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A DESPEDIDA

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A DESPEDIDA.

Depois que sai correndo da casa de Alberto, caminhei por horas pelas ruas do Rio de Janeiro e de repente, me vi em uma praia, sentada na areia e olhando o vai, e vem das ondas, as palavras de Alberto giravam em minha cabeça como um redemoinho.

... Você não é a culpada, Valquíria!

... Por Deus, você era apenas uma criança!

... Ele era o adulto, ele podia ter dito não!

... Sua mãe mentiu, ela se enganou...

Então eu me lembro de que nunca mais fui vê-lo, ela nunca me permitiu.

... Não se atreva a visitá-lo, sua assassina de merda!

... Ele deve estar odiando você agora.

As lágrimas voltam a romper e inundam os meus olhos. Puxo a respiração com força e seco as minhas lágrimas uma por uma.

... Você não teve culpa!

... Você não teve culpa!

... Você não teve culpa!

- Eu não tive culpa - repito as palavras, apreciando a sensação do aperto afrouxando lentamente o meu peito. Não sei exatamente quanto tempo fiquei aqui sentada, só sei que quando toda a tempestade dentro de mim se acalmou, me levantei e voltei para o meu apartamento, dando graças a Deus por Sil não estar em casa, pois, ainda era horário de trabalho. Entro em meu quarto e pego o meu cartão, uma mochila e jogo umas poucas roupas dentro. - Droga, esqueci meu celular na casa de Alberto! - resmungo baixinho e saio do apartamento direto para a rodoviária. Compro uma passagem para Águas de São Pedro e chego a cidade no final da tarde. Na saída da rodoviária, chamo um táxi e dou o endereço do cemitério de São Pedro. Passo alguns segundos encarando a fachada triste e fria do lugar, até encontrar coragem para entrar realmente. Meus passos são lentos e indecisos cada vez que me aproximo do túmulo da pessoa que um dia me amou de verdade. A única pessoa que me deu seu carinho, atenção e proteção. Paro em frente a pedra escura de mármore e fito a foto envelhecida pelo tempo em uma moldura de prata, e passo meus dedos trêmulos pela sua imagem gasta pelo tempo. Os arranjos de flores recém-trocados embelezam o seu túmulo e sem forças, me sento no banco de concreto e fico quieta, apenas olhando a sepultura sem dizer uma única palavra. As palavras não chegam, eu não consigo dizer o que está preso dentro do meu peito, então apenas choro. As lembranças de nós dois vem a minha mente e me pego sorrindo para nossos momentos. Nós dois brincando e rindo em um carrossel no parque de diversões, comendo pipoca e algodão-doce. Depois, caminhamos em uma praça, ou correndo na praia em um fim de tarde e até mesmo, assistindo a um jogo no estádio. Um churrasco em casa com nossos amigos. O som da sua voz, da sua risada, tudo é tão doloroso! Não sei o porquê, mas ficar perto do seu túmulo abriu minhas lembranças para coisas que eu não recordava mais. Momentos lindos nossos no consultório cuidando de uma tartaruga marinha. Rio quando lembro dele com a cara suja de bolo do seu aniversário. Nessas lembranças todas, ela nunca chegou perto de mim. Nem um beijo, um afago, um carinho, nada! Penso que minha mãe nunca gostou de mim como o meu pai me amava. Ela tinha um ciúme doentio, eu não sei...

8. Ressurgindo das Cinzas.Onde histórias criam vida. Descubra agora