Amanhecera e eu mal havia dormido, meu celular não parava de notificar mensagens e ligações, então o coloquei o mais longe possível. Meu quarto estava iluminado apenas com uma pequena fresta de luz da cortina, cobri minha cabeça com a coberta, a fim de me esconder dos meus problemas. Por mais que eu tentasse não pensar na noite passada, era inevitável, me sentia enganada pelas pessoas que eu mais amo.
Escutei Consuelo fazer um barulho na porta para abri-la, mas me mantive de olhos fechados e cabeça coberta.- Sua mãe já ligou três vezes, disse que não consegue falar com você!
Tirei a coberta do meu rosto apenas para olhá-la.
- Estou cansada. - avisei com voz rouca, sentia meu queixo tremendo.
Rapidamente me cobri de novo e minhas lágrimas desceram involuntariamente.
Consuelo não insistiu e me deixou sozinha.
Levantei da cama depois de alguns minutos, sem ânimo, e me dirigi ao banheiro a fim de jogar uma água no rosto, mas acabei entrando na banheira. Sentei-me naquela superfície branca e fria, ainda vestia roupas, e encolhi minhas pernas, abraçando-as. Decidi tomar banho e liguei a torneira. Minhas roupas foram se encharcando rapidamente e então me lembrei de tirá-las. A água não estava tão quente e apoiei minha cabeça no encosto, olhando para o teto.
Pensei em um motivo para Nicholas ter mentido sobre algo tão estúpido. Eu não ficaria feliz pelos dois terem ficados juntos, mas entenderia já que eu havia terminado com ele sem muitas explicações. Além disso, Isacc sabia e não me contou. Balancei a cabeça negativamente.
E a cereja do bolo é simplesmente algo completamente diferente: minha mãe teve um caso. Meu estômago embrulhou, eu levantei rapidamente da banheira, esparramando água por todo banheiro, e vomitei no vaso sanitário.
Passei o resto do dia na cama, ignorando meu celular e o telefone de casa. Consuelo insistiu diversas vezes para que eu comesse ou saísse da cama, mas eu não queria. No final da tarde, mais uma vez ouvi baterem na porta, ela não desistia.
- Eu não quero nada Consuelo! - gritei, avisando.
A porta se abriu e a luz se acendeu. Isacc estava no limiar.
- Fui convocado para te tirar da cama. - disse.
Fiz questão de fuzilá-lo com meu olhar. Ficou parado.
- O que foi? - ele parecia legitimamente confuso.
Sentei-me, acomodando o edredom rosa ao redor do meu corpo e os travesseiros atrás das minhas costas. Cruzei os braços e respirei fundo.
- Eu não tenho bola de cristal. - me avisou.
- Já sei que você e Nicholas estavam mentindo pra mim. - fui seca.
Ele não se atingiu, sua feição estava intacta. Entrou por completo no quarto, sentou na poltrona e jogou os pés em cima da cama.
- Só Nicholas. - me corrigiu. - E na verdade, chama-se omitir.
Fiquei chocada com a audácia.
- Você sabia e não me contou! Desde quando vocês são amigos?
Eu estava muito brava, eles nem se gostavam.
- Sou seu amigo. - enfatizou o "seu", como isso como se explicasse tudo.
- Amigos não mentem.
- Não menti para você, estava dando um prazo para o idiota te contar pessoalmente, achei que preferiria ouvir dele que de mim.
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Era você
RomanceLara tenta se encontrar em meio à crise que é sua vida, e na busca por um amor que a consuma, que seja real e único, jamais imaginaria que poderia ser ele...