Capítulo 5

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— Acorda logo, Lauren. Daqui a pouco o doutor estará aqui. — A latina balançou o corpo da outra, que estava esparramada na cama.

— E eu preciso me arrumar para ele? — Bufou, afundando a cabeça no travesseiro.

— Quer receber-lo de cara amassada e com bafo?

—  Ei! Eu não tenho bafo.

— Foda-se. Levante, eu te ajudo no banho. — Lauren bufou novamente, mas aceitou a ajuda.

— Só me ajude a chegar lá. Já consigo tomar banho sozinha.

Desde que a conheceu, Lauren sempre se mostrou confiante, dona de seus atos e de uma beleza invejável. Ela sabia que era bonita e não escondia isso, mas depois do acidente, essa certeza havia se dissipado. Não gostava de se olhar no espelho, muito menos de ter os olhos lindos de Camila em si.

Não queria assustá-la com sua grossas cicatrizes.

— Viajou foi?

— Só estava pensando.

"Deixa isso para quando você estiver deitada e não escorada em mim. Não sou o Hulk mulher! —  Lauren bufou, voltando a prestar atenção no presente. De banho tomado e roupa limpa, ela foi levada por Camila para a cozinha, onde tomariam o café da manhã.

— Sabe, acho que vou abrir mão da muleta, é bom ter você me empurrando pelos lugares. — Sorriu do olhar de desdém que recebeu da mais nova.

— Quero ver você falar isso quando eu, acidentalmente te derrubar da escada.

—  Viu Martha? E as pessoas ainda dizem que ela é um amor de pessoa. — Martha, a cozinheira apenas riu, voltando a servir o café da manhã.

— Confessa que eu sou a melhor enfermeira que você já teve. — Sorriu de forma convencida.

— Só nos seus sonhos.

— BOM DIA MEU CASAL FAVORITO. — Dinah entrou com seu bom humor matinal, fazendo Lauren revirar os olhos.

— Por deus, Hansen. Grite na sua casa! — Dinah sorriu, beijando a bochecha da melhor amiga, fazendo o mesmo com Camila, que sorriu gentil, antes de falar;

— Bom dia, sua desequilibrada.

— Vocês são tão rudes, eu em. — Sentou de frente para ambas, se servindo de café.

— O que faz aqui tão cedo?

— Perdi o sono e resolvi sair da cama, como está muito cedo para ir para o escritório, aproveitei para ver a senhorita aqui, que não responde minhas mensagens.

— A culpa é da Camila. — Deu de ombros.

— Ela está mais rabugenta que o normal e por isso tomei o celular dela.

— Como assim gente? O que ela fez?

— Grosseria atrás de grosseria com qualquer pessoa que ligasse ou mandasse mensagem tentando saber como ela está.

— Hm nesse caso, fez bem.

Lauren apenas revirou os olhos, se concentrando na comida em sua frente, vendo Camila fazer o mesmo. Enquanto isso, Dinah as observava por baixo dos cílios com curiosidade. Nenhuma delas havia reclamado por ela entrar as chamando de casal, como sempre fazem.

A polinésia não pode deixar de sorrir com o pensamento.

O relógio marcava três horas da tarde, o médico havia deixado a casa minutos antes, satisfeito por Lauren estar se curando cada vez mais.

— Ei... — Chamou Lauren. — Você não devia estar no Brasil? Ou em Cuba?

— Hum? — Encarou a mais velha com o cenho franzido, não sabendo de onde tinha vindo essa.

— Will disse que você usaria as férias para visitar seus pais. Não sei em qual país estão.

— Ah sim. Resolvi adiar a viagem um pouco.

— Camila, se é por minha causa, então eu te expulso daqui.

— Não seja boba.

— É serio!

— Relaxa mulher! Só não é um bom momento para eu ir agora.

— Por que não?

— Meus pais estão se divorciando. — Deu de ombros, já era adulta e não fazia sentido surtar com isso. Era o que tinha que ser.

— Sinto muito. Eles estão bem?

— Estão sim! Já não funcionava como antes, e eles não se davam bem mais.

— Então seu pai voltou para Cuba?

—  Sim, mama vai ficar no Brasil com minha avó.

— Mas serio, se você quiser ir, por favor não fique por minha causa. — Camila suspirou, se ajeitando ao lado da mais velha.

— Eu devo isso a você, Lo.

— Não me deve nada!

— Devo sim, eu não devia ter me afastado esse tempo todo.

— Não seja boba, a situação era delicada.

— Se era delicada para mim, imagina para você.

— Não vamos chegar a lugar nenhum aqui, não é?

— Acredito que não, uma mais teimosa que a outra. — Deu de ombros, vistoriando o ultimo curativo que fez. — Seu braço ainda dói?

— Não, estou bem. — Camila deitou a cabeça no ombro bom de Lauren e assim passaram longos minutos, encarando o nada, no silêncio. Mas o silêncio nunca foi um desconforto para elas, não quando estavam só.

— É impossível assistir algo com você, Lauren. — Camila reclamou mais tarde, quando resolveram assistir um filme, e para a infelicidade de Lauren, era a vez de Camila escolher.

— Mas eu nem fiz nada.

— Não para de falar, isso não é futebol para ter comentarista.

— Não seja rude, só estava ressaltando alguns pontos do filme. — Deu de ombros.

— Só fez isso porque não queria assistir.

— Deixei claro que não queria desde o começo, você que me obrigou. Agora aguenta!

— Chata!

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