Capítulo 2

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Meu dia não tenha sido diferente dos inúmeros outros antes desse. A escola foi um saco. Cada dia parece que ficou mais difícil. Os professores exigindo cada vez mais com a desculpa de que as férias de natal estavam chegando e depois podíamos descansar até que as aulas voltassem novamente e que as coisas só iriam piorar e que deveríamos aproveitar enquanto ainda está fácil. Bla, bla,bla.

Ainda faltavam um ano e meio ate ir a faculdade, mas já podia sentir a pressão sobre mim. Fazia tempo que a única pergunta que eu ouvia era sobre curso e faculdade. Eu só tinha 17 anos, um plano em mente e torcendo que o universo esteja a seu favor para que tudo de certo, também conhecido como sorte.

Já no trabalho, tive que aguentar clientes insuportáveis que só sabem reclamar e nada mais da vida. Se não gosta de comer lá, por que ainda vão? aff!. A única coisa boa era o Matthew, o barman e melhor amigo. Que toda vez que me via estressada, sabia me fazer rir e me distrair um pouco. Para fazer meu dia ficar melhor (sqn) estava chovendo.

Na minha mais sincera opinião, amo chuva. Amo chuva quando não preciso ir trabalhar, ou ir ao colégio, ou ter que ir no mercado, ou resolver alguma coisa que envolva sair da minha querida casa e me molhar toda e chegar ensopada mesmo usando o maldito guarda-chuva que não exerce sua própria e única função, não me molhar. Já até sabia para onde ir quando chegar em casa: banheiro. Tomar uma ducha bem quentinha e o resto a gente resolve depois.

Antes da lanchonete fechar, Matthew veio falar comigo.

"Boa sorte" disso ele.

"Com o que?" perguntei meio confusa.

"A chuva. Ela não parece muito amigável hoje" disse ele e deu mais uma conferida pela janela na cozinha "eh, acho que boa sorte e pouco. Ate te dava uma carona, mas bom... não tenho carro e moro a duas quadras" disse zombando da minha cara.

"Muito obrigada pela sua opinião não solicitada" respondi.

"De nada, princesa" retrucou ele fazendo uma péssima reverencia para mim.

. . .

Antes de chegar ao ponto de ônibus, tinha que passar por um pequeno túnel, no qual fui obrigado a parar. A chuva estava muito forte, mal conseguia enxergar quando exposta a ela. Matt tinha razão. Aquele lugar era meu único refúgio no momento. Todas as lojas estavam fechadas. Já era tarde.

Olhando a chuva cair, percebi que havia um fundo musical. Uma flauta. Estava me sentindo em um filme. Não sei por quê. Não havia percebido a presença do homem ali. O som era suave e a melodia calma. Ele tocava bem, eu acho. Não sou bom com instrumentos, ao contrário do meu pai que é expert no assunto. Ele tem vários instrumentos. Não trabalha com isso. Ele só e amador. Toca nas horas livres.

Olhei para a tela do celular. 20:37pm. "Merda!". O ônibus iria passar em 10 minutos. Era o último. A chuva não parava e não parecia que ia parar tão cedo. Respirei fundo e quando percebi já estava.

" Cuidado!" ouvi alguém falar. Talvez o homem da flauta. Não deu tempo de respondê-lo. Já estava correndo. E adivinha? Isso foi um grande erro. "por que está tudo em câmera lenta?" pensei comigo mesma. Logo uma dor forte tomou conta do meu corpo. E não enxergava mais nada. Nem as milhões de gotas que antes sentia em meu corpo, não estavam mais presentes e tudo ficou escuro.

. . .

Não sei quanto tempo fiquei inconsciente. Talvez minutos, ou horas. Não conseguia enxergar muita coisa. Estava tudo embaçado. A luz do sol penetra meus olhos. "Já amanheceu?". Quando me dei conta, nada de chuva. Não sentia meu corpo molhado, só a dor.

Tentei me levantar, tentativa falha. Doía muito. Respirei.

"e lá vamos nós" falei alto.

Mesmo com muita dor, consegui me levantei. Tudo ainda girava. E foi aí que percebi que não estava onde eu tinha caído. Onde deveria estar. Não estava perto do túnel e muito menos no ponto de ônibus. Aquilo não era a cidade. Nem chegava aos pes. Só havia arvores envolta. O sol queimava no céu.

Comecei a me beliscar. "Estava dormindo. Desmaiei. Entrei em coma. Isso não pode ser real" repeti isso várias vezes. Talvez umas mil vezes. Tentava encontrar uma razão logica "talvez fui raptada, ou é uma pegadinha". Tentei ficar de pe. Aquilo era impossível e não fazia sentido nenhum. Comecei a rir de nervoso. Talvez seja apena um daqueles sonhos que parecem reais.

Devo ter ficado parada por uns 30 minutos. Olhava de um lado para o outro. Andava de um lado para o outro. Tentava achar alguma explicação, mas nada. So havia plantas POR TODA PARTE. Meu celular? Sem sinal e a bateria estava acabando. "Merda! Merda! Merda!" . não sei quantas vezes já não tinha falado isso. Foi em um desses momentos quando vi algo entre as arvores. Senti meu corpo paralisar e adrenalina subir. Tentei identificar. Sem sucesso. Era grande e preto, disso eu tinha certeza.

Os olhos de um deles eram azuis e enormes. Estavam ainda meio escondidos, mas não como antes. Percebi que era mais de um quando aquelas coisas que pareciam lobos enormes, começaram a me rondar. Não eram iguais, mas também não eram muito diferentes. Todos tinham olhos marrons, exceto por um que era azul, cor de oceano e brilhante também era o mais próximo de mim.

Apesar de a maioria do pelo ser preto, havia branco que desenhava linhas perfeitas em seus corpos. Era incrível. Jurava que elas brilhavam no escuro, mas talvez seja apenas a enorme pancada em minha cabeça

Eles me olhavam fixamente e pareciam se comunicar com algum tipo de grunhido.

"Vou morrer" foi a única coisa que passou pela minha cabeça.v 

A Princesa dos Reinos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora