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Há um mês da minha mudança pra Seul e ainda sinto que estou sendo observada enquanto caminho do serviço pra casa às 22h.

"Eu devia ter ficado no Canadá, agora tô paranóica e tudo culpa da minha mãe!"

Caminhei até meu apartamento o mais rápido que pude, como todos os dias fazia por conta dessa sensação de vigilância. Antes de abrir o portão dei uma olhada ao meu redor, as ruas vazias e com pouca iluminação, o vento gelado trazia uma sensação de filme de terror, não vi nada além de um gato de rua, balancei a cabeça para afastar as paranóias e entrei.
Eu só precisava de um bom banho e descanso.
...

Me afundei na água morna da banheira e apenas relaxei por longos minutos com os olhos fechados até me assustar com um barulho na janela do lado de fora, no quarto, sai da banheira já me enrolando na toalha e indo em direção a porta extremamente receosa, respirei fundo antes de abrir a porta do banheiro e analisar o quarto...Nada, olhei a janela e estava aberta...

Na janela olhei os outros grandes prédios ao redor do meu, tudo como sempre...ou não... olhando bem pude ver alguém num apartamento do prédio vizinho, um andar acima do meu, era um homem, sentado na varanda meio escura, com cabelos pretos bagunçados, uma máscara cobrindo a boca e o nariz, e o braço coberto de tatuagens. Mesmo com pouca iluminação sabia que seus olhos estavam em mim...

"É óbvio, você está quase nua na janela Vallentina."

Fechei a janela e a cortina furiosa comigo mesma.

-Eu mereço o prêmio de burra do ano, inacreditável...Quem fica de toalha na janela encarando um vizinho? Eu!

Eu estava cansada, o dia foi longo e o fato de ainda não ter me adaptado bem a cidade estava me deixando estressada.

"As coisas vão melhorar, tenho certeza disso!"

Era difícil acreditar em mim mesma, mas queria ser otimista.
...

Meu pai morreu quando eu ainda era nova, tinha 16 anos. Dois anos depois minha mãe casou com Alexandre, um empresário bem sucedido. Minha mãe o conheceu ao ser contratada como sua secretária. Ele sempre foi fechado com todos, me dava medo, minha mãe e ele sempre foram formais demais um com o outro perto de mim, quase como sócios em uma reunião. Minha mãe nunca foi muito próxima de mim também e isso somado à chegada de Alexandre em nossas vidas resultou em menos proximidade ainda. Foi então que com 19 anos decidi correr atrás da minha independência e enfrentar o mundo por mim mesma. Fui morar sozinha, trabalhando em uma lanchonete consegui me bancar por pouco mais de um ano, até ser demitida, a lanchonete fechou pois os donos se mudariam. Voltei pra mansão de Alexandre, onde fomos morar depois que minha mãe se casou com ele.

Flashback on
-Que tal ir pra Seul? Alexandre tem uma filial lá e pode te colocar pra trabalhar em algo importante, assim vai se ocupar com alguma coisa.
-Porque quer tanto me mandar pra fora mãe?
-Vai ser melhor pra todos Vallentina!
-Pra todos ou pra você?
-Você prefere ficar parada aqui, sem fazer nada da vida ao invés de crescer?
-Ele tem empresa aqui, pode me colocar pra trabalhar na matriz se quiser.
-Tudo é questão de esforço, a matriz é alta demais para uma jovem inexperiente. Ir pra fora, mudar as amizades e conhecer um país e uma cultura nova podem te fazer bem!-fiquei furiosa pela forma como ela falava, tão tranquila e decidida a se livrar de mim.
-Tá certo, eu vou, mas vou ficar na empresa dele por pouco tempo até conseguir outro emprego. Quanto menos eu depender de vocês melhor será!

Flashback off

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War Zone •(Jogo De Conquista)•Onde histórias criam vida. Descubra agora