Domingo, 10 março 2013
Fiquei em casa a tarde inteira jogando meu jogo favorito, como sempre. Meus pais fizeram churrasco e convidaram a família, mas me tranquei no quarto assim que tio Roger chegou. Quando ele e meu pai se juntam para falar mal de mim...nem gosto de pensar.
Era sempre assim nos domingos. Eles bebiam, todo mundo vomitava pela casa, minha irmã chorava, meus país brigavam e a noite eles transavam como se nada tivesse acontecido. Era até meio constrangedor de vez em quando, (quando os vizinhos chamam a polícia principalmente), mas já tinha me acostumado.
No meio da noite, quando meus parentes já estavam quase indo embora e tio Roger ainda estava jogado no nosso sofá, ia na casa de Danilo e seguimos até Matheus. Eramos amigos desde pequenos. E fazíamos o mesmo ritual.
Domingo, Churrasco, Videogames.
Nossos jogos favoritos eram basicamente GTA. Mas por algum motivo esse dia jogamos um Playstation antigo do pai de Matheus. Os jogos eram em cartucho, jogamos Sonic por umas 2 horas.
Depois voltamos a jogar GTA, até a mãe de Matheus reclamar - o que normalmente acontecia. Aí ela nos expulsava, literalmente. E íamos, os três, para uma Lan house.
Todos os domingos eram assim, os mesmos, desde sempre. Então não desconfiamos de nada. Nem da mulher que nos atendeu, nem do nerd estranho que começou a falar com a gente, e muito menos do carro com os faróis ligados.
Mesmo se tivéssemos desconfiado, não podíamos mudar nada.
- Usa esse código aqui dá pra raquear todo o sistema e bloquear o outro jogador - o nerd disse mostrando uma sequência de números e letras que ele tinha em um caderno. Danilo digitou tudo como um menino obediente.
De repente, a tela do computador mudou de cor. O nerd fechou o caderno e o enfiou dentro da bolsa.
- Então gente... tá tarde, deu minha minha hora.
Matheus, Danilo e eu nos entre olhamos.
- Eu também tenho que ir!!
Pagamos a atendente e corremos. Lembro de ter olhado para trás, a mulher sorria, parecia desconfiada e, ao mesmo tempo, parecia que não se importava.
A casa do nerd era duas quadras a cima.
Nós fomos comer lanche e ficamos sentados em umas mesas perto do food truck .
Eu tive uma sensação estranha. Olhei para trás, do outro lado da rua tinha um carro preto, os vidros eram escuros, mas o farol estava aceso... Dei de ombros e continuei comendo meu cachorro quente.
Depois de terminarmos fomos devagar para casa. Morávamos uns 4 quarteirões de diferença cada. A minha casa era a mais longe.
Quando cheguei percebi que a porta da frente estava arrombada. Corri pra dentro. Olhei em volta em choque, o carpete novo estava manchado de sangue. Sangue, uma grande possa. Procurei pela minha irmã, ela não estava no quarto dela. Tio Roger não estava, meus pais não estavam. Deduzi que possivelmente estariam na delegacia. Briga de família. Mais uma pra variar.
Saí e fui atrás deles, quando abri o portão dei de cara com um Danilo chorão.
- Meus pais...a casa.... - ele gaguejava ao falar. Logo depois Matheus apareceu na esquina. Fomos até ele.
- Meus pais estão na casa de um de vocês?
Negamos com a cabeça.
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O Psicopata e a Suicida
RomanceEra um domingo comum, uma noite bonita. Quando eu vi morrer todos que eu amava. Só uma dessas pessoas sobreviveu. Hoje eu vivo por ela, tudo que faço é por ela, morreria por ela, mataria por ela. Eu a ensinarei a viver por si só, a ensinarei...