Kospi {yoonmin}

Vinte e Um Mil Dólares

Apesar de gostar muito do que fazia, e, principalmente, de como sua conta bancária ficava depois que terminava o dia, Yoongi ainda ficava entediado no trabalho, olhando para as paredes e se perguntando se seria arriscado demais deixar suas ações do jeito que estavam sem se preocupar com o futuro. Jieun ainda recusava ofertas de entrevistas para revistas que não eram do interesse do acionista, e passava para ele as propostas mais chamativas. Em uma tarde específica, Jungkook se sentou na cadeira em frente à sua mesa e jogou cartas com seu chefe por algumas horas, até que a bolsa fechasse e ele desse o expediente de todos como encerrado. Dias lentos podiam ser chatos em partes, mas interessantes em outras.

Aquela segunda-feira em específico estava muito lenta. Yoongi sentia como se seus membros fossem derreter em sua cadeira e ele fosse virar uma poça de tédio no chão de mármore de seu escritório, mesmo que a temperatura lá fora ficasse cada dia mais baixa à medida que o inverno se aproximava. Até Jungkook parecia estar entediado, a julgar pelo bocejo que ele estava dando quando Yoongi olhou em sua direção de maneira discreta para não ser pego no flagra. Ele até se permitiu ver o futuro dali a alguns minutos para saber se uma nave espacial com alienígenas futurísticos cairia em Seul para livrá-lo do tédio, mas tudo seguiria perfeitamente normal. Talvez até alguém invadindo seu escritório e exigindo respostas para seus segredos fosse interessante, e tiraria o sono que Jungkook estava sentindo em dois segundos.

Jimin [14:01]: vai trabalhar

O som de seu celular vibrando em cima da mesa o despertou um pouco, seus olhos piscando rápido para afastar o sono que estava começando a sentir e para conseguir ler melhor as letras pequenininhas que estavam escritas na tela. Uma risada debochada escapou de sua boca e atraiu a atenção de Jungkook, mas Yoongi não viu porque estava ocupado demais fingindo que estava digitando uma resposta quando na verdade estava xingando Jimin em sua mente, recebendo várias respostas igualmente mal-educadas em uma velocidade absurda. Não demorou muito para ele começar a rir como uma criança que não podia ser pega pelos pais fazendo uma besteira que era engraçada demais para ele, mordendo a ponta da própria língua para não fazer um escândalo, e tudo porque Park Jimin estava o enviando mensagens frustradas por conta dos xingamentos que estava lendo na mente de Yoongi.

Jimin [14:06]: isso é rude

Jimin [14:06]: ok, isso é mais do que rude

Jimin [14:08]: deveria eu ficar preocupado com a facilidade que você tem de imaginar a cena de um assassinato?

Jimin [14:09]: por que você não imagina nós dois de mãos dadas saltitando em campos de lírios, hyung? isso é perturbador

Yoongi arqueou uma sobrancelha depois de ler aquela mensagem, trocando a imagem que estava em sua mente para uma muito mais bonita e nada ameaçadora como as que ele estava imaginando antes. Era exatamente o que Jimin havia pedido; eles dois em um campo de lírios, de mãos dadas, correndo feito duas crianças e rindo sem parar. Uma hora, a mão de Jimin se soltou e eles ficaram alguns passos separados, mas Yoongi esperou pelo garoto, esperou que ele voltasse a correr e seus dedos se entrelaçassem de novo para eles continuarem o caminho. Foi estranho. Yoongi se perguntava se estava sendo esquisito para Jimin como estava sendo para ele, porque eles nunca ficaram em paz daquele jeito, e provavelmente nunca ficariam. Por mais que Yoongi pensasse em grosserias a respeito do garoto, eles estavam se divertindo naquela troca de ofensas naquele momento. Eles se divertiram quando Jimin apareceu em seu apartamento e jantaram juntos. Mas aquilo? Aquilo era um pouco demais.

Jimin [14:11]: volta para o assassinato, era mais fácil de engolir

As risadas voltaram quando Yoongi voltou a pensar nos assassinatos, ainda mais quando Jimin começou a tratar aquilo como uma espécie de troca de mensagens eróticas; se alguém visse o celular de Yoongi, ele não saberia explicar por que havia recebido um 'ah, isso, me esfaqueia com mais força' seguido de diversas onomatopeias, mas não queria pensar naquilo. Ele tinha quase certeza de que seu rosto estava começando a ficar vermelho de tanto que tentava prender seu riso, e nem se importava mais em checar com o canto do olho se seu guarda-costas estava o encarando. Era bom ter momentos de paz com Jimin, mesmo que de uma maneira inusitada e que provavelmente mais ninguém entenderia. Era bom saber que eles podiam conversar sem realmente quererem se matar.