Déjà Vu

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A INCRÍVEL BELEZA DO BIZARRO

Conto 1

Deja Vu

Havia uma imensidão do mundo bem ali naquele quintal e ninguém mais sabia disso. Ele tinha expandido o seu universo e feito de cada pedra um corpo celeste e por aquela galáxia ele fluía em intimidade. A vida é assim, se somos do tamanho do nosso mundo ou do tamanho do mundo a que pertencemos, nada importa para uma criança pois ela sabe que é do seu tamanho e isso é tudo.

Costumava brincar que era uma estrela do rock e num desses dias em que viajava perdido (ao mesmo tempo se encontrando) notou a presença de um círculo de luz discreta, muito parecido com uma marca d'água em 3D na sua realidade ali experimentada. Curiosa como qualquer criança e todo mundo mas sagaz como só ele, Pan (esse era o seu nome) resolveu seguir na direção daquilo que se mostrara porém algo curioso estava por acontecer, quanto mais ele seguia adianta não conseguia se aproximar pois na medida que ele seguia em frente aquele negócio que ele viu parecia se mover imperceptível para trás e como num rompante sem barulho algum, sumiu como se nunca tivesse existido bem diante dos seus olhos.

De personalidade reservada quando se tratava de sua intimidade, ele prefere se calar quanto aquela experiência e nada conta para ninguém. Nem para o seu melhor amigo ele contava aquilo. No decorrer dos próximos dias ele ainda andou a procurar por aquilo que ele nem sequer sabia como chamar.

"Aquela coisa".

Era assim que ele chamava em sua cabeça quando se dispunha a pensar ou a procurar. Seja de cima do pé de frutas que havia no seu quintal, ele subia para ter uma melhor visão do fim do quintal ou então quando subia no montante de areia que havia num canto ou numa enorme pilha de tijolos que ele gostava de pensar que era a sua nave-casa. Nada via seja de um canto ou seja do outro.

Passou-se alguns dias e aquela experiência estava sendo esquecida desconfortavelmente. Desse modo, ele lamentava, pois desejava conhecer mais, conhecer melhor o que era "Aquela coisa". Mas nada mais acontecia. Não naquela proporção de tamanha intensidade e realidade; ele fizera diversos desenhos e aquilo era o máximo que ele conseguia se aproximar.

Era um dia comum como qualquer outro em seu cotidiano. Acordou e foi a casa de uma vizinha para ver seus desenhos animados prediletos. Driblou o seu pai por não gostar das refeições oferecidas no almoço e foi para a escola. Na escola, o mesmo caos de sempre. Uma escola medonha, as amizades, os jogos e as brincadeiras e fim. Voltou para a escola, esteve com os amigos da vizinhança e ali a emoção era intensa. Eles costumavam brincar até altas horas pela rua, a única ameaça que eles tinham eram das lendas urbanas que eles mesmos criavam e quando não se vestiam de delírios de serem heróis e as enfrentavam. Venciam e quando perdiam, venciam também.

Durante a noite enquanto dormia, ele despertou mas ainda assim viu o seu corpo dormir. Logo em seguida viu-se despertar e como se ele seguisse ele mesmo, se deparou com "aquela coisa" porém, dessa vez estava bem minúscula, ao máximo era do tamanho de uma bola de beisebol e ela flutuava no ar em um movimento imensamente discreto e fluía. Ao passo que ele a seguia ela agora sim se movia perceptivelmente em direção a porta do seu quarto e ali ao passo que ela cintilava caminhando pelos ares ela parecia deixar um feixo de luz que se dissolvia rápido como a cauda de uma estrela cadente.

A luz o levou a cozinha e saiu, passando por entre a porta sem precisar abri-la. Ele no entanto teve de abrir a porta, até tentou passar pela porta mas não conseguiu. Abriu a porta e ao sair, a visão que ele teve era estupefata!

Ele viu centenas e milhares de bolhas tipo aquela brilhantes e luminosas a fluírem e flutuarem pelos ares por todos os lugares em intensidade e magia. Ele podia caminhar por elas e elas pareciam dançar ao seu redor em silêncio. Silêncio até que o silêncio fosse quebrado por uma melodia que mais parecia o piano de Debussy em um fim de tarde de verão no litoral do Alabama.

A Incrível Beleza do BizarroWhere stories live. Discover now