Cap.2 - A viagem

136 11 6
                                    

Um quarto é mais do que apenas um espaço vazio, é o reflexo de todas as lembranças e momentos que ali foram vividos. Enquanto dou uma última olhada ao redor, certificando-me de não esquecer nada importante, vejo minhas caixas de livros prontas para doação. Não sinto tristeza ao separá-los, pois acredito na importância de compartilhar conhecimento. Imaginar que esses livros serão lidos por outras pessoas, que terão suas próprias experiências e sentimentos ao absorver as palavras escritas, me traz uma mistura de felicidade e curiosidade. Por isso, decidi inserir meu endereço de e-mail nas últimas páginas desses livros mais significativos, convidando os leitores a compartilharem suas vivências comigo. Dessa forma, poderei saber que mais alguém além de mim leu e se importou.

De repente, a voz da minha mãe irrompe pelos meus pensamentos:

"Kevin, acorde! Estamos atrasados!"

Desço as escadas, carregando nos braços a última caixa que sobrou. Uma sensação desconhecida toma conta de mim, uma mistura de melancolia e excitação, pois sei que estou prestes a embarcar em uma nova jornada.

"Estou descendo", respondo, tentando conter as emoções que afloram em meu peito.

Ao chegar à sala de estar, deparo-me com meus pais, prontos para iniciar essa nova fase da nossa vida. Meu pai aponta para a calçada, indicando o local onde as caixas de doação devem ser colocadas, enquanto as demais são cuidadosamente carregadas no caminhão. As malas já estão acomodadas no carro, prontas para seguir viagem.

Assim que finalizamos a arrumação, entramos no carro e partimos em direção à nova escola, deixando para trás nosso antigo lar, repleto de memórias e desejos de um futuro promissor.

................................................................................................................................................................

Era início de agosto e eu estava a caminho da minha nova escola. As estradas estavam um pouco congestionadas hoje, mas era compreensível, afinal, todos estavam retornando das férias.

Enquanto a música tocava nos meus ouvidos, as árvores se transformavam em borrões verdes que rapidamente ficavam para trás, enquanto novas surgiam à minha frente.

"Filho, você quer parar para comer?", perguntou meu pai, interrompendo a trilha sonora que me envolvia, enquanto minha mãe chamava minha atenção para tirar os fones de ouvido.

O som da música foi gradualmente substituído pelas vozes familiares, e eu percebi que havia me desconectado do mundo ao meu redor. Tirei os fones dos ouvidos e olhei para meus pais.

"Não, pai, está tudo bem", respondi, segurando os fones nas mãos. Eu estava imerso na minha própria bolha de introspecção e não tinha muita fome naquele momento.

"Eu acho que seria bom pararmos para comer algo", disse minha mãe, expressando sua preocupação.

"Bem, quem manda é a sua mãe, filho", disse meu pai com um sorriso afetuoso. "Há alguns restaurantes a algumas milhas daqui. Podemos encontrar um lugar tranquilo onde você possa relaxar e aproveitar uma refeição."

Decidimos parar em uma lanchonete peculiar que se destacava como um conglomerado de fast-foods no meio da estrada. A construção, de formato quadrado e pintada de branco, parecia mais um shopping dedicado à gastronomia rápida. Suas paredes de entrada exibiam uma profusão de marcas famosas de fast-food, competindo por atenção e apetite.

Enquanto nos aproximávamos, pude observar a agitação ao redor do local. Vários caminhões e carros estavam estacionados nas imediações, revelando a popularidade daquele ponto de parada. A movimentação de pessoas entrando e saindo da lanchonete criava um zumbido animado, misturado aos aromas tentadores de diferentes cozinhas.

Lisa + Kevin : É apenas uma questão de tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora