Quando um bebê está pronto para deixar o útero, ele dá sinais para que o corpo da mãe comece um trabalho intenso de expulsão da nova vida. Como todo mamífero, a mulher precisa de um local seguro e calmo para relaxar e abrir lentamente o colo de seu útero.
O silêncio e a paciência são os principais companheiros da mulher em trabalho de parto.A força que invade o corpo feminino quando o bebê está descendo, já coroando, é de uma intensidade descomunal.
Há um desejo incontrolável de expelir, de expulsar...de morrer.
Sim, a mulher vai morrer.
E o bebê, imerso e integrado no mundo uterino, também vai morrer, pois é preciso entregar-se à morte para renascer em vida.Nesse momento acontece uma profusão de registros na vida dos seres que nascem.
A mulher exala amor e emoção.
Mira o bebê nos olhos, beija-o.
Nasce uma mãe.O primeiro suspiro carregado de ar, o choque nos pulmões e o choro reativo são suavizados pelo primeiro olhar, o primeiro toque da mãe, o beijo na face, a luz suave, o som da voz, a expressão no rosto, o prazer do abraço.
Nasce um bebê!Nada deve atrapalhar os primeiros instantes de vida do bebê e da mãe. Eles podem ficar o tempo que quiserem juntos, parados, cansados, ofegantes, recém-nascidos.
Ambos registram ali suas primeiras impressões acerca da vida, que se recriou.
Se não temos memória do estado intra-uterino, das contorções do parto, dos primeiros instantes de vida, nossos corpos e nossa psique inconsciente têm.
Tudo o que se relaciona com o corpo a partir daí estará impregnado deste primeiro sentimento em relação à vida: nossas experiências de dor e de prazer físicos, nossa capacidade de amar e até mesmo nossa morte.O que é a vida?
Perguntam-se mãe e filho nesse instante primeiro.
A vida é tudo que se revelará a partir dali.
E esses rápidos instantes, repletos de significado, vão colorir os sucessivos “começos” das vidas que se seguem.
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Relatos de partos
Short StoryRelatos de partos . Normais e cesariana . Enviados por leitoras