gostaria, de onde veio essa mulher?

- Que porra você está olhando? - Ela parecia cansada, ainda que determinada e furiosa.

- Você é terrivelmente violenta desse jeito sempre ou só quando seu carro quebra na estrada? - Pergunto encostado na parede do bar ela não sorrir, não fica parecendo uma idiota quando me ver, como todas as outras ficam quando me aproximo, não mexe no cabelo ou algo do tipo, apenas me encara e revira os olhos.

- Não sou violenta... - Ela diz voltando a olhar seu carro. - Só sou uma mulher terrivelmente irritada que está com ódio do mundo e tem uma arma de choque no meu porta-malas!

- Não é a mesma coisa? - Pergunto dando uma risada ao ouvir sua resposta, podendo assim me aproximar, arregalo os olhos ao prestar atenção nas últimas palavras. - Porque diabos você tem uma arma de choque no seu porta-malas?

- Para o caso de tarados como você aparecer perto de mim.

Abro a boca pra retrucar algo, mas apenas dei os ombros e observei o motor, ainda estava quente, fazia poucos minutos que ela havia aberto o capô do carro, dava pra consertar.

- Tenho uma notícia má e uma notícia boa qual você quer primeiro? - Pergunto e a loira revira os olhos, ela estava encostada no carro, estava exausta, solta um suspiro pesado sem olhar para mim.

- Sempre é bom começar pela boa...

- Seu reservatório de água tá fodido, a notícia boa é que da pra concertar, mas o motor ainda está quente é aí que vem a notícia má... Vai ter que esperar esfriar pra eu poder enfiar a mão lá dentro.

Os hábitos na oficina do meu antigo amigo Matt fizeram com que me apaixonasse por carros, meu conhecimento e habilidades manuais sempre assustou o cara, aprendi a fazer todo o serviço sozinho, da mesma forma que aprendi a dirigir sozinho, meu pai mal olhava na minha cara, quanto mais me ensinava a fazer alguma coisa, Lizzie achava o máximo quando falava sobre carros, apesar de ser garota minha irmã sempre gostou de quase tudo que eu costumava a gostar, prometi a ela que quando fizesse dezesseis anos ela seria a melhor motorista que New Orleans já tinha visto... Mas, essa foi só mais uma das dezenas promessas que jamais poderiam ser realizadas.

A garota loira suspira, pensa por alguns minutos olhando em volta, tendo a visão de muitas árvores atrás de nós além do bar, ela não tem outra saída a não ser aceitar minha oferta, aqui sou o único que poderia ajudá-la.

- Já que não tenho escolha... Vou lá dentro tomar uma cerveja tá afim?

Intercalo meu olhar para o carro e para ela dando um sorriso vitorioso, mas antes que pudesse responder sua pergunta ela me interrompe.

- Vou logo avisando que eu não vou transar com você, então baixa essa bola.

Ela diz virando as costas e seguiu caminhando sozinha em direção ao bar, gosto do jeito como ela é direta, uma pena ela está errada sobre não transar comigo, sempre gostei de um bom e velho desafio.

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⏰ Última atualização: Sep 06, 2019 ⏰

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