Capítulo 5

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Alexia

Depois que sai de minha casa, minha amiga não me deixou sair de forma alguma para nenhum outro lugar antes das festas de final ano, sob o argumento que durante o período natalino ninguém merece ficar sozinha, ainda mais quando esse alguém é sua amiga, por isso aceitei ficar mais alguns dias em sua casa, mas apenas o tempo de encontrar um lugarzinho em que me adapte à minha nova realidade.

A tarde da véspera de natal, o Marcos ligou para Verônica ir até o hospital onde ele trabalha para lhe dar uma carona, tendo em vista que seu carro havia ficado com ela. Saíamos do estacionamento do supermercado no momento que seu celular tocou, como estávamos em um local bem próximo ao hospital não demorou para que chegássemos ao local.

— Verônica você está certa sobre eu ir com você? Talvez o Marcos esteja apenas procurando um pretexto para uma escapadinha com você, visto que tirei a privacidade de vocês.

— Nem pense nisso, ninguém faria o meu garanhão deixar de me comer em nossa casa.

Seu jeito extrovertido de ver as coisas as vezes me assusta, talvez o tempo que fui casada com o grosso do Daniel tenha me transformado numa mulher contida, tímida, mesmo que falar de sexo com minha amiga nunca tenha sido um tabu, ela sempre foi a única que consegui me abrir, falar de meus medos, desejos e anseios.

Diante do meu silêncio continua:

— É sério amiga, eu quero que você venha comigo e, quero que você fique bem. Já faz uma semana que você saiu de casa e o imbecil não te procurou Alexia, isso só prova que minha teoria da amante está correta.

— Eu estou bem amiga, realmente estou. Só que ainda é difícil sabe, foram anos me dedicando a um homem que no fundo nunca me deu valor algum. Eu não estou triste pelo o fato de está separada, mas por constatar que nunca fui nada além de uma boceta disponível para o Daniel usar quando bem quisesse.

Continuamos conversando até chegar ao hospital, a Valentina havia ficado com sua tia, por ser véspera de natal a irmã do Marcos morando em outra cidade iria viajar logo à tardinha para poder está em casa ao chegar o natal, fez questão de aproveitar a companhia da pequena o máximo de tempo possível.

Quando chegamos ao local, fomos direto para onde a Verônica sabia que encontraria o marido, uma pequena aglomeração de pessoas fantasiadas estava espalhada pelo o hospital, sempre que penso em uma criança doente meu coração dói ao extremo, não sei se pelo o fato de sempre ter sido o meu grande sonho – me tornar mãe – ou se pelo fato isolado do sofrimento ser demais para um ser tão pequeno.

Um pequeno garoto entra em meu campo de visão, sua cabecinha completamente careca, seu rostinho pálido e uma cadeira de rodas, olhei ao redor não vi ninguém por perto dele, foi automático, meus pés caminharam em direção ao local onde estava aquele garoto.

Me aproximo cautelosa para não o assustar.

— Oi, tudo bem por aqui? Tem alguém perdido aqui?

Seus olhos viajam em minha direção e um sorriso tímido, porém, genuíno surge nos seus lábios. Uma onda de calor aquece meu coração por ter feito aquele ser tão lindo oferecer um sorriso.

— Perdido tia? Eu quase moro aqui nesse lugar.

Sua declaração faz meu coração perder uma batida. Todavia, me esforço para que não perceba o quanto suas palavras me atingiram.

— Ah é? Vai me dizer que você é algum tipo de mago ou duende que fica sentado nessa cadeira aí, fingindo que é uma cadeira de rodas, mas na verdade é um trenó e você está observando as crianças que se comportaram mal durante o ano, para lhes dizer que não ganharão presente algum... Nossa, você deve ser um duende muito mal disfarçado, se eu percebi todos vão perceber, seu espertinho...

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