Kyle
Nunca na minha vida inteira eu fiz uma prova tão difícil. Metade da sala inteira estava suando frio, enquanto o resto segurava o choro. A professora de Matemática nunca teve dó de ninguém ali, disso eu tinha certeza. A caneta que havia em minhas mãos estava fria , e eu sabia que aquilo não era bom. Situações estressantes sempre me deixavam descontrolado, do tipo: Me segura se não congelo metade da escola.
É, isso mesmo. Tenho o quê minha querida mãe chama de "habilidades especiais herdadas do seu lado paterno alienígena", e não, não curto muito isso. Daria tudo para ser alguém normal.
Bom, soube que tinha poderes quando com seis anos congelei o controle do meu videogame enquanto jogava Resident Evil.
Cagão eu? Jamais.
Depois daquilo, minha mãe veio com um assunto estranho. Disse que eu era filho de um deus nórdico que por infelicidade ela dormiu. De primeira, não acreditei. Era impossível existir tal mitologia.
Até que os Vingadores foram fundados e apareceu Thor. No dia, minha mãe quase esfregou a TV na minha cara, dizendo para que eu acreditasse mais na palavra dela.
Quase tive um treco de felicidade, achando que o herói mais legal e forte do grupo era meu pai.
Iludido eu.
Fui descobrir que meu verdadeiro pai era o Psicopata que atacou New York e lutou contra os Vingadores, vulgo Loki, irmão de Thor. Ainda me recuso a acreditar que sou cria daquele doido, mas fazer o quê? Palavra de mãe é sagrada.
Minhas habilidades e aparência não cooperam, também. Tenho olhos verdes, sendo que os da minha mãe são castanhos. Além dos cabelos negros que não ajudam. Mas a aparência eu acho que não importa muito, por isso vou pular logo para os poderes. Além das mãos de Elsa, descobri recentemente que por mais difícil de se acreditar, minto muito bem.
Ah, destino cruel.
Mentira, adoro isso.
Falando nisso, agora mesmo sinto que não vou aguentar mais. Se minha pele ficar azul logo aqui, não sei como vou explicar pra metade da escola o porquê que do nada eu virei um personagem de Avatar.
-Professora, 'tô passando mal. -Eu disse com a voz mais fingidamenete dolorida para a mulher, que me olha com uma carranca. Impossível que não acredite que estou morrendo com esse teste que parece que foi escrito no fogo. Após alguns segundo me analisando, ela finalmente dá seu veredicto.
-Tudo bem. Pegue sua bolsa e vá para a enfermaria.
Nunca pensei que pudesse arrumar meus materiais tão rápido. O que o desespero não faz com uma pessoa? Apesar das claras instruções que ela meu deu, fui diretamente ao banheiro, onde por sorte se encontrava vazio. Larguei minha mochila em um canto e fui diretamente ao espelho, fitando meu reflexo. No canto da minha testa havia uma pequena parte levemente azul. Respirei fundo inúmeras vezes, tentando me acalmar.
Não aqui, Kyle. Não aqui.
Senti meu coração desacelerar, enquanto a macha sumia. Fui em direção a torneira, mas parei no exato momento que percebi minhas mãos geladas demais. O encanamento não merecia tal sofrimento gélido. Resolvi que seria melhor ir à enfermaria. Talvez a mulher de lá me liberasse se achasse que eu estava morrendo de hipotermia.
[...]
Acabou que meu teatrinho deu certo, e eu finalmente senti a felicidade de como é bom chegar em casa. Minha mãe não estava, é claro. Ela trabalhava de enfermeira em um hospital aqui perto. Não pensei duas vezes em encher minha banheira de água fria e entrar, com roupa mesmo.
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·Lokison·
AdventureKyle Lews era um jovem que queria ser normal. Com 16 anos, morava junto com sua mãe em um apartamento pequeno na movimentada New York. Só um "pequeno" fato o diferencia da maioria dos outros jovens, o mesmo é filho do Deus da Mentira, Loki. Kyle nu...