Seis da manhã, despertador toca, e típico de sempre ele demora para desligar, ainda tonto da noite anterior(na qual ele não se lembra) tenta ficar sentado na cama, ainda confuso e com uma tremenda dor de cabeça olha para o chão, com latas de cerveja pelo chão e muita sujeira espalhada, situação essa que ele vive faz um tempo mas não lembra.
—Okay...vamos com calma...—rsmungou ele—que dia é hoje?
—Você já está acordado? Disse uma voz feminina saindo do banheiro.
—É...mas não sei se a minha mente já acordou.
—Não sabia que você acorda tão cedo. Falou uma mulher loira saindo do banheiro e ficando na porta do quarto.
—Nem eu, que dia é hoje?
—Segunda.
John foi até a escrivaninha e pegou seu bloco de notas(coisa mais preciosa para ele) abrindo na última página escrita e logo após colocou a mão na cabeça com preocupação.
—Você tinha me pedido pra ir embora antes de acordar—falou a mulher— Pq?
— Eu não gosto de lembrar da noite anterior....entao...Pq ainda ta aqui? Disse ele muito sério.
—Não achei que estava falando sério.
—Aham...pois agora sabe... então saia por favor, não vou pedir de novo—Falou ele já empurrando ela para fora e sem dar tempo dela falar nada— , Não vou ligar de volta e espero que vc tbm não ligue, obrigado.
Vestiu-se com uma blusa azul, uma blusa cinza de mangas longas por baixo, calça jeans e botas (no Missouri atualmente não é necessário) colocou sua bolsa de sempre e entrou dentro do carro, , demorou alguns segundos para ligar o carro, no caminho para o trabalho ele passou em uma cafeteria, comprou um café expresso( de costume)para a viagem e seguiu, parou em um semáforo e olhou alguns alunos andando em direção à escola, olhou fixamente pros alunos e eles perceberem, por um momento, foi muito estranho, mas fingiu beber seu expresso para disfarçar o vexame, não que isso o importasse, mas queria ser discreto, pedido que ele mesmo fez no bloco de notas na noite passada(coisa que só irei explicatais tarde), deixado em letras maiúsculas "ESCOLA AMANHÃ, SER DISCRETO POR FAVOR", pode parecer extremamente estranho, mas era necessário.
Chegando na escola, estacionou o carro e andou até a sala da coordenação, sala na qual já estava acostumado desde pequeno, pindurou o sobretudo e sentou de frente para a janela, após alguns minutos surgiu uma voz familiar.
—Fiquei muito preocupado quando me disseram que você voltaria para cá... Principalmente como professor. disse o diretor da escola
—É bom vê-lo novamente tbm Charles. Retrucou John com ironia.
—Espero que você tenha mudado, se não vamos nos encontrar aqui novamente, Mr Clark.
—Como nos velhos tempos— disse ele se levantando—, mas me diga, Charles...Que turma eu ficarei responsável?
—Terceiro ano, será bom pra você. Deu a risada irônica.
— Que lindo, uma turma inteira de adolescentes de terceiro ano, cheios de tédio e hormônio presos numa sala junto à mim... Será belíssimo. Disse ele já pegando o sobretudo.
— Foi você quem decidiu isso.
— Não, Senhor Charles , você sabe que não. John resmungou.
—Bom...vc precisa ir trabalhar, e pra sua informação, é a sala 15. Retrucou o diretor já saindo da sala.Passou pelos corredores, passando por cada porta, cada armário, até chegar em uma porta conhecida, sim, muito conhecida, a sala 9, ainda lhe dava calafrios, naquela sala foi onde ele quebrou o primeiro osso, no quarto ano as coisas não eram fáceis para John, nada nunca era... Continuou andando e procurando a sala 15, aquele lugar era tão familiar para ele, mas ainda sim era tão diferente, tantas lembranças inacabadas, tantas dores relembradas ...as vezes as lembranças pegando pesado, como um soco no estômago, mas a única opção que nos resta é aguardar e seguir em frente.
Finalmente encontrou a sala 15, a porta estaca trancada por dentro e o vidro tampado, John bateu até alguém abrir, ao entrar na sala viu vários jovens rindo e brincando em cima da mesa do professor.
—A brincadeira deve estar muito boa pra vocês, mas desde já, vocês seguiram brincaram as minhas brincadeiras. Falou já colocando a bolsa em cima da mesa e os alunos já sentando.
—Quantos anos você tem? Uma voz do fundos da sala.
— A minha idade vai interferir na qualidade da aula que vou dar?— Perguntou apontando pra lousa.
—Talvez sim...
—Mesmo que interfira, não vai ser problema meu, e sim, de vocês. Falou interrompemdo a pessoa.
Então uma vozinha surgiu do meio da sala, sutilmente, falando:
—Não sabia que Shakespeare havia voltado dos mortos.
—Quem é que fala com essa voz? Perguntou o professor.
—Quem gostaria de saber? Perguntou uma moça, agora conseguindo localizar a sonoridade.
— Mr Clark, o novo professor de literatura de vocês —disse ele bem empoderado —, e agora vou tentar explicar o que quero...sou ex-aluno desta escola e tenho certa noção de o que fazem ou deixam de fazer, pouco me importa o que vocês fazem, contanto que não matem alguém entre si e não me denunciem, está bom pra mim.
A mesma moça que estava respondeu:—Então o senhor não se importa com nosso bem estar? Que tipo de professor é esse?
—Como...Como é? ... Gaguejou ligeiramente.
— Não vou repetir, Mr Clark—Falou a moça —, não vou combater ignorância com ignorância.
—Problema seu, você não sabe o quanto enobrecedor é ganhar um diálogo bem feito, coisa que provavelmente você jamais vai saber. Disse Mr Clark com uma risadinha irônica no final
Por mais que Mr Clark tivesse terminado a discussão, ficou confuso, já ouviu tantos comentários sobre seus costumes e expressões arrogantes, mas dessa vez pareceu tocar-lhe profundamente o âmago, constrangeu se com o a pergunta da moça... Mas infelizmente durou muito pouco, não passou de instantes essa pequenina reflexão, e retornou a falar sobre a aula e suas 'condições' irresponsáveis, a turma passou a aula em silêncio por causa da mera discussão entre a tal aluna e Mr Clark.
Passou-se o tempo da aula e o sinal havia tocado, todos os alunos saíram apressadamente, logo a sala ficou vazia, John pegou sua bolsa e saiu da sala porém um sutil puxão da manga de sua camisa o fez parar e olhar para trás.
—Desculpa por antes, não quis questionar você, na verdade quis, mas não é este o foco... Disse a mesma garota da sala de aula.
—Sem problemas, eu não me importo. Disse John com uma faísca de ódio profundo.
— Okay... Então Mr Clark, o que gostaria de fazer agora?
— Eu...bom, vou comprar um café, no The Roasterie Cafe, logo terei que ir para casa. John citou já saindo.
—Você não precisa ser formal assim fora de aula, compreende?! A garota disse já o seguindo.
—Desde criança uso vocabulário formal, e me orgulho bastante...Agora, por favor, para de me seguir. Continuou caminhando, agora em direção ao estacionamento e a garota o seguiu.
—Mas não precisa... A garota se apressou e ficou na frente dele.
— Cresci com influências assim, minha família sempre tratavam se com formalidades, acho que isso nos deixava menos unidos, agora o que eu quero mesmo é que você apenas me deixe em paz— Empurrou a garota e continuou andando—, espero que você não me perturbe tanto amanhã.
A garota ficou parada na porta do estacionamento, John saiu com o carro e foi à cafétéria, como já tinha dito que ia fazer, voltou para casa e não estava tão cansado assim, não foi um dia tão cansativo, e sim um dia estressante, aquela garota foi uma incógnita muito grande, John sempre foi a pessoa mais esperta da sala, em literalmente todos os sentidos, nunca alguém lhe tinha respostas programadas para suas 'cutucadas', por isso abusam de força física , é como o mundo funciona, mas na cabeça de John aquela garota acabara de começar uma guerra, por mais que ele tivesse dito que não ligava, estava fervendo de ódio, creio que ninguém gosta de ser desafiado ou confrontado, principalmente ele.*Não consegui postar ontem, Sorry*
OBS: próxima sexta dá certo kkkk
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reflexos
RomanceJá parou pra pensar que o seu passado sempre interfere no seu presente? Sendo ele bom ou ruim ele sempre vai afetar de alguma forma. Na vida de John Clark isso não é diferente, um homem que sempre teve uma vida dolorosa agora vai ter que se acost...