p r ó l o g o

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🌟

seis meses atrás.


Eu começo a dançar exageradamente e rir bastante, eu sei que é a vodka fazendo seu efeito.
Sinto uma respiração pesada suspirar no meu ouvido esquerdo, nesse exato momento sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e meus sentidos se ativarem; é ele.

— você não é lá grande coisa, não é? - viro assustada para o encarar, vejo um sorriso malicioso surgindo no seu lábio. Me sinto corar quando o pego me analisando de cima a baixo enquanto morde seu lábio inferior.

— digo o mesmo à você, Nic.

— que eu me lembre, não era isso que você falava enquanto me deslizava para dentro de você. - me sinto quente e vermelha igual a um tomate, mas não irei deixá-lo ver o quanto estou constrangida e nervosa na sua presença e também pelo seu comentário constrangedor, continuo ao encarar e tento ficar com o rosto sério.

Ele me dá um sorriso acolhedor e vai embora, sem mais nem menos.

Ao vê-lo ir embora lembro quando terminamos. sinto minha garganta apertar e meus olhos se encherem d'água, desvio o olhar e dou um sorriso bobo. não irei me atrever a pensar nisso, tenho o direito de me divertir.

— Você vai ficar bem. - digo confiante para mim mesma.

Danço até sentir meu pés doerem, música alta, DJ Excelente tocando "Onld town roald", várias pessoas bebendo, dançando, fumando… se beijando. até que vejo alguém em específico: Nichollas Hansen; meu ex namorado, meu atual amor.

Vejo a garota de cabelos longos ondulados e loiros quase brancos de pele pálida e olhos cor de azul oceano sentar em seu colo e o abraçar, vejo-a sussurra em seu ouvido e o vê-lo sorrir, deve ter sido uma boa piada porque o conheço o suficiente pra saber que aqueles eram um dos seus sorrisos mais sinceros.

Lembro da primeira vez que o vi; era verão, começo do ano. tínhamos quartoze anos. Um caranguejo me beliscou em baixo d'água e acabei tropeçando e arranhando meu pé em alguma rocha, ele me socorreu. Contei uma piada sem graça, e ele sorriu. um sorriso extraordinário, que de imediato me fez dá um sorriso bobo também.

O vejo a beijar e penso: "tudo bem! é só um beijo."
Mas aí ele a agarra do jeito que ele me agarrava e segura sua cintura com a mão esquerda do jeito que me segurava, e eu me lembro como me sentia segura e bem. Porém me dói ver que ele nunca mais irá fazer isso comigo e nunca mais irei me sentir desse jeito novamente, e sim com outras, mas não eu. não mais.

Eu sinto minha cabeça girar e a música no fundo tocar como se estivesse tocando como um sussurro, sinto minha cabeça e meus pés doerem; minha mão suar; minha respiração ofegante e meu coração acelerado. Sinto como se ele acabasse de se partir em trilhões de pedaços minúsculos mas eu sei que ele não está partido, e sim completamente despedaçado.

Naquele exato momento lembro de todas as coisas extraordinárias que pude desfrutar ao seu lado. Da primeira vez que o vi; primeira vez que falei com ele; primeira vez que o abracei; primeira vez que o beijei; primeira vez que fizemos amor.

Minha visão começa a ficar embaçada, o vejo sorrir e me olhar, o seu sorriso morre completamente e seu rosto trás um tom de tristeza e preocupação. Saio correndo em disparada porta a fora, esbarro em uma garota e a escuto gritar comigo e me xingar de vários nomes mas não dou ouvidos e continuo a correr, porque eu não me importo com nada ali e tudo o que eu mais quero nesse momento é sair dali. E quero sair agora.

Saio da casa enorme e sinto o chão tremer pelo som alto, minha cabeça latejar e meu estômago revirar. coloco tudo pra fora que ingerir naquele fatídico dia, enquanto choro desesperadamente e soluço repetidas vezes enquanto tento me acalmar e me convencer que irá ficar tudo bem.
Sinto uma mão quente e tão familiar agarrar meu pulso magro de um jeito calmo e suave, uma voz rouca me faz sair do transe.

Sobre EleOnde histórias criam vida. Descubra agora