Ele é meu

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Eu nunca quis aquilo para mim, mas eu acabei nisso, mesmo contra todas as possibilidades e meus desejos. Eu estava naquilo, contra a minha vontade, mas não havia outro para fazer por mim e acabou daquele jeito.

Minha avó morreu e eu assumi todos os negócios. Terminou assim... Assim...

Eu, era a única pessoa, a única...

Voltei para Seul, voltei para a OMMP, voltei para meu lugar de direito.

E eu me sentia uma panela de pressão prestes a explodir.

Não pelos negócios, porque esses eu lidava sem dificuldades, mas porque eu tinha um temperamento difícil e agora estava aprisionado pelo terno, gravata e paredes, dia e noite.

Então, naquela noite em que sai dirigindo mais rápido do que as estradas permitiam, necessitando de um pouco de ar, de liberdade, de esfriar a cabeça e eu terminei lá, naquele bar de beira de estrada, na mesa do canto, com uma cerveja barata em uma mão e o broche da família rolando entre os dedos, na outra mão.

Foi quando eu o vi pela primeira vez.

Entrando no pequeno palco, com um violão na mão e um sorriso sem graça no rosto. Os jeans rasgados e a camisa xadrez davam a ele um ar de moleque, mas eu não precisei de um minuto inteiro para saber que ele era mais velho do que parecia.

Quando ele se sentou no banquinho simples e abriu a boca, eu soube.

Era ele, seria sempre ele e quando nossos olhos se cruzaram eu senti que ele sentiu.

Era algo inexplicável e estava lá, naquele bar velho e quase vazio, entre nós.

Estava lá.

Ele era meu e seria meu para sempre.

Mas ele era um comum e eu pertencia a outro universo. Ao mundo de donos e pets.

Para nós, que nascemos nesse mundo, não o vemos como uma sociedade secreta, vemos apenas como OMMP. Uma organização mundial. Mas aos olhos de estrangeiros, seria uma sociedade difícil de explicar, difícil de digerir.

Então eu pensei em usar aquela química explosiva entre nós como primeiro passo, a isca, o cheque antes do mate. Eu fui atrás dele como um tubarão atrás de sangue.

Implacável.

Eu estava bêbado por aquela voz, por aquele olhar, pelo sorriso.

Ele me rechaçou aquela noite. E na outra, mas na terceira eu entrei no estreito camarim arrancando a camisa e ficando rente a ele, sabendo que seu olhar ofegante ardia a minha pele.

— Me diga seu nome, e eu te deixo tocar. Você me quer, cantor, e eu ainda não sei o porquê resiste.

E ele, sinceramente eu nem esperava uma resposta, mas ele engoliu em seco e suspirou respondendo por fim, com os olhos baixos:

— Eu sei que você é perigoso, aquela moto, essas roupas, esse olhar, eu... Não quero me machucar de novo.

Eu me curvei sobre ele, puxei seu queixo e disse firme, olhos nos olhos, para que não houvesse uma mínima chance de haver dúvidas:

— Eu sou perigoso, mas não para quem eu amo e eu decidi amar você. Seja meu, e vou garantir que pelo resto da sua vida, ninguém, absolutamente ninguém, vai te machucar outra vez.

— V-você n-nem me c-conhece...

O timbre trêmulo mexeu até com a minha alma e naquele instante, eu faria qualquer coisa só para levá-lo comigo. E eu fiz.

DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora