Stop, Look, Listen!

•14•

— Oi amor, oi Leninha! – Rod falou enquanto sentava ao nosso lado na sala de espera.

— Oi mô! – Gabi falou com eles e deram um selinho.

Uma senhora negra que aparentava uns 55 anos entrou na sala de espera, ela também tinha um adesivo de identificação dos visitantes em seu peito e os olhos absurdamente claros como os de Iago.

— Oi Tia Jô! – Rodrigo levantou rápido e foi dar um abraço na senhora.

— Oi meu filho! – ela respondeu e correspondeu o abraço — Olá meninas, você deve ser a Helena né?

— Sim, prazer Dona Jô! – Levantei e dei um abraço nela.

— Meu filho já me contou sobre você. – ela sorriu simpática, se sentou ao meu lado. — E aí como ele está?

— Ainda não sabemos ao certo Tia Jô, ele ainda está desacordado. – Rodrigo respondeu.

— Oh meu Deus. Eu vim o mais rápido que pude!

Ficamos ali esperando alguém aparecer e nós dar uma luz, liguei pra minha mãe e contei o ocorrido, ela pediu pra dar apoio a mãe de Iago e falou pra mandar notícias para ela também. Depois de uns 40 minutos esperando, a mesma moça que apareceu chorando na quadra, saiu do quarto de Iago com o Doutor que levava uma prancheta na mão. Os dois conversavam e o vieram até nós para dar as boas novas.

— Boa noite Doutor, como está meu filho. – Dona Jô se apressou em falar e eu levantei e fiquei ao lado dela, assim como o RD e a Gabi. 

— Boa noite, o Senhor Lopes está acordado e consciente, o que descarta qualquer possibilidade do soco ter afetado alguma parte neurológica. Fizemos alguns exames médicos e detectamos que no momento de sua queda por ele estar desacordado o impacto no chão com o joelho acabou ocorrendo uma lesão do ligamento cruzado anterior.

— E ele vai ficar quanto tempo parado, Doutor? – me apressei em dizer.

— 3 meses, mas fazendo fisioterapia frequentemente para não ter a necessidade de operar. – a menina ao lado do Doutor falou.

— O que você está fazendo aqui, Fernanda? – dona Jô falou olhando pra moça com um olhar de reprovação.

— Boa Noite dona Jô, mas eu sou a nova fisioterapeuta do time e serei a responsável pela recuperação do seu filho.

— Ers só o que me faltava mesmo... Ele não pode ter outra fisio, Doutor?

— Desculpa Dona Maria José, mas a Fernanda é a fisioterapeuta encarregada do time e vai acompanhar a recuperação do Sr. Lopes de perto.

— Tudo bem então, podemos vê-lo? – Eu perguntei ao médico.

— Claro, mas vou pedir pra entrarem aos poucos, porque ele ainda está debilitado, com licença. – O Doutor falou e se retirou de onde nós estávamos.

— Entra comigo, Rodrigo? – Dona Jô pediu pro RD.

— Claro, tia. – Ele respondeu e entraram na sala. Eu me sentei em uma das cadeiras e eu já estava morta. Gabi disse que ia até a lanchonete do hospital comprar algo para nós comermos e eu esperei ela ali mesmo.

— Desculpa, mas eu não te conheço ainda, prazer Fernanda. – a tal garota, esticou o braço para mim e deu o sorriso mais falso que já vi na vida.

— Prazer, Helena – cumprimentei ela e sorri sem mostrar os dentes.

— Você é namorada do Iago?

— Não, somos só amigos.

— Amiga? O Iago não tem amiga mulher e mesmo que tivesse – ela me fitou de cima a baixo — Você faz bem o tipinho dele, ele não ia querer ser só seu amigo.

— E você é a fisioterapeuta né? Entendi.

A porta do quarto se abriu e Rod saiu de lá.

— Leninha, o Iago quer te ver. – Ele disse saindo e indo até a Gabi, deixando a garota lá sozinha. Entrei no quarto e o deitado na maca, com um soro ligado à veia, vestindo aqueles roupões de hospital e com a perna numa botinha.

— Com licença! — Disse encostando a porta e vi o sorriso que se formou em seu rosto

— Oi cindy! – fui até ele e segurei a sua mão, ele olhou pras nossas mãos e riu. — Coé porra,  a gente tem 11 anos? Me dá um beijo! – ele disse rindo e eu fiquei sem graça.

— Pode beijar minha filha, vou sair pra deixar vocês a vontade. — Dona Jô caminhou até a porta e saiu do quarto.

— Ei! – ele me chamou e eu o olhei. — Me dá teu melhor beijo? – não resisti e sorri, logo em seguida lhe dei um beijo bem demorado e cheio de saudade.

— Vai embora que dia? – Eu disse enquanto acariciava o seu rosto.

— Amanhã, vou fazer fisioterapia em casa. Tu vai lá me visitar?

— Mas é claro que vou. – Me aproximei pra lhe dar mais um beijo, mas a porta abriu e nos separamos rapidinho.

— Ah desculpa, não queria atrapalhar nada, só passei pra ver se estava tudo bem e dizer que já estou indo pra casa – Fernanda falou.

— Está sim, Fernanda, até amanhã! – Iago falou e eu me virei para olha- la.

— Até meu amor – ela chegou perto dele, lhe deu um beijo meia lua e foi embora.

— Wow! Na minha frente? Qual é a dela ein? – Iago claramente ficou desconfortável.

— Ele é a fisioterapeuta do time, cindy.

— Ah sim, só a fisioterapeuta.

— Ei! Não pira caralho! – ele falou e eu ri. — Ninguém te supera pretinha. – ele falou e pairou a mão em minha bunda e eu lhe dei mais um beijo.

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A CADA DIA MAIS RANÇO DESSA FERNANDA