Capítulo XVI

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-Oh, Eric, pegue um pouco mais de sobremesa! – Dizia Lilian enquanto cortava outra fatia de torta de pêssego e o servindo como uma verdadeira anfitriã.

-Obrigado, senhora Evans. Sua comida estava mesmo deliciosa!

Brooke sentiu vontade de quebrar a cara de Eric, achando que não aguentaria se quer mais um único minuto daquele almoço bizarro, mas precisava se comportar. Tinha passado as últimas quatro horas ouvindo as bajulações que sua mãe e Eric trocavam, e acabou se surpreendendo com a empolgação de Lilian. Ah, Deus! Mas que papelão sua mãe estava fazendo!!

-Acredita que minha torta de pêssegos já foi premiada em um festival de Fox River? – Indagou sua mãe, com um sorriso orgulhoso no rosto.

-A senhora fala como se isso fosse uma verdadeira façanha. – Retruca Brooke enquanto revirava os olhos – Aposto que devia ser a única pessoa que sabia fazer tortas de pêssegos em Fox River!

-Engraçadinha! Pois fique sabendo que naquele ano havia cinco competidoras! E mesmo assim, a minha receita foi a campeã.

-Sinceramente, não fico surpreso em ouvir isso! – Comentou Eric ao abocanhar mais um pedaço da sobremesa, parecendo realmente desfrutar da comida – Não consigo me lembrar de quando foi a última vez que comi algo tão saboroso.

-Viu só, Brooke? Ainda existem pessoas que valorizam a minha comida. Mas diga-nos, Eric... O que te trouxe de volta a nossa cinzenta Hoquiam?

-Bem, em parte foi por conta do infarto que meu pai teve no mês passado, mas devo confessar que também estava cansado de viver na estrada. Não me entenda mal, eu realmente desfrutei do tempo em que passei no Médicos sem Fronteiras, mas chega uma hora em que um homem só consegue pensar em firmar raízes, entende?

-Fico feliz em ouvir isso! Essa geração de vocês perdeu o gosto por coisas como ter um lar e constituir famílias...

-Pois posso garantir que não é a minha geração que está enchendo o Abrigo Municipal com idosos abandonados! – Disse Brooke, irritada. Mas antes que Lilian pudesse chamar a atenção da filha novamente, Eric interveio.

-Bom, de qualquer modo, estou feliz por estar de volta e confesso que fiquei surpreso ao reencontrar Brooke. A propósito, a senhora está de parabéns por ter criado uma mulher tão forte sozinha.

-Forte e geniosa. – Concluiu Lilian, bebendo mais um gole de sua taça de vinho – Mas fico feliz em ver que vocês dois estão se dando bem. Não é qualquer pessoa que consegue aturar o gênio da minha filha!

-Mamãe!

-Não me olhe assim, Brooke. Sabe que estou falando a verdade! Você quase não tem amigos justamente por conta desse seu temperamento difícil.

-Eu quase não tenho amigos porque a senhora me deixava trancada em casa, lembra?

-Oh Lilian, Brooke te contou a novidade? – Indagou Eric de supetão, parecendo desesperado para mudar de assunto – Nós dois estamos namorando.

O silêncio reinou na sala pela primeira vez naquela tarde, e Brooke trincou os dentes para não gritar com Eric. Ótimo! Mais uma vez, ele tinha agido sem lhe consultar. Não que ela quisesse manter seu relacionamento em segredo, mas queria poder falar com a mãe da forma certa, e não assim: no meio de uma discussão.

-Isso é... Isso é muito bom. – Disse Lilian por fim, parecendo finalmente recuperar a voz – Fico feliz que minha filha esteja namorando com um homem tão bom quanto você, mas espero que não estejam indo rápido de mais...

-Não é como se já estivéssemos com o casamento marcado, mamãe!

-O que a Brooke quer dizer é que nós estamos aproveitando o momento. – Interveio Eric, com um maldito sorriso torto no rosto – Estamos saindo desde a confraternização de natal, mas só ficamos sérios quando a Brooke teve aquela queda de pressão na semana passada...

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