O Milagre de um Anjo Apaixonado

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Anjo Caído eu sou,

Sei que tenho um Pai

Mas não O sinto.

Não me acho digno

Já sei das condições de um Caído.

Perdido na vida,

Vagando sem trilha,

Imortal em memória,

Pobre em respostas.

Eu apenas caminho,

Já sei meu infeliz destino,

Minha luz já não brilha como antes.

Minhas asas amorteceram minha queda.

Feridas, sofridas, machucadas.

Meu castigo se chama ‘rajada’.

Milênios atrás, a primeira rajada foi minha queda.

Hoje acho que é minha fúria.

Vivo atormentado...

Eu a criei, ela faz parte de mim.

Então desculpe meu caro,

Se tuas casas pagaram com teus telhados,

Ou por tanto desequilíbrio e desabrigados.

Não me controlo... Mas isto não é uma desculpa!

Sinto muito, por ser triste e não controlar minha alma.

(...)

O vento dos ventos

Foi meu pecado

Minhas asas com ele se dissiparam.

Hoje, o vento é abençoado,

Pois das asas de um anjo se transformaram.

Diferente do que você pensa, não sou um ser amargurado,

Ou arrependido,

Por incrível que pareça...

Esta é uma das coisas que me mantém vivo

Saber que meu castigo,

Talvez tenha um lado positivo,

O vento dos ventos!

Sem tamanha fúria...

É um alívio,

É o primeiro suspiro ao nascer,

O último para conhecer o paraíso,

É a necessidade da vida,

É a respiração acelerada dos apaixonados,

É a busca da calma pelos desesperados,

É o hoje, é o agora, é a vida!

Embora, meu pecado.

Agradeça meu caro, por sua dádiva,

Você respira e vive, respira e morre.

Eu só caminho assistindo,

Há muitos anos esta é minha rotina,

Pois não morro, por não respirar,

Não morro por criar o ar,

Não morro...

(...)

Ver o vento bater em meu rosto,

E saber que esta é minha alma,

E pensar que ela quer encontrar sua casa,

Traz-me um minuto de felicidade.

Apenas um minuto,

Pois lembro de que cai por você

Dei minha alma a você.

Mas de nada adiantou, nosso tempo havia acabado,

Sou um anjo desalmado.

Meu coração foi levado.

Do que adiantava ter uma casa, sem uma família?

Do que adiantava sentir seu cheiro, e presenciar sua ausência?

Do que adiantava eu ter a vida, e você afundar-se na morte?

Do que adiantava eu sem você?

Nada adiantava! Esta é a resposta.

Pulei no abismo,

Porque não suportava a presença da sua ausência.

Eu queria um fim,

Queria sentir a dor, porque doía,

Mesmo eu, incapaz de tais sentimentos,

Implorei por sentir, queria ser digno a você.

Mas impossível um anjo sentir,

Desejava viver, sentir, respirar,

Muitas foram às tentativas para o ar no meu peito conseguir adentrar.

Ou até mesmo sufocar.

Mas nada...

Acho que entendo meu castigo,

Busquei cegamente um ar,

Que se encontrava em minha alma, em minhas asas.

Eu não enxerguei isto,

E... Mesmo eu te dizendo... Não acredito!

Posso ser a vida em seus pulmões,

Mas minha alma, não foi minha vida,

Minha alma foi-se junto com você,

Levou nossos corações

E como o vento se dissipou ao mundo.

Tornando-se pura por nosso amor,

Invisível por nosso segredo,

Necessário como nosso desejo.

Você me tornou mais humano,

Mas não menos glorioso, mas espirituoso.

Mesmo no impossível de nosso amor,

Eu te amei...

Mesmo na sua ausência,

Eu te desejei...

Mesmo sem minha alma,

Eu te senti,

Mesmo sem respostas, pobre, um andarilho na vida,

Eu caminhei por você, para você, e com você.

Mesmo imortal no passado,

Imortal no presente,

Meu futuro é querer você.

Sentimentos EscritosOnde histórias criam vida. Descubra agora