Repetidas vezes ela pegou o caderno em branco, colocava a caneta na posição e tentava escrever. Mas que nada, não conseguia, parecia aquelas situações em que você tenta fazer xixi, mas não consegue concentrar-se e fica lá, buscando em seu cérebro a receita de como fazer um velho e bom xixi.
Várias vezes encostou a ponta da caneta na folha, mas só conseguiu alguns pontinhos escuros que a tinta deixava. Passou então a rabiscar seu nome, primeiro somente o nome, depois o nome completo, parecia uma criança em suas primeiras lições. Ao final de 30 minutos havia uma folha completa do seu nome escrito ali. Então lembrou-se de quando estava no ensino fundamental, em que as vezes o castigo era escrever na lousa uma frase, do tipo:
- Não devo jogar giz nos colegas!
- Não devo colar!
-Não brigo nunca mais!
Um pensamento lhe ocorreu: Será que funcionaria se escreve 1000 vezes a frase "Não devo entregar meu coração a nenhum vagabundo" ? Devagar ela começou a rabiscar a folha... Mas pensando bem, aquilo não deveria ser escrito em uma folha, mas sim nas paredes do seu coração.