Deep Feelings

Eu não tenho medo

Nota: esse capítulo é na perspectiva do Simon, um personagem que já foi citado antes.
↪⛤↩

- Simon! Você tá me ouvindo? - perguntou um colega de classe qualquer.

Eu nem tinha notado ele.

- Claro, eu não vou poder ir com vocês hoje de novo - falei me curvando levemente - desculpem-me!

Começaram os murmúrios.

- Hyung~ -falou arrastado, uma outra colega - você já está nos enrolando a dias.

- Desculpa gente, eu já tenho algo marcado hoje - falei logo sentindo meu celular vibrando, vendo que tinham 10 novas mensagens eu me apressei a me despedir dos colegas, e a me virar em direção a porta.

- Simon?

Raymon!

- Há! Olá Ray-Ray! - falei apressado, espero que não seja nada urgente, eu Realmente tenho que ir - O que deseja com minha humilde pessoa?
Falei querendo fazer graça, pra ele não ficar desconfiado

Ele me observou, como se estivesse lendo até minha alma.

- Tudo bem - Raymon sorriu - mas reserve tempo para mim! Tenho que te contar as novidades! Eu ainda sou seu melhor amigo, não É?

Com toda certeza, absoluta, de todo universo inteirinho, com todo meu coração, eu te daria até o céu, você quer o mundo? Eu te dou.
Eu até falaria isso, mas meu orgulho não deixa.

-Mas claro que sim, boiola! - falei brincando, cantarolando a última palavra.

- Vai logo Boiola! - Ray entrou na brincadeira rapidamente.

Eu queria passar mais tempo com Ele, os dias estão cada vez mais corridos.

Olhei meu celular,
+23 Novas Mensagens.

Acho melhor eu ligar...

Liguei, tocou, tocou e tocou, até que em fim ele atendeu.

- Finalmente! Onde você tá?! - o tom grosso presente na voz do outro lado da linha era mais que evidente.
O tom grosseiro já era mais que costumeiro nas nossas conversas, e não era de uma forma boa ou brincalhona.

- Desculpe, a escola terminou bem mais tarde que o normal - fez-se silêncio do outro lado da linha - você quer que eu vá aí?
O silêncio já estava me sufocando por dentro, como se sentisse uma enorme pressão em mim de repente.

- Quero - O tom grosseiro se fez presente novamente - Aproveite e me traga alguma bebida alcoólica!

- Eu-

A minha boca se fechou automaticamente quando o barulho do telefone se fez presente... Ele tinha desligado.

Não é como se isso nunca tivesse acontecido antes, era normal, mas toda vez doía muito, o fato do outro só ligar, pedir o que queria e depois desligar, sem nem mesmo ouvir um: "por favor?" Ou algo do tipo, antes não era assim...

As vezes nas madrugadas eu me pergunto se foi minha culpa, talvez eu tenha feito algo errado, não posso deixar de sentir um sentimento de culpa rodeando meu coração e o sufocando pouco a pouco.
Parece um grande mar, um mar de emoção e culpa, eu estou me afogando nele a um bom tempo, e nunca vi ou senti uma mão amiga oferecendo-me ajuda

Deve ser minha culpa

Isso tudo, deve ser minha culpa

O motivo de algumas conversas que eu já vi no celular dele, foi como ele disse:
" se você não é o suficiente, não me culpe por procurar outros meios "

Eu vou tentar agrada-lo mais...

Eu vou tentar ser o suficiente.

Acabei percebendo que estava a muito tempo perdido em meus pensamentos.

Merda Simon, a bebida!
Depois de dar uma bronca em mim mesmo, eu corri em direção a loja mais perto.

"Loja Servent 24h"

Servent?

Tá, não é hora de ficar confuso com o nome da loja, vou comprar e ir logo!

- Bem vindo - disse... Um Senhor? Não sei, ele está de costas pra mim...

Ele é bem alto.

Dei a volta e procurei o refrigerador com os olhos.

- Você tem mais de 18 anos carinha? - perguntou virando-se pra frente, e...
Me arrependo de ter lhe chamado de senhor

Ele até que é bonitinho...

- Tenho...

-Estão aqui - ele tirou as garrafas e as colocou na mesa - é só escolher uma.

- Não é pra mim então, pode escolher a mais forte, por favor? - pedi enquanto olhava no celular se tinha novas mensagens.

-Pronto, aqui está, precisa de alguma coisa a mais? - ele perguntou com um sorriso no rosto.

- Não, mas obrigado - me curvei e tratei de sair dali o mais rápido possível.

Eu andei um pouco até chegar na rua dele, uma rua desértica e escura.

Eu abri a porta com cuidado.

Não estou achando ele...

Procurei pela sala, cozinha, banheiro.

Talvez ele esteja no quarto...

Comecei a ficar preocupado...

Abri cuidadosamente a porta do quarto.

Lá estava ele,
Sentado sobre a cama,
Com uma garrafa vazia nas mãos

Eu estou suando, Mas, não, não ,

Eu não estou com medo dele,

Eu não estou com medo dele!

Eu conheço ele, e eu não preciso ter medo dele.

- Simon...

Fez-se um silêncio doloroso...

Aonde você esteve?