Capítulo 3

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Nada naquele momento fazia sentido para mim. Em um momento, meu único objetivo era chegar em casa e tomar um banho quente. Agora, era tentar não morrer. Tentei me beliscar inúmeras vezes. Sem sucesso. Tentei imaginar o que havia acontecido desde o momento em que cai no chão, mas essa era minha única lembrança: o chão e a dor." Como assim não estou conseguindo lembrar de nada?

Eles continuavam a me rodear, até que o lobo de olhos azuis cintilantes rosnou e todos se afastaram, menos ele, que se aproximava cada vez mais de mim. Em pouco tempo, podia sentir seu hálito quente em minha pele e seus pelos longos tocarem eu meu corpo. Minha única reação foi justamente não reagir. Ele me analisava. Parecia que ele sabia que estava com medo. Porém, ao passar por trás mais uma vez, ele não voltou a minha frente.

Não ataquem! – ouvi uma voz feminina e firme tentando sendo clara da primeira vez.

Aquilo me assustou, mas ao mesmo tempo senti um alívio. Foi neste momento que tomei coragem e me virei. O enorme lobo não estava mais lá. Procurei pelos olhos azuis cintilantes em meio aos outros, mas nada. Em seu lugar havia uma mulher de pele escura. Seu corpo era totalmente desenhado em branco. Linhas e desenhos incompressíveis, mas que se descartavam perfeitamente em sua pele. Seus olhos não eram mais azuis, e sim um amarelo brilhante. O cabelo negro e longo era preso em uma trança. Uma grande parte de seu corpo estava a mostra. Havia um lenço branco de cetim tampando a parte da frente, e o mesmo na parte de baixo e um outro semitransparente que chegava a tocar o chão.

Ao perceber que eu a encarava, ela se virou aos outros e disse:

"Vamos levá-la a nosso povoado e de lá a levaremos a fronteira com Dwaalon, ela não é nossa responsabilidade" disse ela de forma autoritária novamente.

Todos os lobos se reverenciaram e começaram a se mover em uma só direção. Naquele momento minha mente estava cheia de perguntas, mas antes mesmo de abrir a boca ela disse:

"Sem perguntas" disse rispidamente. "você vai vir comigo. Ao me ver como um animal, vai subir em mim e se segurar" continuou e respondi apenas com a cabeça.

Em segundos não havia mais uma mulher e sim um grande animal. O mesmo dos olhos azuis, que dessa vez havia se agachado para que eu pudesse subir nele. Logo depois começou a correr rápido.

Podia sentir o vento quebrando em meu rosto. Meus cabelos dançando no ar e tudo passando tão rápido pelos meus olhos. A mata era densa e as arvores enormes pareciam não ter fim.

. . .

Alguns minutos se passaram e logo pude ver uma grande estrutura. Ela era feita de madeira. Aparentava pelo menos. Ao chegar mais perto pude ver o quão grande era e ao redor, pude ver enormes tendas e inúmeras pessoas como ela, mas desta vez havia homens e crianças. Alguns tinhas a pele escura igualzinho a ela, já outros eram brancos como a neve e seus traços no corpo eram pretos. Eles estavam juntos e misturados. Usavam vestes que cobriam as partes intimas e todas me pareciam muito ocupadas, até o momento em que eu cheguei ao povoado.

Os olhares logo se dirigiram a mim. Adentrávamos cada vez mais o povoado e estávamos mais perto do que agora me parecia um castelo. Aa pessoas abriam caminho e seus olhares eram todos direcionados a mim. Eles falavam entre eles. Uma menina de pele clara, de cabelos não tão longos, mas não tão curto. Vestida de uma forma totalmente diferente estava adentrado em seu território. Eu também ficaria encarando.

Quando estávamos perto do castelo, senti o animal se abaixar novamente. Era hora de descer e novamente ela se transformou em um "ser humano". Pude ver um homem velho sair do castelo vindo desesperado em sua direção.

"Fique aí" disse ela apontando o dedo para onde estava.

Ela foi ao encontro do homem. Ele parecia bravo, mas ao mesmo tempo com medo. Percebi que em alguns momentos eles olhavam para mim. Tentei escutar o que estavam falando, mas não era a mesma língua que eu falava. Era diferente. Falavam muito rápido. Outra coisa que percebi foi que ela levantava seu braço direito várias vezes, mostrando algo que havia nele, eu acho. Talvez estivesse ficando louca.

Claro que pela velocidade que conversavam, não demorou muito para ela terminar. A mulher voltou ao meu encontro e me direcionou a uma tenda. Ela era maior por dentro do que parecia por fora. No lado esquerdo havia uma rede e mais ao fundo havia algo que parecia uma cama. Mais para a direita havia um armário enorme cheio de livros e vidros com coisas dentro e na parede direita várias caixas. Ao centro, havia um pequeno forno, eu acho. Onda havia uma chaleira.

"Está com fome?" perguntou ela.

"Não muito, apenas dor" respondi.

"sente-se, sinta-se em casa, mas lembre-se que não esta" disse apontando para a cama nos fundos.

Vi que ela pegou uma xicara e colocou a bebida da chaleira e entregou para mim.

"o que é isso?" perguntei.

"Chá, apenas beba. Vai ajudar na dor" disse ela sentando-se na rede.

Tomei um gole e pude sentir aquilo passar raspando na minha garganta. Era amargo. Demorei para terminá-lo, mas percebi que a dor estava passando.

"Não passar muito tempo aqui" disse ela para quebrar o silencio. Ela estava deitada na rede e de olhos fechados "amanhã de manhã você vai para a divisa. Ariady vai cuidar de você" continuou ela.

"Onde estou?" perguntei.

"Floradis" disse ela dando uma risadinha de leve. "Violet, não me pergunte coisas. Ariady vai responder todas as suas dúvidas amanhã" ela disse com uma voz meio sonolenta. "você precisa dormir."

"Primeiro como sabe meu nome? Segundo quem e você e essa tal de Ariady?" Perguntei demonstrando um pouco de irritação. Aquilo estava muito estranho.

Me assustei quando ela se levantou e começou a me olhar fixamente.

"Primeiro, está escrito no seu colar. Segundo não e do seu interesse quem eu sou, mas de qualquer forma, Dandara. E, Ariady e a mulher que irá tomar conta de você" ela parou e respirou, foi em um dos armários pegou uma coberta. "agora vá dormir."

Tentei contestar, mas ela logo me cortou e disse que o dia seguinte seria longo e que mesmo aparentando estar cedo, era a melhor coisa a se fazer e realmente não tinha parado para pensar, mas estava cansada. Pequei os cobertos e me deitei na cama. Não era o lugar mais confortável, mas era o suficiente. Antes de fechar os olhos, torci para acordar na minha cama e tudo isso não se passar de um sonho.

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⏰ Última atualização: Aug 28, 2019 ⏰

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A Princesa dos Reinos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora