Cap. 14 - Mais leve que o ar

124 23 12
                                    














"Eu quero ser feliz."
Isso é tão Solange!












Naquele dia eu não estava assustada.
Eu me sentia bem nos braços de Jake. Ele era o amigo que estava precisando, ele sabia. E eu sabia que ele se sentia do mesmo jeito.

Eu estava tão mal... que não ligava que ele tocasse em meu cabelo. Eu havia fechado meus olhos, mas estava sentido a ponta de seus dedos macios bem no meu couro cabeludo. Tão leve. Tão lento. Seu peito, onde descansava agora meu rosto, era quente e acolhedor. Os sons de sua respiração e batida do coração, contemplavam meus ouvidos e acalmavam meu corpo.

Como a música que vem à sua cabeça toda vez que pensa em paz e tranquilidade. Apesar de não estar em meio à tanta luxúria, o toque dele me fazia sentir como se estivesse.

Eu não queria soltá-lo.

Eu não pensava em meu pai, ou em minha mãe. Muito menos em Lexi e Ryan. Eu queria apenas dormir e deixar tudo para amanhã. Eu estava vivendo um pesadelo, mas ainda esperava acordar de qualquer maneira, imaginado que tudo aquilo seria apenas um sonho. Seria?

Eu precisei beliscar meu braço mais de três vezes naquele dia para saber se era ou não real. Eu não queria abrir meus olhos, estava com medo de enxergar. Eu não havia pensado bem nisso. Eu admito.

Mas eu continuaria. Eu iria com Jake para onde não viveríamos com tanta falsidade. Com tanta intoxicação. Nem que fosse apenas por uns meses, eu iria.

Já havia despedido Grace, no dia anterior. Houve choro, de ambas as partes. Mas eu precisava ir e a vida dela era aqui. Mas prometemos nunca perder contato.

Eu me prepararia e me obrigaria a ir. Eu precisava.

[...]

Eu ouvia os sons calmos e tranquilos. Eram melodias finas e ao mesmo tempo carregadas. Palavras fortes. Elas entravam e saíam com facilidade, mas passavam como um tornado: levando tudo que havia no caminho com ele.

Como ele sabia exatamente como agir? Como ele, sorria agora?

"Porque quando eu tento... não parece ficar certo." Ouvi um trecho da música. Abri os olhos. Ele parou de tocar e olhou para mim, nossos olhares se chocaram. Eu sentei na cama dele e sorri para ele. "Você devia dormir mais. Foi difícil fazer você dormir." Ele diz e olha para seu violão, afinando as cordas. Suspiro.

Eu olho à minha volta, o seu quarto era incrivelmente arrumado e claro. Era todo feito de madeira marrom clara, tal como sua cama, seu armário, seu chão e até seu teto. Suas paredes eram brancas, como suas cortinas, que deixavam passar com facilidade a luz solar. O quarto era enorme, e continha um aspecto leve.

Tal como Jake naquele momento.

Ele parecia tão descontraído, tão leve... tão não ele. Ele vestia suas roupas escuras, de sempre. Seu cabelo estava mais desarrumado, e sua expressão facial, que dantes séria e intimidante, naquele momento estava neutra. Apenas. Não havia pressão em seus ombros, que normalmente está presente. Ele não me olhava distante e triste, como sempre fazia. Seus olhos não carregavam consigo as olheiras avermelhadas, que sempre carregavam.

Me atrevo a dizer que... Ele estava bem.

"Eu não sei se aguento ver você tão normal." Eu disse. Ele ainda não olhava para mim. "Normal no bom sentido, eu acho."

Isso é tão Solange! [NA AMAZON]Onde histórias criam vida. Descubra agora