Capítulo 10 • Matthias von Löwestein

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— POSSO TE ACOMPANHAR PARA O café? – perguntei – Nós dois precisamos conversar

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— POSSO TE ACOMPANHAR PARA O café? – perguntei – Nós dois precisamos conversar.

O sorriso que Eveline tinha no rosto enquanto caminhava pelo corredor sumiu e deu lugar a uma expressão aterrorizada.

— Aconteceu alguma coisa? – quis saber ansiosa, enquanto se aproximava de mim.

— Não. – a tranquilizei – Nada aconteceu. Na verdade, acho melhor procurarmos um lugar mais tranquilo para conversar. – completei ao perceber que as quatro sentinelas que faziam a guarda do terceiro andar estavam ouvindo tudo o que falávamos com muita atenção. Olhei meu relógio de pulso. Faltava dezoito minutos para o café da manhã começar a ser servido. – Dá tempo de parar na minha sala antes de descermos pro salão de jantar. Vem. – segurei a mão dela e a levei comigo escada abaixo.

— Você me assustou. – ela reclamou baixinho depois quando estávamos andando pelo corredor e sua mão escorregou pelo meu braço até que estivesse repousada na curva do meu cotovelo como mandava o protocolo.

— Desculpe. – pedi, talvez um pouco seco demais – Não foi minha intenção.

Eveline anuiu e me acompanhou em silêncio. Sabia que devia haver milhares de perguntas na cabeça dela enquanto seguíamos até a ala administrativa, mas eu estava ansioso demais para conversar sobre qualquer outra coisa e receoso demais que alguém pudesse nos ouvir para começar o assunto real.

No dia anterior, após me acomodar no escritório vago mais próximo do seu gabinete, Pieter me entregou treze pastas com atas de reuniões do conselho real e do parlamento, relatórios da PSG e outros documentos importantes. O que todos tinham em comum? Eles falavam sobre Eveline.

Li o máximo que pude durante a madrugada, e a cada página ficava mais e mais preocupado com a situação. Escondido naqueles documentos, havia uma série de ameaças veladas à presença dela no palácio. Algumas coisas eram antigas e coincidiam com o último aborto que tia Aletta havia sofrido anos atrás, mas a maioria era recente, e uns bons dez por cento de tudo era daquela semana. Infelizmente, não havia nada substancial que pudesse ser usado como acusação contra alguém, mas para um bom entendedor um pingo sempre será uma letra. Eveline corria perigo.

Abri a porta da minha sala e fiz um gesto de cortesia. Ela entrou, andou até o centro do cômodo, ainda completamente vazio de objetos decorativos a não ser pelas pastas numa prateleira atrás da mesa de mogno, e virou-se para ficar de frente para mim.

— O que queria falar comigo? – perguntou num misto de interesse e irritação assim que fechei a porta.

Não sabia como começar o assunto, mas meu instinto dizia que assustá-la não faria bem algum e que as coisas só piorariam caso ela decidisse voltar para a segurança da Alpia-Ístria. Ninguém mais apoiaria sua reivindicação se isso acontecesse.

Porém, ao ficar, a única coisa capaz de mantê-la segura era que o conselho e o parlamento a aceitassem como herdeira do trono, mesmo que Pieter insistisse em querer manter as aparências dizendo que ela não o era. E o melhor jeito de conseguir aquilo seria a transformando numa líder natural, carismática, forte e inabalável.

Disponível até 31/12 -- Flores Que Renascem do Fogo | Flores Reais #1 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora