Retomada

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A música e o álcool fizeram o tempo passar relativamente rápido. Sentei-me na grama, do lado de fora do salão, juntamente com Alice, entre risadas e as tentativas dela em me contar um caso. Os meninos chegaram em seguida, trazendo mais bebidas e sentaram ao redor. Enquanto Nicholas sentava ao meu lado tive certeza que o que mais queria era deixar minhas férias no passado e abraçar minhas segundas oportunidades.

- Ei, que acha de sairmos daqui? - me perguntou ao pé do ouvido.

- Por favor! - respondi.

Nos levantamos e virei rapidamente para Alice.

- Nos vemos amanhã?

Ela sorriu, feliz em ver que estava tudo de volta ao normal.

- Claro!

Caminhamos de mãos entrelaçadas e esperamos na entrada pelo o carro, que não demorou cinco minutos.
No interior, Nick pediu que o motorista ligasse o aquecedor, e apesar de não estar tão frio achei ótimo.

- Você quer comer alguma coisa? - me perguntou com uma voz calma.

- Milkshake? - olhei pra ele muito feliz.

Ele riu, porque isso era uma tradição nossa e creio que ficou feliz que a retomarmos. Ele avisou o motorista e no caminho até a lanchonete nos olhávamos muito, sentia meu coração palpitar toda vez que ele acariciava meu rosto.

- Senti sua falta. - disse ele sorrindo para mim.

Eu o olhei e fiquei me perguntando por que eu havia sido tão idiota em tê-lo largado. Dei-lhe um beijo contido, por que não estávamos a sós, mas intenso. Rodamos um pouco de carro enquanto Nicholas me contava como tinha sido suas férias depois deu ter ido embora.

- Não sei porque mas acho que meus pais vão se separar. - afirmou, meio cabisbaixo.

- Sério Nick? - Alice não havia comentado nada.

- Brigaram as férias inteiras e ainda ficam agindo como se não percebêssemos. As paredes não são tão grossas assim, sabe?

Fiquei sem saber o que dizer. Meus pais haviam se separado quando eu era bem mais nova e não me recordo muito da época, mas odiava a distância que isso havia criando entre todos nós.

- Às vezes é algo passageiro. Todo casal tem crises. - afirmei.

Ele balançou a cabeça, em um concordar mecânico.
O carro parou, descemos e sentamos no interior da lanchonete, um ao lado do outro, com o braço de Nicholas apoiado no encosto da minha cadeira. A garçonete não demorou.

- Posso lhes ajudar?

- Claro. - Nicholas respondeu rápido. - Dois Milkshakes de Oreo, por favor.

Como sempre fazíamos após as festas. Estava contente que não havia mudado.

- Me conta, como foi lá?

Passei as mãos pelo rosto e apoiei meu queixo nelas.

- Foi terrível Nick. Primeiro que quando cheguei lá, papai nem me buscar no aeroporto foi, me disse que estava em cirurgia e não poderia ir. Tive que pegar um Uber. - eu disse, estarrecida. - No Japão, sem falar japonês. - pontuei.

Ele estava ouvindo atentamente.

- Cheguei na casa e ele disse que estava de plantão, se eu me importava de ir almoçar com ele no hospital!

Eu contava tudo com muita indignação, mesmo sabendo que às vezes estava sendo egoísta.

- Não acredito! - ele respondeu.

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