Cordas De Amor.

A dor da alma.

Atenção: Conteúdo sensível, se é um gatilho para você por favor não leia, mas quem o fizer por favor comente, eu amo interações, e preciso saber o que acham e as teorias.

Eu sou o primeiro acordar pois sinto dois pesos sobre mim, abro os olhos para constatar que um deles é meu filho com a cabeça em meu ombro e as pernas em minha barriga, o segundo é o braço de Jungkook que transpassa e envolve nós dois.

" Não é real Taehyung, não existe mais"

Forço meu cérebro romântico nato aceitar isso, e cuidadosamente me desfaço dos emaranhados e vou fazer o café da manhã. Enquanto cozinho os ovos me remexo ao som de Sucker e as vezes me arrisco a cantar alguns trechos.

Levanto os braços para cima e vou descendo fazendo meus quadris acompanhar os passinhos estranhos, vou rebolando até virar para a porta e quase cair de cara ao ver Jungkook encostado na parede segurando o sorriso.

Aponto a colher de pau que seguro para o moreno e com minha melhor cara de mau humor o ameaço.

- Se sorrir corto suas bolas.

E daí a porra explode, ele está rindo, eu também, por costume dos longos anos juntos eu me aproximo para abraçar e deixar um selar em sua boca, mas estanco a centímetros...Eu nunca pensei que chegaria o dia em que essa ação pareceria tão errada.

Ele percebe já que seu sorriso vai morrendo aos poucos e em seu lugar surge um semblante de...pesar? Não sei ao certo, deixei de tentar ler Jeon Jungkook afim de que o sentimento de raiva não prevalecesse, eu definitivamente não iria querer ser um ex que não superou, embora seja isso que acontecerá.

 Eu vou amar esse homem até meus últimos dias, porque é mais forte que eu e mais profundo do que tenho controle, não é como se pudesse arrancar isso de mim, ele se vai mais eu sempre serei dele.

E como se o destino gostasse de me destruir ainda mais seu celular toca, eu poderia ficar aliviado já que interrompeu o momento de constrangimento, todavia, não importa o quão rápido ele foi ao atender eu vi o nome no ecrã.

Me volto para o fogão passando agora a assar os bacons, porém, meu ouvido traidor insiste em captar todas as palavras.

- Oi...Eu estou bem... ainda não sei...

- sim, eu gostaria de ver isso... tá, até mais...hum...xeruh.

Não viro para trás, não quero ver aquele sorriso de canto que ele tanto dedicou a mim ao longo dos anos, não desejo saber que eles agora possuem outro dono. Não almejo vislumbrar o modo bobo como olha as recentes mensagens trocadas ou como imagina o futuro entre os dois.

Por sorte nosso filho acorda e toda nossa atenção é dedicada a única coisa que é importante e que resta entre nós.

[•••]

Mais uma noite chegou, e a última do passeio. Me encontro ansioso para voltar para casa e trabalhar o dia inteiro me abstraindo de vê-lo.

Eu sei o que deve estar pensando...porque não cede logo o divórcio?

Eu gostaria...mas não posso... Você entenderá depois.

Jeontan cochila enquanto Jungkook conta uma história para o mesmo, e eu me sentei em frente ao fogo bebericando uma taça de vinho.

Estou sempre me questionando: porque tem que ser assim? Porque agora? Porque eu?

Mas eu já tenho a resposta para todas essas perguntas. Imagine que você é Deus e sabe de tudo, presente, futuro? Então é mais que óbvio que seria a resposta que pediria, a situação que se encontraria, se soubesse o quanto ele sabe, no fim de tudo, a resposta é a sabedoria divina.

Sinto o calor ao meu lado e logo os ombros de Jungkook se encostarem nos meus, não sei em qual momento ele pegou um copo, se serviu e acomodou, também não quero descobrir por isto faço menção de levantar, mas ele segura meu braço.

- solte, o que quer de mim?

— não podemos ser amigos?

- Não, mas podemos ser cordiais quando tudo isso acabar, pelo Jeontan.

— eu não queria que fosse assim Tae... você é importante pra mim, vocês são.

- importante ao ponto de você esfregar na minha cara que tem outro? atender ligação de outro enquanto está em uma viajem com a sua família? Se algo é importante você respeita.

— Quanto a isso me perdoe, eu não sabia que iria te chatear a esse ponto.

- você é burro porra? Como não?

Nós somos casados a sete anos, não são sete dias, do nada você joga no meu colo a bomba que não me ama mais que se apaixonou por outra pessoa, e eu não vou me sentir machucado? E se fosse o contrário? Sabe, pela primeira vez eu desejo nunca ter te conhecido.

Ele fecha os olhos como se sentisse dor, bom, eu não ligo...Estou entorpecido.

- não diz isso...

— ah vai se foder Jungkook, se não fosse meu filho eu já teria arrumado suas coisas e eu mesmo levaria para casa dele.

- o que nosso filho tem haver com sua decisão de procrastinar as coisas Taehyung?

— você vai saber futuramente Jungkook...

Ele não responde, o que acontece na realidade é que Jungkook se levanta e vai em direção ao quarto, segundos depois volta com um pedaço de papel e uma caneta. Logo entendo que se trata da cláusula: Sempre que uma briga acontecer escreva uma frase.

" Nossa maior desgraça, é que nós temos livre arbítrio. Podemos fazer nossas escolhas baseadas no amor ou no medo. Eu nunca disse que não te amava, eu te amo e talvez vou amar para o resto da vida, mas as vezes só o sentimento não basta."

Quando eu termino de ler Jungkook já está fora da minha vista, o que agradeço, assim ele não pode ver as lágrimas que estão transbordando, é tanta dor que eu só consigo pensar em um meio de fazer parar.

Eu não o entendo... é tão confuso...Deus faça isso passar.

Coloco a mão sobre o peito e puxo com força a camisa, há um grito preso em minha garganta e a vontade insana de acabar com tudo mais cedo...Pensando nisto eu jogo a garrafa na parede até seus pedaços preencherem todo espaço.

Ando até o maior deles ignorando os cacos que cortam a pele dos meus pés. Amar e não ser amado dói, e não é aquela dor que você toma remédio e passa, é a dor da alma. 

Mas alma dói? Sim dói... Só eu sei como dói.

Com o tempo esse sentimento tão bonito mas tão machucado se transforma em mágoa, mágoa com o tempo em ódio. Não posso dizer que é uma transformação fácil, sinceramente acho por muito tempo que morrer seria mais fácil. Todavia eu já estou morto de qualquer forma, e o maior motivo foi quando mataram o amor que existia dentro de mim... me mataram junto.

Arregaço as mangas da blusa branca e fina, e encosto o vidro na pele branquinha...1...2...3…Corta...