Um Lugar ao Sol

Capítulo XI

-Temos mais uma admissão no 203! – Avisou Alice, passando pela enfermaria como um verdadeiro furacão só para entregar a Brooke uma nova ficha de internamento – Acho que agora estamos oficialmente lotados!

-Veja pelo lado bom: ao menos não teremos mais admissões pelo resto da madrugada.

-Engraçadinha! A partir de agora todo paciente que chegar no hospital será transferido para Aberdeen e isso sim vai ser trabalhoso! Ah, alem disso, Eric pediu para te avisar que ele vai precisar passar a noite na emergência, dando suporte.

-Ta tudo bem, sério! – Garantiu Brooke, revirando os olhos para as preocupações da amiga – A Dra. Rachel está comigo e estamos fazendo um ótimo trabalho juntas.

-Eu sei, mas... Acha que consegue dar conta da enfermaria sem mim? A emergência ainda está bem agitada, mas eu posso...

-Relaxa Alice. Tenho tudo sobre controle.

Brooke deu uma piscadela marota para a amiga enquanto praticamente a expulsava do setor, tentando fingir uma disposição que não existia. Aquela madrugada estava sendo a mais agitada da estação, e para piorar Brooke teve que assumir a enfermaria sozinha, já que Alice precisou ser remanejada para dar suporte na emergência. Aparentemente a gripe que vinha assolando Hoquiam havia atingido seu auge, e isso acabou lotando o hospital com crianças, idosos e asmáticos.

A situação parecia quase caótica em meio a tantas admissões e Brooke tentava se dividir em duas para dar conta da alta demanda de pacientes. Ela se quer teve tempo para descansar durante o intervalo da madrugada e sabia que as coisas estavam longe de se acalmarem, mas ao menos assim Brooke conseguia manter sua mente ocupada e não pensar sobre o encontro que ela teria com Eric na sexta à noite! Já fazia um bom tempo que ela não saia com alguém e isso vinha lhe deixando meio ansiosa... Por sorte, o plantão estava tão lotado que ela mal conseguiu ver Eric, mas sabia que seria apenas uma questão de tempo.

Disposta a focar no trabalho, Brooke decidiu deixar que a enfermeira dentro de si falasse mais alto e foi atender o paciente que Alice tinha acabado de transferir. O hospital inteiro estava meio fora de controle, com todos os setores em alerta vermelho e boa parte dos funcionários fazendo hora extra. Brooke passou a noite inteira em pé, correndo de um lado para o outro enquanto tentava manter um pouco de ordem na enfermaria, mas as coisas estavam bem caóticas. Sua cabeça doía horrores e precisou tomar duas aspirinas para poder aguentar o resto da madrugada sem conseguir ao menos fazer uma pausa para comer algo, o que só potencializava o seu cansaço.

Já era quase seis da manhã quando ela foi até o posto de enfermagem para pegar mais lençóis limpos e acabou se deparando com Christina Carroll, a enfermeira que costumava substituí-la no turno da manhã.

-Chris? Você já esta por aqui? – Indagou Brooke um tanto confusa e conferindo as horas em seu relógio de pulso – Está bem adiantada... Na verdade, ainda faltam duas horas para o seu turno começar!

-Eu sei... – Disse a outra, com um olhar apelativo – É que eu não vim para te render.

-Como assim? Te convocaram para fazer hora extra também?

-Antes fosse... Estou aqui porque meu filho mais novo contraiu a gripe e como ele sofre de sinusite precisei trazê-lo até a emergência.

-Mas ele está bem?

-Sim, está. Mas o Dr. Peter decidiu interná-lo por precaução e... Lamento Brooke. Não vou poder te substituir hoje.

-O que? – Ela engoliu em seco ao ouvir aquilo e tentou se controlar. Se Christina não pudesse substituí-la, então Brooke seria obrigada a trabalhar por mais doze horas! Doze horas no turno da manhã!! – Eu... Eu entendo a situação. Mas será que seu marido não poderia ficar com seu filho enquanto você trabalha?