Capitulo 1

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O som insuportável do meu despertador já penetrava meus ouvidos sem dó nenhuma, anunciando que eram oito horas da manhã e que precisava acordar. Podia ouvir minha mãe andando pela casa, fazendo as milhares de coisas que ela costuma fazer para manter a casa em ordem. Além disso, eram cinco pessoas morando na mesma casa.

Quando finalmente fiquei pronta, com minha roupa confortável, também conhecido como legging e camiseta larga, fiz minha make. Não muito exagerada porque:

1. Não tenho tempo

2. Estou com preguiça

3. Não sou a melhor maquiadora, então não pretendo arriscar e chegar na escola parecendo um palhaço logo de manhã. Isso eu já deixo para outras meninas aí.

Sempre esqueço de arrumar minha mochila da escola, o que deixa meu tempo mais apertado ainda. Hoje só tenho duas aulas de manhã e depois tenho que ir trabalhar, ou seja, além das minhas coisas da escola, tenho que levar as coisas do trabalho (não que seja muita coisa, já que trabalho em uma lanchonete no centro da cidade).

Quando desço as escadas, encontro minha mãe com suas maravilhosas luvas cor de rosa pink lavando alguns copos e talheres.

- Bom dia! – ela fala ao perceber minha presença.

- Bom dia!

Como sempre, ela me perguntou em que parte do livro estou e o que aconteceu até agora. Ela gosta de saber dos livros que leio e sempre mostra interesse neles, e quando mando ela ler, sempre me responde que não tem tempo e que preciso contar para ela. Não que isso me irrite, mas acho que perde toda a graça, porque sempre esqueço de algum detalhe ou algo do tipo.

Sempre gostei de ler livros, a única da família, tirando meu avo paterno. Acho que é uma ótima forma de sair um pouco do mundo real e viver uma vida diferente onde tudo e possível. Muitos discordam e dizem que é apenas uma perda de tempo ou dão a desculpa que já tem um filme sobre aquilo. Idiotas, mal eles sabem o que estão perdendo e nem faço questão de insistir. Opiniões devem ser respeitadas, mesmo quando não queremos respeitar.

- A menina fugiu da mãe e de todo mundo que ela conhecia. Ah! E dos médicos também. Além disso ela mostra estar vulnerável e cansada de toda essa coisa de câncer e hospital. Já o menino está na casa dos pais no subúrbio tentando se adaptar depois do transplante de medula. Ambos pensando um no outro e assim vai. – disse tentando resumir o máximo possível porque estava atrasada.

- Interessante! – responde ela – provavelmente vão acabar juntos. Eles sempre acabam.

Não fui contra. Sei disso muito bem. São poucos livros que o final é imprevisível. Bom, whatever. Nunca consigo comer nada de manha porque me dá enjoo então só pego meu almoço e saio correndo para pegar o ônibus. Mas quando chego a porta, ouço minha mãe:

- Não precisa se despedir se não quiser – disse ela sendo claramente sarcástica. Então volto, dou um beijo e saio.

O ônibus milagrosamente chegou no horário. Não estava muito cheio e consegui encontrar um lugar de dois, vazio. Demora apenas 10 minutos até chegar ao meu destino, mas durante esses minutinhos, pude ver uma menininha loira no carrinho me olhando. Seus cabelos eram grandes e ondulados e seu rosto parecia de porcelana de tão branco, o que claramente destacava suas bochechas rosadas causadas pelo frio da Inglaterra. 15 graus, era o que o celular marcava. Seus olhos eram grandes e azuis, cor de oceano. Aquelas meninas que você sabe que quando crescerem serão maravilhosas de aparência.

Da janela do ônibus, podia enxergar o vento balançando as arvores e as folhas caindo, indicando que a primavera estava presente e logo chegava o verão e minhas férias do College. E difícil pensar em verão e não pensar em férias. Quando o motorista do ônibus abre a porta para eu sair, senti o vento gelado no meu rosto como se estivesse me dando um tapa na cara. Agradeci o motorista como de costume e sai, sabendo que tinha que caminhas mais sete minutos ate escola, porque a rua era muito estreita para passar ônibus e carros juntos. Ao mesmo tempo que amo, odeia as ruas estreitas da Inglaterra.

A Princesa dos Reinos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora