Cap. 20 - Estrada de pedra

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"Há uma estrada de pedra que passa na fazenda. É teu destino. É tua senda. Onde nascem tuas canções. As tempestades do tempo que marcam tua história, fogo que queima na memória... e acende os corações. Sim, dos teus pés na terra nascem flores. A tua voz macia aplaca as dores, espalha cores vivas pelo ar. Sim, dos teus olhos saem Cachoeira, sete lagoas, mel e brincadeiras, espumas, ondas, águas do teu mar."
Isso é tão Solange!




















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"Summer..." Yara chamou. Eu olhei para ela. "Faz três horas que você está aqui sentada. Eu trouxe essa água e essa sanduíche para você." Ela me entrega, eu nego. "Vamos lá. Não está em condições de negar nada. Você está grávida, não pense em seu orgulho. Pense que está comendo por dois. Eu trouxe uma sanduíche vegetariana." Ela diz e eu assinto recebendo o lanche. Logo abri-o e comi com fome. "Você estava mesmo com fome não é?" Ela pergunta e eu assinto. Depois de alguns segundos ela volta a perguntar: "Cadê o pai dela? Da sua filha?" Ela pergunta. Eu queria poder ser arrogante e responder que não era do seu interesse. Mas ela havia me ajudado. Eu não o faria. Não tinha esse direito.

"Ele... Está chegando. Tivemos alguns problemas na fazenda onde morávamos. Mas ele disse que poderia me encontrar aqui." Disse. "Eu vou esperar por ele aqui." Ela assentiu.

"Mas... Quando foi a última vez que o viu?" Ela pergunta e eu olho triste para ela. "Não quero ser indelicada Summer... Mas sabe... Você está aqui a tempo suficiente. Estou realmente preocupada com você." Ela disse. Eu assenti. "E se... E se ele não vier? Como tem tanta certeza que ele vai aparecer?"

"Porque ele prometeu que voltaria. E eu prometi que esperaria." Disse olhando para ela. Minha visão fica turva, avisando fielmente que meus olhos encheram-se de lágrimas.

Ele prometeu.

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Se apaixonar inteiramente pela terra que você nasce é algo, de facto, comprometedor.
Nosso destino era no oeste, onde as fazendas mais ricas em plantas ficavam. Lá, não havia estrada de cimento. A estrada de pedra nos guiaria. Saberíamos o quão perto estaríamos do lugar, quando parássemos de ouvir os carros e ouvíssemos apenas as folhas secas, caindo e chacoalhando entre elas em suas médias árvores.

Quando o vento batesse, fresco e puro, em nossos rostos e as cores do lugar nos preenchessem. Nos fazendo perdoar e ser perdoados.
Não era atoa que chamavam aquele lugar de paraíso.

Já estávamos em Houston-Texas. Estávamos pedalando, em direção à Paraíso: fazenda de minha mãe.

Era pobre em construção. Não tinha luxos, mesmo sendo grande. Mas era rica em cores, e carregava boas vibrações. As cadeiras de balanço, o pequeno lago lá ao lado da rede nas árvores, o pequeno campo de uvas e o pequeno jardim... Tudo nela me trazia lembranças da minha mãe. Tudo nela, me fazia acreditar que... Não nasci para viver em uma cidade. Eu seria feliz aqui. Com Jake.

"Tem certeza que não estamos perdidos, Sol?" Jake disse ofegante, atrás de mim. Eu sorri.

"Eu conheço esse lugar Jake. O caminho para a fazenda é no meio de algumas árvores, na estrada de pedra. Vamos encontrá-la!" Disse alegre. Entrei no matagal, onde haviam alguns animais herbívoros. E logo encontrei a estrada de pedra. A linda estrada de pedra que em breve desapareceria, sendo engolida pela grama fresca e pelas flores. A fazenda se tornaria uma lenda, da feliz família, com não tão feliz final.

Pedalava agora com menos velocidade, já que qualquer obstáculo poderia me fazer cair.
As árvores estavam reduzindo, e as flores aumentando. O cheiro do lugar havia sido envasado pelo aroma das flores que minha mãe plantava. Eu prestei atenção a cada pequeno detalhe. Fazendo elas serem especiais para mim. Guardando o seu cheiro, e sua cor para sempre.

Quando parei de pedalar e saí da bicicleta.. Eu sabia que havia chegado em minha verdadeira casa. De onde nunca devia ter saído.

"Nossa... É... Lindo." Jake falou, olhando o lindo e antigo lugar. Ele apreciava com atenção o lugar e várias vezes inspirava o ar com força. Sentindo-o, puro e fresco.

"É aqui Jake." Disse e olhei o antigo lugar. Que em cada pequeno canto, escondia grandes segredos. "Podemos finalmente sentar. Porque chegamos onde queríamos chegar."

"Sol... Eu vou fazer questão da gente ter tudo. Viveremos aqui. Para sempre." Ele disse. Eu sorri e olhei para minha mão, que com seu toque, aqueceu-se imediatamente.

"É o maior recomeço da história feito por dois adolescentes." Disse e sorri.

"Bem... Eu farei dezoito mês que vem. Então... Espero que não seja acusado de rapto." Ele disse e eu ri fraco, virando-me para ele.

"Você acha mesmo que vou deixar alguma coisa acontecer com você?" Perguntei. Estava farta de saber que no nosso meio, eu talvez seria a mais fraca. Mas nunca admitiria isso a ele.

"E você acha mesmo que vou deixar alguma coisa acontecer com você?" Ele perguntou. Eu sorri olhando-o. Apreciando-o. E secretamente, fanatizando-o.

"Bem... Nunca vou permitir nada acontecer com você. Pelo menos não comigo vendo." Disse. Ele sorriu. "Talvez seja tarde mas... Estou começando a sentir algo por você Jacob Moon. E eu espero que nunca aconteça nada de mal com a gente, não sei se suportaria ficar sozinha, uma vez que já me apeguei tanto..." Disse olhando para baixo. Ele segurou em meu queixo, levantou minha cabeça, e deixou um selinho macio e agradavelmente motivador em meus lábios.

"Mesmo que eu diga, na raiva, que não te ame... Eu te amo. Mesmo que algum dia faça de tudo para te magoar... Eu me importarei sempre com você. Mesmo que vá embora... Eu vou sempre querer ficar. Você é a melhor coisa que me aconteceu. E continuará sendo. Não importa o que aconteça. Algo me diz que se algum dia partir, eu voltarei. Você não vai se livrar de mim tão fácil Sol. E aprenda: isso que você sente, por mais confuso que seja para você, vai se transformar. E eu torço para que chegue perto do que você me faz sentir. É tão assustador, que rio sozinho quando penso no que sinto por você. Você fode com tudo aqui dentro." Ele disse e colocou a minha mão em seu peito. "Eu vou te proteger. E você vai me proteger. Chegamos Sol. Estamos no nosso pequeno paraíso. E eu te amo por isso." Eu sorri emocionada. "Voltarei sempre para você. Eu prometo."

"E eu... Esperarei sempre por você. Eu prometo." Disse e o abracei. Apertado. Ele dava beijos calorosos no topo de minha cabeça e me acariciava.

Ele sabia falar de seus sentimentos. Jake aparentava ser frio e distante, mas de perto.. era doce e sentimental. Tudo nele era interessante e surpreendente. Eu me apaixonaria cada dia mais por ele. Ele havia criado aquele sentimento, não foi algo repentino que mexeu comigo como em todos os clichês que vi. Eu me alimentei desse sentimento. E vi ele se transformar aos poucos em alguém que seria tudo.

Eu amaria Jake. Trocaria qualquer coisa para ficar com ele.

Abriria a mão de tudo para segui-lo, por onde quer que ele fosse. Pois por mais que tivesse tudo, sem ele não teria nada.



























[...]

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