Capítulo 26

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Jax...

Eu só pedi, uma única coisa e era para segurança dela, mas pelo visto eu estava a

sufocar e a prova está aqui nas minhas mãos, quando meu celular apitou no meio da reunião, eu estava ansioso por saber de Macy, estava morrendo de saudades e só fazia um dia e meio, me arrependo na hora, quando abro as imagens, que o número desconhecido me enviou.
Estou com a raiva e a mágoa, me corroendo por dentro olhando as imagens de Macy, numa "boate", esta dançando e feliz no meio de vários corpos, que se movem ao ritmo da música, em cada foto uma legenda que afundava mais o punhal em meu peito.
Aquilo doía, nunca senti aquele tipo de dor, eu me senti traído pela única pessoa, que já amei nessa merda de vida, me senti um completo idiota por facilitar e permitir que alguém atravessava, agora tudo que consigo sentir é dor e mágoa.
Jogo o celular de lado e esfrego meu rosto, decepcionado.
As reuniões do dia se encerram e eu estou saindo da empresa, quando Vick uma das funcionárias da filial, me cumprimenta.

— Foi uma excelente reunião, Senhor Wyatt.

Sabe aquela frase, não deixe o ódio te cegar, bom comigo, funciona exatamente ao contrário, eu queria que ele me cegasse e tirasse todos os outros sentidos do meu corpo.
Abro um daqueles sorrisos de predador, fazia tempo que não o fazia.

— Gostaria de tomar um drinque, comigo?

Ela abre um sorriso e pisca os cílios longos, então seguimos para o carro, Thomas me observa, enquanto me aproximo e seu olhar é pura reprovação, mas o meu é de ódio, então acabo vencendo, ele entra no carro, balançando a cabeça e dá partida.

*******************

O resto da semana, esta chegando ao fim e bebitanto esses últimos dias, logo que chegava ao hotel, então desmaiava nacama, Thomas sempre me avisava que Macy, tinha ligado e pedia que euretornasse, mas eu não estava pronto para ouvir sua voz ainda, preferia beber atéapagar.
Mas, hoje eu tinha que retornar finalmente e minhas tentativas de ignorar Macy,parecia ter funcionado, já fazia dois dias que ela não ligava.
Entro no carro com os óculos escuros, para disfarçar os olhos de ressaca, estavacalor no Rio de Janeiro, o Brasil era um país muito peculiar, eu teriaexplorado mais, se não estivesse tão puto.
Me jogo no banco do carro e Thomas não me dirige uma única palavra, seguimosassim até ao aeroporto, onde o jatinho nos aguardava.
Desço do carro com ele logo atrás, subo as escadas e me aconchego numapoltrona, Thomas arruma a bagagem e se mantém a distância me observando, ele realmenteesta me dando o gelo.
Durmo durante o voo de volta, minha cabeça ainda esta girando e a ressacacomeçou a pesar sobre mim.
Desperto, assim que sinto o jato aterrizando.

Estou parecendo um zumbi, por que tudo que faço parece em câmera lenta, a única coisaque esta, acelerado em mim são as batidas do meu coração, ele ainda, não parece entender a merda, que esta por vim, mas meu cérebro é bom em recordar, lembro a ele da dor que sentiu nos últimos dias, a mágoa e a raiva que o dominou, por todas as noites, quando se afogava no álcool.

****************

O apartamento esta silencioso, Macy ainda esta no trabalho, bom pelo menos eu tinha certeza disso
antes, hoje ainda é sexta-feira,é a penas 16:00 da tarde, então vou em direção ao quarto e abro o closet, suas roupas ainda estão arrumadas, pego as suas duas malas e jogo tudo dentro, esvazio as gavetas até estarem sem nada, que lembre dela, arrasto às duas malas até o elevador e peço para Thomas, as porem no carro, ele me olha assustado e sem entender nada, mas um único olhar meu é suficiente, para ele entender e obedecer, então o faz em silêncio.

— Quando ela chegar, deixe que a suba, quero falar pessoalmente com ela, tá entendendo?

Ele confirma com a cabeça e retorna para seu posto.
Volto para o apartamento e tomo um banho, quero tirar o cheiro dela que ficou em mim.
No banho a dor me pegou de vez, encostei no azulejo frio e deslizei, até ficar no chão, aquele nó que estava preso em minha garganta, começou a ficar apertado cada vez mais, meus olhos ardiam, foi quando o som grotesco saiu da minha boca, parecia um uivo de dor.
As lágrimas, rolaram embaçando meus olhos.
Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas quando levantei, as lágrimas já haviam secado, me restando apenas a raiva que se espalha por cada célula do meu corpo.
Me ergui e enrolei uma toalha em volta do quadril, parei na frente do espelho embaçado pelo vapor do chuveiro, estiquei a mão e limpei para encarar o homem que estava diante do espelho, não gosto, do que vejo, fecho minha mão em punho e soco contra o vidro estilhaçando tudo, minha mão sangra dentro da pia, mas não me importo, fico olhando até que ela incha, a lavo limpando os cacos de vidros e a envolvo numa gaze que encontrei na caixa de primeiros socorro.

Olho em volta do quarto, ainda bagunçado, vou até o closet e pego uma camiseta e uma calça, jeans.
Volto para sala e vou direto ao único lugar, que quero estar, nesse momento, o barzinho da sala, me sirvo de uma dose de uísque puro e viro, deixo o líquido queimar, enquanto desce goela abaixo, preparo um segundo e me jogo no sofá, meu celular toca, olho o número e vejo que é de Maya.

— Fala?

— Aconteceu alguma coisa?

Minto, porque eu diria qualquer coisa sobre minha vida de merda

— Não, tá tudo perfeito.

Era para ser natural, mas meu tom de voz, esta acompanhando meu humor.

— Não parece, quer me contar porque esta assim tão seco?

Solto uma risada, não quero ser cruel com a pessoa errada, mas é aquela velha história, o ódio cega as pessoas.

— Maya, aconteceu alguma coisa, porque no momento não estou interessar-se em drama.

Ela fica em silêncio.

— Você, tá bêbado?

Outra risada, mas o álcool esta ajudando nisso.

— E se tiver, qual o problema?

— Aconteceu alguma coisa com você e Macy?

Ao pronunciar o nome de Macy, perco a noção.

— QUEM É MACY????

— Jax...qual o seu problema?

— Agora, nenhum, estou livre de todos.

— Vocês brigaram, é isso?

Outra risada dura e seca.

— Acorda Maya, nem você é tão ingênua, eu contratei Macy, para bancar a minha noiva, olha, parece que funcionou ela enganou a todo mundo, até a mim mesmo que deixei me apaixonar por ela.

— Jax, do que você tá falando?

— É isso mesmo que você ouviu?

— Você tá bêbado, vou desligar a gente conversa outra hora,ou melhor, estou indo para São Francisco.

Ela desliga o telefone, antes que eu diga mais alguma coisa e eu fico lá deitado no sofá, esperando as horas passarem, pedindo para tudo ser um daqueles malditos pesadelos.
Fecho os olhos e apago sonhando com ela, a mulher que estava disposta abrir mão de todos meus medos por ela, uma família, eu queria dar uma família a ela, queria ter tudo com ela, agora eu estava aqui desmaiado no sofá, com o coração sangrando.


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