𝙷𝚘𝚠 𝙳𝚘𝚠𝚜 𝚝𝚑𝚎 𝙿𝚜𝚢𝚌𝚑𝚘 𝙼𝚒𝚗𝚍 𝚆𝚘𝚛𝚔

Bad Boy

Jungkook's P.O.V

Serial killer é uma expressão em inglês que significa "assassino em série", na tradução para a língua portuguesa.

A principal característica de um serial killer é a sequência de assassinatos que comete, seguindo, por norma, um determinado roteiro estabelecido, assim como uma "assinatura", que caracteriza o seu crime.

O que foi aquilo? Ouvi, vi algo. Onde ele foi? Onde está? Por que está fugindo? Não precisa fugir, seja lá o que for. Eu vou cuidar bem dele.

Levanto e vou mancando até a janela; ainda não me recuperei da facada na panturrilha. É um pássaro. Idiota. É um pássaro idiota. Ele vai sujar sua janela. Pegue-o e leve-o para outro lugar. Pego o pássaro com as duas mãos e ando com ele até a janela do outro lado da sala. No caminho, preciso passar algumas vezes a língua pelos lábios para umidece-los.

Aperto o pássaro em minhas mãos. Por que ele tenta fugir? Tenho um sorriso tão fofo, tão receptivo e mãos tão quentes. Qual seria o motivo para fugir? Não lhe fiz mal algum.

Ele continua a tentar fugir. Puxo silenciosamente a faca de dentro da calça, não quero assusta-lo, e corto algumas de suas belas penas. Por que elas têm que ser coloridas? Por que não cinza? Por que verde? Como elas ficam roxas? Por que não brancas? Eu amo branco. E cinza. E preto. Mas nada me apetece mais que rubro.

De acordo com a psicologia, os serial killers apresentam perfis psicopatológicos, ou seja, são indivíduos clinicamente perversos e com graves distúrbios mentais.

Por que eles permanecem sempre tão quietos? Aquela garota ruiva, tentei chamá-la aquele dia, mas ela não me respondeu...

- Você sabe o porquê? Sabe? Por que eles fogem de mim? — Solto o pássaro agora um pouco mais tranquilo no parapeito da janela e acaricio suas penas — Porque eles dizem que eu sou mau. Dizem que eu sou muito mau, e que vou pagar pelo que fiz. Mas, o que eu fiz? Do que eles estavam falando? Você sabe, pássaro? Sabe do que estavam falando? Conte-me, por favor. Vou adorar te ouvir — baixo o rosto a seu lado, levando minha orelha até perto de sua cabeça asquerosa enquanto sorrio.

- Você foi mau, Jungkook. Foi muito mau. Você os matou. Por que fez isso? Por que os matou? O que lhe fizeram, digo, por que mereceram tal fim? — Rio de sua resposta enquanto acaricio sua cabeça.

- Pobre inocente pássaro... Não entende de nada ainda. Eu tenho meus motivos. Aliás, eu gosto muito de desenhar. Meus amigos. Quer ver? — Levanto, coloco-o sobre meu ombro e ando até meu quarto.

Paro na frente da porta, esqueci-me de mamãe. Ela deve estar dormindo. Não faça barulho, Jungkook. Vai acorda-la. Pouso o indicador sob os lábios, pedindo silêncio ao pássaro no meu ombro.

- Por favor, fique quieto. Mamãe está dormindo, e ela não quer ser perturbada. — Abro a porta e entro no quarto, fazendo o mínimo possível de barulho.

Meus desenhos estão colados por todo o quarto. Nas paredes, acima da cama, na própria cama, nas cortinas, nas janelas, estampam o lixeiro e a parte de trás da porta do meu quarto. Solto o pássaro na mesa, ao lado da xícara de café, agora frio.

- Aqui, olhe! Essa é a ruiva de quem lhe contei. Cuidado, seus cabelos queimam. Você pode se machucar se não tomar cuidado.

Alexitimia

Incapacidade ou dificuldade excessiva para descrever, para verbalizar os próprios sentimentos, sensações, emoções.

Quem deixou a torneira do banheiro aberto? Fecho bem a torneira, até que cesse o pingar das gotinhas no ralo da pia. Mas o barulho continua. Por que continua? Eu já fechei a torneira. Qual o problema deste banheiro? Sinto as gotas pingando atrás das minhas costas. Provavelmente uma infiltração no teto. Não gosto de infiltrações. Ergo o rosto e me deparo com o motivo da minha enxaqueca.

A goteira no teto.

Pinga.

Pinga de novo.

Cai mais uma vez.

A medida que as gotas caem, sinto meu sangue subir fervendo no sentido contrário. Mas, já que nada aqui é certo, e se estiver descendo, e não subindo? E se a goteira estiver no chão, e não no teto? Tudo à minha volta vira de cabeça para baixo. Não consigo evitar o riso quando vejo a goteira pingando da frente dos meus pés, e caindo ao lado da lâmpada. Torço para que uma das gotas infiltra-se na fiação.

O barulho de algo caindo no chão chama minha atenção de volta para o quarto. Fecho a cara e estalo o pescoço. Não quero bagunça no meu quarto.

- Quem foi que fez isso?! Foi você? Por quê? Por que me odeias? Eu gostava de você, sua falsa! — Meu mundo cai e gira. Me desequilibro, zonzo, caindo pelos cantos.

- Mau! Muito mau! É, Jungkook! Mau! Você é mau... Por que você é mau? O que é mau? Por que "mau?" Eu não quero ser mau... Eu quero ser... Eu... Sem que me digam se sou mau ou não...

Tudo volta a girar no quarto. A janela bate loucamente e a cortina entra e sai a medida que o vento muda de direção.

- Mau. Eu não fui mau. Foi você. Menino mau. Mau. Mau... Mau... — Sentado no canto do quarto, aperto minha cabeça contra a parede gélida, tentando amenizar a dor.

- Foi você... Você fez isso... Por que fez isso? O que eu te fiz? Você sequer sabe o que é ser mau! — Levanto enfurecido, pego a pomba com as mãos trêmulas e a solto do lado de fora da janela. Ela tem asas. Se não for burra, vai voar.
Ou ela vai cair.

E você sabe o que vai ter lá?

Vai ter sangue.

Vai ter o sangue dela.

Só o dela.

Não o seu.

Mas, e quando você for a pomba? Quem vai te empurrar? Você quer empurrar ou ser empurrada? Eu não sou burro. Não sou. Não vou ser empurrado. Nunca. Não vão me pegar. Eles são maus, e eles não vão me pegar. Por que pegariam? Afinal, eu sou apenas... Eu.