|| Cap. 10, Malena ||

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Cheguei no hospital mais cedo e como a primeira consulta seria só em trinta minutos,tive tempo de ir até a lanchonete. Tamanha foi a minha surpresa,ao ver Kiara bebericando um café. Como assim?
Malena: Como você chega e não me avisa? -sento ao seu lado.
Kiara: Vim direto do aeroporto para cá. Queria fazer surpresa! -me abraça.
Malena: Tava morrendo de saudade. -faço manha.
Kiara: Eu também! -me aperta mais- Como meus sobrinhos estão? -alisa minha barriga.
Malena: Muito bem,no conforto do útero de mamãe. -rimos.
Kiara: Titia trouxe muitos presentes.
Malena: Meus pais vão sair hoje,quer jantar lá em casa?
Kiara: Não dá! -lamenta,bebendo mais um gole do café- Eu e o Humberto vamos visitar meus pais,mas pode ser amanhã? Aproveito para levar os presentes! -diz animada.
Malena: Claro! Mas me conta,como foi a lua de mel?
Kiara: Já quero fazer outra! -ri animada.
Entre uma risada e outra,ouvi os relatos da maluquices de Kiara e Nonato. É impressionante como um compra o "barulho" do outro e de uma forma estranha se completam. Resolvi não contar sobre o beijo de ontem,nem de como me sinto. Não seria justo soterrar o momento feliz da minha amiga,com meu dramas.
Seu pager bipou e eu tive que terminar de comer sozinha e assim que cheguei em meu consultório,os atendimentos começaram.
{...}
Malena: Eu sinto muito,Vilma. A biópsia apontou que o seu nódulo é maligno. -ela apertou a mão na boca para abafar o choro,enquanto era abraçada pelo marido.
Vilma é minha paciente desde que voltei para o Brasil e há um mês,ela encontrou um pequeno nódulo na mama esquerda,durante o autoexame. Fizemos a biópsia e o resultado comprou o que mais temíamos.

|| Cap. 11, Malena ||

Vilma: Eu vou morrer?
Malena: Descobrimos no começo,as chances de cura são muito altas. -tento parecer o mais confortante possível- Vou te indicar um oncologista e juntos,vamos traçar o seu plano de tratamento o mais rápido. Eu sei que é difícil,mas é importante que fique calma e se mantenha confiante.
Vilma: Vou ter que tirar o seio? -aperta a mão do marido.
Malena: Em alguns casos não há necessidade. Pedirei mais uma ressonância e outra ultrassom para vermos se o tumor aumentou e poderemos ter responder.
Vilma: Não quero ficar deformada,Malena. -seu choro intensifica e engulo em seco,tentado ser o mais profissional possível. Mesmo que os hormônios não estejam ajudando muito.
Dalto: Não pensa nisso,amor. O mais importante é a sua saúde. -dá um selinho na esposa,que está inconsolável.
Malena: Já existem muitas opções de plásticas reconstrutivas,Vilma. Depois de algum tempo,se você quiser,pode optar por esse recurso. Aqui mesmo no hospital,temos ótimos cirurgiões plásticos. -ri solidária.
Digitei os pedidos de exames,fiz várias recomendações,tirei mais algumas dúvidas e então,a consulta acabou. Como ela era a última paciente do dia,arrumei minha mesa,peguei jaleco e bolsa e andei até estacionamento,sentindo os tornozelos inchados doerem.
{...}
Cheguei em casa,encontrando tudo no mais puro silêncio. Meus deixaram um bilhete avisando que voltariam tarde e que o jantar estava na geladeira.
Suspirei olhando em volta,sentindo a solidão me engolir.
Tomei um banho quente e deitei em minha cama com os pés para cima,depois de colocar um filme de super-herói.
Olhei para o celular e novamente a vontade de ligar ou mandar uma mensagem para Luan me tomou,mas mais uma vez desisti.

|| Cap. 12, Luan ||

Assinei a planta finalizada e joguei o grafite na mesa. Mais um projeto concluído,graças a Deus!
O cansaço pesou em meus ombros e o meu reflexo no vidro da mesa,me alarmou de que preciso dormir uma noite inteira,só para variar. Apesar do cabelo cortado e barba feita,ainda estou "abatido" (palavras de Xumba).
O terno que eu cheguei vestido no canto,os primeiros botões da camisa abertos e olheiras significativas me convenceram de que,realmente,precisava ir para casa.
Olhei para o relógio que marcava "20h32min" e desliguei o computador. Pelos corredores da construtora,o silêncio era quebrado pelo som do meu sapato no piso e os únicos seres vivos no ambiente,somos eu e os seguranças.
Entrei no carro e já estava dando partida,quando meu celular tocou.
Luan: Quem será a essa hora? -murmuro tirando o celular do bolso do terno.
Abri um sorriso bobo vendo "Morena ♥" na tela,mas a preocupação me tomou. Ela não me ligaria se não fosse algo sério,né?
Luan: Malena? Aconteceu alguma coisa? -externo minha aflição.
Malena: Oi,Luan. -solta sua risadinha sem graça- Na verdade,aconteceu. Mas pode ficar tranquilo,que não é nada ruim. -respirei aliviado.
Luan: Graças a Deus! O que houve?
Malena: É que... Eu 'tô' com desejo! -diz baixinho e posso apostar que ela está mordendo o canto da boca agora.
Sempre faz isso,quando está envergonha.
Luan: E o que os meus amores querem? -rio bobo,com o coração explodindo de alegria por ela ter me incluído.
Malena: Eu estou salivando por um Yakisoba daquele restaurante japonês do centro.
Luan: Eu já chego aí,é só o tempo de ir comprar.
Malena: Muito obrigada mesmo e desculpa por incomodar. É que meus pais saíram e meus tornozelos estão inchados,não quis arriscar dirigir.
Luan: Pelo amor de Deus,morena. Não existe lugar no mundo onde eu queira mais estar do que com vocês.
Malena: Obrigada! -se despediu e desligou.

Linha Tênue. (Segunda Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora