Capítulo 06

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Mairheen

Meu Deus, parece que fui espancada e encheram a minha boca de algodão. Volto a fechar os olhos e gemer com a dor lancinante que corta o meu crânio. Às vezes esqueço como é sair com as minhas irmãs. Muita dança, muita curtição, muita, muita bebida e uma ressaca de cão no outro dia. Graças a Deus não terei que ir para a clínica agora pela manhã, caso contrário eu estava perdida.

Levanto lentamente para que a minha cabeça não lateje mais e caminho para o banheiro. Só então percebo que estou com a roupa de ontem ainda. Tiro tudo e entro debaixo da ducha de água quente. Fico ali de olhos fechados esperando que a água leve todo cansaço e ressaca. Flashs da noite anterior vem em minha mente e sorrio com a lembrança do joguinho medíocre que fizemos ontem. Cada vez que eu alguém contava algum fato picante de sua vida, todos tinham que beber uma dose de tequila independente se já tivesse feito ou não.

Lembro de Raffaele Saints tomar conta de mim e me trazer para casa, ele disse algo de que é dever dele cuidar dos colaboradores mais importantes ou qualquer coisa parecida. A lembrança do olhar de Haniel faz-me estremecer. Que droga! Parece que cada vez o detesto mais e tudo piorou quando percebi que ele estava flertando com as minhas duas irmãs... as DUAS! O babaca encantou aquelas inconsequentes na boa e elas nem perceberam que estavam caindo em sua teia. E depois a ingênua sou eu.

Pelo amor de Deus! Será que só eu me dou conta da imoralidade dele? Prostituto, o nome do meio de Haniel Saints deveria ser prostituto. E pior de tudo é que ele não deixava de me encarar, sei que ele queria me deixar desconfortável e fiquei, não consegui disfarçar isso. Recordo-me do que Raffaele me disse sobre o primo ter que abrir mão do que ama por causa dos negócios da família, mas não entendo por que o idiota quer dificultar as coisas para mim. Tudo bem que nós não nos gostamos, mas profissional é profissional.

Gemo ao lembrar chamar Raffaele de gostoso algumas vezes. Deus me ajude! Mas a tequila me deixou completamente sem filtros. Eu acho até que passei a mão em algum cara desconhecido. Eu não era eu, era a bebida. Nem me lembro do cara em questão. Meu celular toca de algum lugar despertando-me. Só então tomo um verdadeiro banho, lavando os cabelos. Quando termino, seco e me enrolo em meu roupão felpudo e velho que amo.

Vou a procura do telefone e o encontro sobre a mesinha de entrada, vejo na tela que há algumas chamadas do meu pai e do meu tio. Preocupo-me com o que possa ter acontecido e ligo primeiramente para o meu pai que atende no segundo toque.

— Bom dia, bebê – meu pai sempre foi extremamente amável conosco. Não importa o quão feroz ele pode ser com os outros, mas conosco é sempre sereno.

— Bom dia, pai.

— Eu fiquei preocupado e acabei ligando para Tarha que me falou que provavelmente você estava desmaiada ou curtindo a ressaca. Noite das meninas?

Tento sorrir, mas até isso é desconfortável.

— Sim, foi isso. Hum... pai, eu tenho ligação do tio Eoghan. Está tudo bem? – meu pai não responde de imediato e isso me preocupa. — Papai?

— Nós teremos um jantar de família hoje a noite e você está convidada – seu tom de voz deixa bem claro que o convite na verdade é uma ordem. — Seu tio tem um comunicado a fazer e é imprescindível a sua presença.

— Tudo bem. Eu vou ver se consigo trocar o meu plantão com...

Ele me interrompe.

— Já está tudo certo, Mairheen. Tomei a liberdade de verificar seus horários e remanejar da melhor maneira possível.

A coisa é mais séria do que imaginei. Minha família nunca interferiu assim na minha vida.

— O senhor está me assustando, athair. O que está acontecendo?

Haniel - Trilogia Tríade (Livro 01) [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora