Sexo ou Carinho?

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Karlla POV

Hoje o dia no trabalho foi uma merda. Não me consegui concentrar minimamente e precisava criar uma nova campanha.

Eu não consegui parar de pensar nelas, sim as duas, eu não sabia o que fazer: De um lado o sexo e um sentimento desconhecido; Do outro lado o carinho e outro sentimento desconhecido. Tomar uma decisão era difícil mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde a Cajuh viria falar comigo sobre o que estava a acontecer.

Eu a conheço bem demais para entender o clima entre nós. É estranho porque nós nos conhecemos pessoalmente há 3 dias mas eu sinto que a conheço há anos. 

E eu tinha razão, quando cheguei a casa, a mesma estava vazia. Eu não sabia nada dela há horas, ela não recebia as minhas mensagens, as chamadas iam para a caixa de entrada e só esperava não ter acontecido nada de mal.

Depois de comer qualquer coisa, tomar um banho e vestir uma roupa confortável, peguei numa garrafa de vinho e não demorei muito para beber o primeiro copo.

Deviam ser umas 23H sei lá, eu já estava entorpecida pelo vinho, quando ela chegou. A conversa logo veio, assim como mais uns quantos copos de vinho. Ela basicamente acabou tudo o que não tínhamos e deu a entender que não me daria esperanças para algo entre nós.

Não vou mentir: Custou pra ca**lho ouvir o que ela falou e processar essa informação. Depois disso, em algum momento eu adormeci no sofá, completamente bêbada. Eu não sabia o que pensar, o que sentir, o que fazer com as meninas. Sinceramente eu já nem sabia se realmente queria ficar com alguma das duas.

Não demorei muito para acordar na manhã seguinte com uma ressaca de caixão à cova, uma olheiras de meter medo ao susto e dores no corpo todo por ter dormido no sofá. Mais uma vez, o dia não foi produtivo. A Cá hoje ia embora e eu nem sabia se devia ir com ela até ao aeroporto, se devia dizer alguma coisa, se me devia despedir, me declarar ou sei lá.

É, eu realmente agi mal, eu não consegui decidir entre as duas e isso fez com quem eu ficasse nem nenhuma. E agora o que eu podia fazer? Não muito certo? Bem, pelo menos ainda tenho uma loira por perto. Acho que vou lá.

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Eram 18:30 quando saí do trabalho, àquela hora a Ty devia estar em casa e foi para lá que eu fui. Deviam ser umas 19H quando estacionei e fui até à porta do prédio. O porteiro logo informou que ela não estava em casa e eu acabei por voltar para o carro.

E ae babe, onde andas?

Ty: Estou na praia, porquê?

Estou em frente à tua porta, o porteiro falou que não estavas, queria ver-te

Ty: Vem aqui.

Ty: *localização*

Ok até já

Ty: Até já


Demorei uns 10 minutos a chegar à praia que a Ty me falou. Estacionei o carro e quando saí percorri o meu olhar pelo local. Eu não costumava vir para este lado da cidade por isso não conhecia aquela zona, contudo rapidamente a vi sentada num grande tronco de árvore no meio da areia.

Aproximei-me dela, que fitava o azul do mar e me sentei no lugar vazio ao seu lado. Ela estava com uma garrafa de alguma coisa dentro de um saco de papel marrom e eu percebi que tinha estado a chorar, pela sua cara.

- Queres falar sobre isso? - Sem olhar para ela eu perguntei com alguma relutância na voz. Eu nunca a tinha visto chorar, nunca estive ao seu lado quando ela não estava bem, a nossa relação era baseada em sexo muito bom e conversas triviais regadas de risadas. Eu não sabia muito sobre ela mesmo já nos dando há imenso tempo.

- Eu não sei, acho que sinto coisas por alguém. Coisas que eu não sentia há anos Karlla, coisas que eu jurava nunca voltar a sentir. E agora não sei o que fazer. - Ela bebeu mais um gole de bebida e depois estendeu a mesma para mim, que aceitei e bebi também.

- Bem, acho que não sou a melhor a dar conselhos sobre vida amorosa. Acho que se realmente sentes isso tudo por ela, o melhor é ires atrás.

- Ai está o problema, eu não tenho como ir atrás porque ela não está aqui.

- Oh, percebo. Bem, acho que não há impossíveis. Se sentes isso por ela e ela sente por ti, tudo se vai resolver.

- Tens razão. - Ela respirava fundo, eu percebi que o seu olhar se transformou em esperançoso, já eu ficava cada vez mais triste. - E tu, o que se passa?

- Eu vim te pedir desculpas na verdade. - Ela nada disse, apenas continuei. - Eu errei Ty, contigo e com a Cajuh. Eu conheci-te naquela noite e a nossa química foi instantânea, nos aproximamos e eu admito que o sexo era muito bom, isso fez com que eu não conseguisse não estar contigo. A nossa conexão é óptima e com o tempo eu percebi que sentia mais por ti do que apenas um bom sexo. Tu te tornaste algo mais mas eu não sabia decifrar o quê e aí eu tinha ela, do outro lado do país, sem previsões de a ver sequer. Aquilo que eu e ela tínhamos era uma amizade extraordinária, nós nos conhecíamos mesmo sem nunca nos termos realmente conhecido. Eu me vi perdida entre as duas, sem saber o que fazer e amando as duas de formas diferentes e agora eu fiquei nem vocês. 

- Confesso que quando fui a tua casa, eu ia dizer-te que sentia algo mais por ti. Eu já não queria ser só uma foda, um sexo que ti tinhas quando quisesses. Eu queria ser um bocadinho mais que isso, queria conhecer-te, estar ao teu lado quando estivesses em baixo. Acordar ao teu lado todos os dias e fazer-te café da manhã e dar-te um beijo de bom dia de trabalho.

Eu estava sem reacção, ela estava a declarar-se a mim quando eu fiz tanta merda com ela. Como era possível era ser tão perfeita? Era possível ela me aceitar mesmo depois daquilo tudo?

- Eu quero Ty, eu quero isso contigo. Quero experimentar uma vida a teu lado, dar-te amor, fazer amor contigo, dar-te os bons dias e as boas noites, todos os dias. Aconchegar os lençóis, velar o teu sono e acordar-te com beijos.

- Karlla, tu não estás a perceber. Isso é passado. É insano, passaram apenas 4 dias desde aquela noite mas para mim, tudo mudou. Quando eu fui lá eu queria isso tudo, quando eu saí de lá eu percebi que nada fazia sentido. Aquilo que aconteceu ali foi uma das melhores noites da minha vida, contudo tudo mudou. Eu percebi que aquilo que sentia por ti era apenas carinho, na verdade eu nunca te amei, nunca senti mais que carinho por ti mas na altura parecia que sim. Hoje eu entendo que esses sentimentos fortes não te pertencem, a pessoa que roubou o meu coração não está mais aqui, estou do outro lado do país e eu não sei o que fazer em relação a isso. Desculpa se te dei esperanças de alguma forma mas hoje eu consigo enxergar que não sinto nada por ti além de um carinho especial.

- Eu entendo Ty, eu quero que sejas muito feliz e acredita que essa menina é uma sortuda por ter o teu amor. O que mais quero é que tu possas resolver essa questão da distância e lutar por esse amor.

- Eu espero Karlla e espero também que aconteça o mesmo contigo. Ainda és nova e sei que vais encontrar alguém que te faça feliz e que te dê todo o amor que mereces.


Após mais um tempo de conversa e com a garrafa vazia nós nos despedimos e eu ia para casa. Ia abrir outra garrafa de vinho e comer gelado para me entupir e curar a depressão da rejeição dupla. No caminho passei por um bar com um grande letreiro neon azul e sem pensar duas vezes estacionei o carro e entrei. Naquela noite eu não sei como cheguei a casa, com quem dormi ou o que fiz, tudo é um borrão.




N/A:

E aeeeee... essa opiniões sobre a Karlla? E o que a Ty vais fazer em relação ao sentimento dela????

Kastyjuh - Mini FicOnde histórias criam vida. Descubra agora