0.4 Hotel

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Quando o elevador parou no andar em que o quarto do João estava, o mesmo agarrou na minha mão puxando por mim de forma suave e rapidamente desbloqueou a porta com o cartão magnético. Entramos e pude observar um quarto enorme com um sol maravilhoso e tentador, uma sala ampla, do lado direito uma porta entreaberta que deduzi ser o quarto do mesmo mas pelo tamanho da cama pude perceber que era tão grande como aquela sala de receção.

Escutei a porta ser fechada o que me fez olhar para trás, encontrando o corpo do João encostada na mesma com um sorriso de orelha a orelha. Encolhi levemente o meu ombro escondendo um pouco o meu rosto e dirigi-me até à mesinha central roubando um morango e mordi o mesmo abrindo as portas da varanda sentindo o ar fresco bater no meu rosto. 

Virei-me encontrando o João na mesma posição e decidi desafiá-lo um pouco.

-O que foi aquilo no elevador? -Questionei trincando mais uma vez o meu morango divertida.-

-Não sei, o que terá sido? -Questionou levando ambas as mãos aos bolsos adaptando a sua postura para mais relaxada.-

J O Ã O

Sabia que a mesma queria avançar mas decidi provocá-la um pouco mais adaptando a minha postura para mais tranquila como se a presença dela não me afetasse, algo que era totalmente mentira. Aproximei-me um pouco mais vendo-a engolir em seco. Levei a minha mão ao seu rosto e com o meu polegar acariciei a sua bochecha.-

-João, eu quero ir com calma... -Ouvi a mesma sussurrar e a desviar o olhar para baixo.-

-Vamos ao ritmo que quiseres, vou respeitar o teu espaço e o teu tempo... -Sussurrei no mesmo tom que o seu e puxei o seu queixo para cima de forma a poder mirá-la diretamente nos olhos.- Podes confiar em mim...

-Eu confio mas só nos conhecemos tipo a dois dias no máximo, foi tudo muito rápido -Escutei a Rita e não pude deixar de concordar.- 

-Vamos com calma e a um ritmo confortável para os dois, sem pressões -Sussurrei ao seu ouvido e depositei um beijo suave na sua testa. 

Puxei-a para o sofá da sala em que estávamos e liguei a televisão deitando-me com ela. Ela acabou por me pedir para deixar num filme que tinha passado. Muito sinceramente não tinha conseguido prestar atenção nenhuma ao filme ficando apenas a fazer um cafuné nos cabelos da pequena que tinha à minha frente, com as pernas entrelançadas nas minhas. Pela sua respiração lenta deduzi que a mesma tivesse acabado por adormecer.

Deixei-a ficar ali aconchegada a mim ao perceber que a mesma estava confortável. De forma discreta tirei lhe uma fotografia enquanto a mesma se mantinha abraçada ao meu tronco. Horas mais tarde o seu telemóvel começou a tocar em sinal de mensagens. Tirei-o lentamente e decidi responder à Inês.

Rita: Olá Inês, daqui é o João. Não precisas de te preocupar que ela está comigo mas acabou por adormecer e como está a dormir tenho pena de acordá-la. Assim que ela despertar eu digo-lhe para te ligar se isso te descansar.

Inês, a borreguita: Olá João! Não precisam de ligar, só queria se estava tudo bem com ela. Como deixei de a ver e como também não está no quarto fiquei um pouco preocupada. Obrigada por cuidares dela! Beijinhos e portem-se bem!


Horas passaram e a noite começou a cair sobre Veneza fazendo com que o lugar onde estávamos começasse igualmente a escurecer. Senti o seu corpo remexer junto do meu e vi-a abrir um dos olhos de tonalidade mais clara. 

The boat of Venice | João FélixOnde histórias criam vida. Descubra agora