Capítulo 10

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Mairheen

Depois de passar a manhã inteira com a doutora Kingley, volto para o meu novo consultório para ver a papelada dos pacientes mais graves de Haniel. Sou obrigada a admitir que o homem é um médico brilhante, os pacientes sentem sua saída, mas fui muito bem recebida por todos. Isso não diminui o seu trabalho, ele merecia um prêmio por fazer desse lugar uma referência em certos tratamentos.

Por várias vezes me perguntei por que não o colocaram como diretor, até que um dia a doutora disse que a família preferia manter seus herdeiros como empregados, pois eles precisam ser preparados para o mundo, e ter tudo nas mãos facilmente não ajudaria nisso. Outra coisa que admiro nos Saints é que de uns dias para cá comecei a sentir orgulho de fazer parte deles. Fora a parte de que vão me juntar com o pior da família, o resto me cai muito bem.

Faz mais de uma semana que o anúncio do nosso casamento foi feito e não vi o idiota desde então. Tive bastante tempo para absorver a coisa toda e decidi que farei desse matrimônio algo favorável a mim. Conversarei com Haniel e explicarei o quanto será benéfico para nós se eu continuar a trabalhar na clínica, com isso ele terá a liberdade de fazer o que bem entender.

Sei que em algum momento nós teremos que nos reproduzir, mas só me preocuparei quando chegar a hora. Podemos pensar até na hipótese de uma inseminação artificial, assim não precisaremos passar pelo constrangimento de fazer amor quando não há amor. Ele vai entender e concordar, tenho absoluta certeza. Eu não sei se poderia ir para a cama com alguém que não tenho nenhuma afeição, tendo consciência disso, ele jamais me obrigará a me deitar com ele. Haniel pode ser um bastardo idiota, mas não um homem abusador.

Ouço risinhos e ofegos do lado de fora da minha porta. Tento me concentrar no papel à minha frente, mas os sons não param. Levanto-me, dou a volta na mesa e abro a porta para dar de cara com a cena da recepcionista sentada na beirada da mesa de pernas abertas, entre elas está o meu futuro marido falando alguma coisa em seu ouvido. A coisa persiste e ninguém se dá conta da minha presença.

— O que diabos está acontecendo aqui? — falo alto.

A moça pula da mesa, tropeça e cai no chão. Faço o meu melhor para não rir e provavelmente pareço estar tendo uma convulsão. Haniel a ajuda levantar-se e me encara irritado.

— Isso não foi engraçado.

— De onde eu estava foi — falo dando de ombros. Aponto para a garota. — Pode ir ao departamento pessoal, você será remanejada.

— O quê? Como assim? E-eu trabalho bem... — ela olha para Haniel. — Sempre fiz o meu serviço direitinho.

— Eu sei, baby — ele fala para ela, e isso começa a me irritar.

— Vou dar trinta segundos para você sair da minha frente, garota. Depois disso você não será realocada e sim demitida por justa causa.

Com a demonstração de carinho do homem, a vadia cria coragem para me desafiar:

— E que causa seria, doutora?

— Por foder com o marido de uma das diretoras — digo. Ela olha confusa entre Haniel e eu. Ele não se manifesta e eu sou obrigada a acabar com a festa da putaria. — Você dirá a ela ou eu? Quer saber? Deixe que eu digo. Haniel e eu estamos noivos e nos casaremos em breve. Então, amada, fique longe do prostituto... haam, quer dizer... do meu noivo.

— Foi assim que você conseguiu o seu novo cargo? — ela pergunta debochadamente.

— Não, você está indo longe demais, Deana. Melhor parar antes que se arrependa — Haniel intervém, mas para mim é tarde demais.

Haniel - Trilogia Tríade (Livro 01) [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora