ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 8

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Dara Barcelos 🥀

   De madrugada, eu acordei com barulho de tiros, acordei assustada e ofegante. Giovanna não estava em casa, eu estava sozinha, e isso me assustava muito mais.

Peguei meu celular e estava sem área, que merda! Troco minha roupa e coloco uma calça jeans e uma blusa sem mangas. O que vou fazer? O que vou fazer? Se eu sair, vou ficar entre um conflito, e se eu ficar, vou ficar com meu conflito interno. Suspiro e pego meu celular, quando vejo que está com área, ligo pra primeira pessoa, Bambu.

— Koé Magrela. — Ele atende gritando.

— Bambu? Onde você está? — Pergunto com medo.

— Porra mulher, tu me liga no tiroteio? — Pergunta, mas não parece irritado.

— Eu estou sozinha, estou com medo! — Falo querendo chorar. — Ahh. — Grito quando percebo que a porta foi chutada violentamente.

Posso ouvir Bambu falando algo, mas meus olhos estão nos dois cara vestido de policial.

— O que vocês querem? Vocês não podem entrar assim! — Falo e vejo eles rir, em deboche.

— Vamos revistar a sua casa.

— Você tem mandato? — Pergunto e ele me empurra, começando a vasculhar a casa. — Vocês não podem sair entrando assim. Saí daqui agora!

— Cala a boca, marmita de bandido! — Falo eu ofego, surpresa. Que isso?

— Marmita de Bandido? Você só pode está de brincadeira. — Falo me levantando.

— Sabemos seu caso com um bandido grande aqui. — O branco fala vindo até a mim. — Tão gostosa, pena que é marmita. — Fala passando a mão pelo meu rosto, indo até meus seios.

Bato em sua mão, ele me olha furioso e acerta um soco em meu rosto. Caiu pra trás, batendo a cabeça no chão.

— Epa, não precisa disso não. — O outro policial fala, afastando o parceiro e me ajudando a levantar

— Ela é marmita cara. — O branco fala.

— Não importa! Estamos aqui a procura dos bandidos e não com quem eles ficam. Ela é uma mulher, deveria ser menos covarde. — Fala sério, me pegando totalmente de surpresa.

— Idiota. — O outro fala irritado, saindo.

— Obrigada. — Sussurro com a mão no nariz.

— Não por isso. — Sorri e sai, atrás do parceiro.

Me levanto e vou até o banheiro, vendo meu nariz sangrando. Pego o papel higiênico e pressiono ali, gemendo com a dor.

— DARA! — Escuto a voz de Bambu me gritando.

— Banheiro.

— Koé Magrela, medroso... — Ele para de falar, quando me ver. — Menstruou pelo nariz? — Brinca e eu nego, tirando o papel. — Eita porra. Quem foi que te bateu? — Pergunta preocupado.

— Entraram dois policiais, procurando alguém, e falando que eu era marmita de bandido. — Falo e vejo o mesmo arregalar os olhos.

— Como assim caralho? Você tá se envolvendo com alguém? — Pergunto e percebo que ele ainda não sabe sobre mim e Grego.

— Bom... Grego e eu ficamos duas vezes, nada sério. — Falo rapidamente, envergonhada.

— Porra, dessa eu não sabia. — Fala pensativo. — Mas pra eles vierem diretamente pra cá, alguém xnoviou. A viárias mina no bairro, e vieram logo aqui? — Fala me deixando surpresa.

— Como assim? Só quem sabe é a Monique, a Jamille, o Liso e Maiquinho. — Falo e vejo ele me olhar sério.

— Alguém xnoviou, precisamos saber quem é! — Fala e olha meu nariz. — Limpa aí. Vou falar com Grego. — Fala e sai do banheiro.

Com muito sacrifício e muita dor, consigo tirar o sangue e coloco um Bandaid. Molho a mão e passo pelo rosto, eu levei um soco no rosto. Parece que a ficha ainda não caiu. Alguém falou que eu estava saindo com Grego, mas quem? Eu não conheço o pessoal a muito tempo, mas algo me fala que não foram nenhum deles. Saiu do banheiro e vou para sala, onde Bambu e Grego conversam.

Grego se levanta e vem até a mim, assim que me vê. Ele pega meu rosto entre suas mãos e analisa.

— Como você está? — Pergunta em um sussurro.

— Eu estou bem. —  Falo e vejo ele suspirar.

— Porque te bateram? — Bambu pergunta curioso.

— Um deles tentaram me tocar, e eu não deixei. — Explico.

— O que? Como assim tentaram te tocar? — Pergunta irritado.

— Tentaram te tocar? — Grego pergunta com a voz fria, chamando minha atenção.

— É.. Eu não deixei. — Falo e vejo bambu vir até a mim.

— Isso aí Magrela, honra o que cê tem no meio das pernas. — Bambu fala vindo até a mim, empurrando Grego e me abraçando. — Isso não vai ficar assim. — Sussurra em meu ouvido.

— Me deixa conversar com ela. — Grego fala sério.

*

Duas semanas.

Duas semanas que se passaram. Duas semanas que Grego não fala comigo. Duas semanas que ele não aparece. Duas semanas que ele tem me evitado.

Eu estava triste, ele simplesmente sumiu. Depois de me beijar, falar que iria me proteger, ele simplesmente sumiu! Eu não entendia o porque, eu juro que queria saber.

Eu não fui atrás, eu via ele Online no Whatsapp, tinha vontade de mandar mensagem, mas eu não mandava. Ele já foi claro demais, mostrando que não queria nada. Se eu me iludi a culpa foi minha, ele mesmo falou que não queria nada sério, só queria curti. E a boba foi eu, que me deixei levar, achando que aconteceria algo a mais que isso.

Realmente, a boba foi eu!

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