Cap. 24 - A primeira melodia.

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"Estou orgulhoso de nós."
Jacob Moon em Isso é tão Solange!











1995

"Então... Seu nome... Summer... é da sua mãe?" Yara perguntou. Sol pensou brevemente antes de assentir. "Porque você mudou de nome então?" Suspirou. Era difícil e fácil de responder aquela pergunta. Sentiu uma pontada na barriga, o que lhe faz segurar no lugar e apertar os olhos com força.

"Porque... Era necessário." Disse. "Eu sempre serei a Solange. Mas... Summer é minha nova identidade. Eu precisava."

"Summer..." Yara diz. "É um belo nome." Ela diz e Sol sorri. "Sua mãe devia ficar orgulhosa de ter uma filha como você." Ela disse e Sol ri fraco.

"Grávida? Não acho." Disse rindo. "Ela seria compreensiva. Isso não posso negar. Mas não estaria orgulhosa. Ela sofreria em silêncio, por mim. A mente dela fazia muito barulho. Mas ela não. Era calada."

"E seu namorado?" Ela pergunta, tocando no assunto de Jake novamente. "Ele fugiu porquê?" Ela pergunta. "Você não precisa me contar! Se não quiser!"

"É uma... longa história." Disse. Yara sorriu. "Mas presumo que você não vai embora tão cedo. Tal como eu." Sol suspirou. Ela não gostava de lembrar. Mas com certeza, Yara não iria embora agora.

"Não seria capaz de deixar você aqui sozinha." Ela diz. "Tal como não seria capaz de deixar minha filha grávida e sozinha." Ela diz. "Você é livre de cometer erros. Você não parece ser uma mulher mais velha. Não parece ter idade para engravidar. Mas eu não te critiquei, nem julguei. Por isso estou aqui até agora." Ela diz e Sol assente.

"Eu tenho dezassete anos." Disse. "E não me sinto mal por estar grávida."

"Isso é bom. É bom que você agora pense assim. Você será uma mãe incrível." Ela diz. "Mesmo que o pai não queira saber do seu filho." Ela diz.

"Ele quer, Yara." Sol disse sorrindo. "Eu sei que ele quer. Quem não queria... Era eu."




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2 meses depois



Abro os olhos. O braço de Jake fazia peso em minha barriga, o que me fez sentar na cama tonta e segurar em meu estômago.

Depois de vestir a camiseta preta de Jake, levantei da cama e caminhei angustiada e enjoada até o balcão da cozinha.

Meu estômago dava voltas e dava a sensação de estar sendo empurrado para cima. Eu apoio minhas mãos no balcão e estico meus braços. Respirando fundo e bebendo a água que havia deixado mais cedo. A sensação ruim não havia passado, eu pensava em soluções pouco prováveis e um pouco desesperadas. Seria o segundo dia que sentiria náuseas a esse ponto.

Seria fome?

Caminho até o fogão e tiro um pedaço de bolo que Jake havia feito no dia anterior. A maciez do bolo e o cheiro do mesmo, fez meu peito se fechar e sentir um líquido subir pelo meu estômago. Corro até o caixote de lixo prateado e jogo para fora todo o almoço. Me sentindo um pouco mais aliviada. Sento no chão, ao lado do caixote, respiro fundo de olhos fechados e depois me levanto. Encho o copo com água mais uma vez e bebo em dois goles grandes toda a água. Buscando alívio e algum conforto. Conseguindo.

Continuo respirando fundo, até sentir o toque quente da mão de Jake em minha cintura. Ele beija meu ombro e pergunta: "O que foi? Tá se sentindo bem?"

"Não. Mas tá tudo bem. Já já passa. É só um mal estar." Disse. Ele me virou de frente para ele.

"Mas você está assim desde ontem." Ele diz e eu olho curiosa. "Você acha que não reparei?" Ele perguntou levantando as sobrancelhas e eu sorri fraco.

"Pode ser o probleminha mensal que vai chegar." Digo e ele assente. "Já devia."

"Você ainda-?"

"Não." Interrompo-o, olho para o lado e depois para ele. "Mas isso é normal. Minha ginecologista disse isso." Disse e ele torceu o nariz.

"A quanto tempo você está atrasada?" Ele pergunta e senta na cadeira ao lado. Eu engulo a seco.

"Uh.. Dois." Digo. Ele arregala os olhos e levanta para me beijar.

"A gente precisa saber." Ele diz depois de quebrar o beijo e eu assinto.

"Eu sei. Mas..." Digo angustiada.

"Sol..." Ele diz e cola sua testa na minha. "Se for mesmo o que a gente ta pensando... Você nunca mais vai se livrar de mim. Nunca." Ele diz sorrindo e eu beijo-o novamente.

[...]

"Olá Solange!" Dona Lea diz entrando no quarto e eu sorrio nervosa para ela.

Dona Lea foi a parteira responsável pela minha vida. E é meio estranho ser ela a pessoa que vai responder se estou grávida.

"Vamos começar?" Ela perguntou e eu sentei na cama.

Ela pressionou os dedos na região de meu ventre, depois me fez algumas perguntas sobre meus peitos e sobre a sensibilidade que ganharam nos últimos dias.

"É..." Lea falou. "É especial ver a garota que assisti nascer produzindo outra vida." Ela disse. A angústia que existia em meu peito se desfez quando vi Jake empurrar seu cabelo para trás com sua mão direita, vindo em minha direção para me abraçar. "Seguramente você está grávida Sol. Parabéns!" Ela diz e sinto as lágrimas de Jake molhar a camiseta que usava.

Depois de me dizer o que podia e não podia comer, Lea partiu e prometeu voltar em breve.
Não que eu comesse outra coisa alguém de verduras, legumes e frutas... Em excessão de alguns enlatados que, agora com Jake em casa, tive que me acostumar.

Jake a acompanhou até a porta.

Levanto da cama e olho meu reflexo no espelho.

"Dezasseis anos..." Digo baixo. Jake aparece atrás de mim e me abraça por trás.

Eu olhava para o nosso reflexo, agora suas mãos estavam entrelaçadas às minhas, perto da região do meu ventre. Estaríamos agora ligados por uma força maior que nós.

"Eu sei que você tá com medo. Eu também estou." Ele diz. "Mas tudo passa quando olho para você. Quando percebo que você virou a mulher mais importante da minha vida. Quando observo você ser corajosa. Quando é dramática. Quando é linda. E até insistente..." Ele diz e beija o meu ombro. "Eu te amo. Amo você por me dar uma família. Uma verdadeira. Amo você por me fazer sentir coisas que não pensei que fosse sentir. Sol... Você me faz feliz." Ele diz e eu viro para ele para o abraçar e o beijar. "Enquanto eu estiver vivo... Vou te amar. Você e nosso futuro filho."

"Obrigada Jake. Por existir." Digo e o abraço novamente.

"Vamos criá-lo Sol. Vamos fazer nossa família acontecer!" Ele diz e eu beijo o seu pescoço.

Eu não deveria... Mas eu ainda tinha medo. Medo do que estava vindo.
E eu deveria.












[...]

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